O diretor administrativo e jurídico da Ferroeste, Samuel Gomes, reassumiu nesta segunda-feira (18), a operação dos 248 quilômetros da ferrovia do Oeste do Paraná (Ferroeste). A medida, amparada em sentença do juiz Rosaldo Elias Pacaganan da 3ª Vara Cível de Cascavel, representa o fim da concessão promovida pelo governo Jaime Lerner em 1996.
“Este é um momento histórico para a população do nosso Estado”, destacou Samuel Gomes, ao cruzar os portões do terminal de embarque de Cascavel. A sentença, publicada na tarde de sexta-feira (15), é resultado de uma decisão política do governador Roberto Requião.
Ao assumir a administração do Estado em 2003, Requião nomeou o advogado Samuel Gomes na diretoria da Ferroeste e determinou todos os esforços para a devolução da ferrovia ao povo do Paraná, a exemplo do que ocorreu com a Sanepar e a Copel – companhias de saneamento básico e energia elétrica.
A ferrovia que liga Cascavel à Guarapuava foi construída durante o primeiro mandato do governador Roberto Requião, no período de 1991 a 1994, através de uma parceria do Governo do Paraná com o Exército Brasileiro, ao custo de US$ 363 milhões – recursos exclusivos do Estado.
Projetada para escoar a produção agrícola da região Oeste até o Porto de Paranaguá, a Ferroeste foi leiloada em 1996 e passou a ser administrada por um grupo privado, vencedor da licitação. Atualmente, a ferrovia transporta, em média, 3,5 mil toneladas ao dia em 75 vagões.
Nos cerca de 10 anos da concessão, a empresa deixou de cumprir uma série de cláusulas contratuais, comprometendo a qualidade do serviço. O acordo previa, conforme Samuel Gomes, uma expansão física para 732 vagões e pelo menos 60 locomotivas. “Hoje a Ferroeste tem 110 vagões e 15 locomotivas em operação, além de duas paradas por falta de manutenção”, relatou.
A falta de investimentos impediu o transporte de 20 milhões de toneladas de grãos (aproximadamente um milhão de viagens de caminhão). Os produtores da região arcaram com um prejuízo de aproximadamente R$ 370 milhões incluindo frete, manutenção dos veículos e o pedágio nas rodovias. “Hoje a ferrovia é sócia oculta das concessionárias do pedágio rodoviário”, sentenciou.
Retomada – Samuel Gomes recebeu o termo de permissão de posse da rodovia por volta das 10h da manhã. Os oficiais de justiça Genoir Finato e Luiz Carlos Penafiel foram os encarregados do procedimento. Na sede administrativa, na região central de Cascavel, Gomes e o engenheiro Saulo de Tarso Pereira constataram a ausência de pelo menos dois computadores – um deles teria dados da movimentação financeira da administração.
Na estação Pátio da Gralha, em Guarapuava, a suspeita é de remoção de peças de reposição, que garantem a operação da ferrovia. “Na sexta-feira, logo após a sentença do juiz, a direção da empresa tentou paralisar a operação para jogar a opinião pública contra o governo. Só garantimos os trabalhos com a intervenção da Polícia Militar”, afirmou.
Samuel Gomes aponta que essas ações representam atos de sabotagem contra o interesse público do Paraná. A administração da ferrovia ficará a cargo do engenheiro Saulo de Tarso Pereira. De acordo com o diretor da empresa, nesta primeira etapa a meta é manter a operacionalidade da estrutura.
“Neste momento estamos nos inteirando da situação e mantendo contatos com parceiros e fornecedores”, revela. Na tarde desta segunda-feira (18), Samuel se reuniu com o juiz Rosaldo Pacagnan e com o presidente do Conselho de Usuários da Ferroeste, Alcides Cavalca. Eles vão definir até esta terça-feira (19) quem será o administrador judicial que vai coordenar a massa falida da ferrovia.
Governo do Paraná reassume o controle e a operação da Ferroeste
A medida, amparada em sentença do juiz Rosaldo Elias Pacaganan da 3ª Vara Cível de Cascavel, representa o fim da concessão promovida pelo governo anterior em 1996
Publicação
18/12/2006 - 16:57
18/12/2006 - 16:57
Editoria
