A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) e a ONG Instituto Brasil e África (Ibaf) lançaram nesta quarta-feira (18) em Curitiba o Casa da Família Afrodescendente. O programa terá recursos do Governo Federal, através do Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal, e é destinado às famílias com renda de 2,5 a cinco salários mínimos, não proprietárias de imóveis. Pelo convênio, a Cohapar vai respeitar – sem estabelecer cotas fixas – a proporção de afrodescendentes no total da população quando realizar o enquadramento e seleção de famílias em programas habitacionais no Estado. O Ibaf poderá oferecer terrenos à Cohapar para a construção de casas populares. “A discriminação ainda existe no Paraná e ainda convivemos com estatísticas que mostram o tamanho da exclusão social no Estado”, disse o presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli. De acordo com a pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV/IBGE-1996), 32% dos domicílios com chefes afrodescendentes foram classificados como inadequados, contra 12% dos domicílios com chefia branca. Pela pesquisa do IBGE, a classificação dos domicílios adequados, a desigualdade é ainda mais acentuada: apenas 26% dos domicílios considerados adequados tinham chefia afrodescendente, contra 54% dos chefiados por brancos. O presidente do Ibaf, Saul Dorval da Silva, destacou a atitude do Governo do Paraná na aplicação de políticas de inclusão social, especificamente para afrodescendentes. “Esse é o primeiro programa habitacional do país para negros”, disse. Segundo Silva, a realidade é difícil para a população afrodescendente do Estado, que segundo ele não é formado apenas por descendentes de europeus. “Os negros contribuíram decisivamente na formação da cultura paranaense”, ponderou. Exemplo - Outras lideranças do movimento negro estiveram presentes na solenidade. Com referência aos escravos, o representante do grupo Ile Ayê, da Bahia, Raimundo Gonçalves dos Santos, disse que é preciso incluir os que ajudaram a construir o Brasil. “A história brasileira ainda tenta negar a importância dos negros na sociedade”, completou. A representante da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Estela Maris Cardoso, afirmou que a Cohapar dá um exemplo para outros Estados na implantação do Casa da Família Afrodescendente. “O programa é uma referência nacional na luta pela igualdade”, afirmou. Os interessados em saber mais sobre o convênio podem procurar os escritórios regionais da Cohapar (os endereços estão disponíveis no sítio www.cohapar.com.br) em todo o Estado e também o Ibaf, pelo endereço ipbaf@hotmail.com.