Governo começa a estruturar Rede Solidária de Reciclagem

Cada órgão público estadual vai nomear funcionários para supervisionar a separação do lixo e garantir sua destinação às associações de catadores
Publicação
03/06/2009 - 12:40
Editoria
Secretarias e órgãos públicos estaduais começam, nesta quarta-feira (03), as primeiras medidas para o funcionamento da Rede Solidária de Reciclagem. Cada entidade vai nomear os funcionários que farão parte das Comissões para Coleta Solidária, que devem supervisionar a separação do lixo e garantir sua destinação às associações de catadores. Todas as entidades ligadas direta ou indiretamente ao Governo do Paraná vão participar e o lixo reciclável produzido por elas vai gerar emprego e renda para milhares de catadores de lixo, organizados em associações e cooperativas. Papel, copos plásticos e materiais de escritório serão destinados à reciclagem e comercialização. Os trabalhadores envolvidos vão receber cursos de qualificação em gestão, para administrar o processo desde a coleta dos resíduos até a venda, além de aulas e maquinário para transformar o lixo e agregar valor aos produtos. O secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Nelson Garcia, explica que o objetivo é garantir inclusão social e emancipação financeira para os carrinheiros. “Não queremos que eles ganhem uns trocados para comer uma refeição por dia. A ideia é que eles tenham renda para alimentar a família, todos os dias, com café da manhã, almoço e jantar.” DETERMINAÇÃO – A separação seletiva dos resíduos recicláveis pelos órgãos públicos do Estado já é feita desde o início do ano, por determinação do governador Roberto Requião. Garcia ressalta que, com a Rede, todo material recolhido será destinado à Central de Cooperativas de Catadores de Lixo. O coordenador de Geração de Emprego e Renda da Secretaria, Sérgio Athayde, adianta que a primeira fase do projeto acontece em Curitiba e Região Metropolitana. Os resíduos recicláveis das unidades estaduais serão levados até um Centro de Triagem, de aproximadamente 10 mil metros quadrados. “Teremos um pátio, um espaço para separar os materiais, um centro de valorização e transformação de produtos, com um centro público de economia solidária, restaurante e centro de formação profissional”, detalha. Atualmente, todo resíduo reciclável produzido pela administração pública estadual é guardado e repassado ao Programa de Voluntariado Paranaense, o Provopar. São recolhidos cerca de 22 mil quilos de papel todos os meses. Marlene Pop, diretora de Programas Especiais da entidade, conta que o dinheiro da venda deste lixo é revertido para associações, cooperativas e barracões de catadores de lixo. “Repassamos, em média, R$ 6 mil, mensalmente. Além do papel, recolhemos copos plásticos, cartuchos de impressoras, móveis inutilizados, monitores e peças de computador”, disse. Seguindo uma solicitação do governador, os veículos da frota estadual, inutilizados por acidentes, também são encaminhados para cooperativas. SUPERVISÃO – Entre as atribuições das Comissões para Coleta Solidária está a divulgação e a articulação da participação de todos os funcionários das entidades e a promoção de palestras sobre educação ambiental e inclusão social. Cada Comissão apresentará, semestralmente, a avaliação do processo de destinação de lixo ao Comitê Estadual de Inclusão Social dos Catadores de Materiais Recicláveis, formado pelos representantes da Casa Civil e das Secretarias de Trabalho, Emprego e Promoção Social; Educação; Saúde; Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Meio Ambiente e Recursos Hídricos; Criança e Juventude; Desenvolvimento Urbano. A quantidade e o tipo de lixo entregue por cada comissão será cadastrado em um sistema informatizado, que cruzará os dados com o cadastro das associações e cooperativas de catadores, que receberão os materiais. Só estarão habilitadas aquelas que sejam formadas formal e exclusivamente por catadores que tenham a atividade como única fonte de renda, apresentem sistema de rateio de lucros e façam cadastro prévio da na Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social ou no Fórum Estadual Lixo e Cidadania. Os grupos de catadores concorrerão mediante processo simplificado e firmarão contratos coletivos. Segundo a coordenadora do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Reciclados no Paraná, Marilza Aparecida de Lima, apenas na Grande Curitiba são cerca de 15 mil carrinheiros. POLÍTICAS PÚBLICAS – Em janeiro, o governador determinou uma série de políticas públicas voltadas para melhorar a qualidade de vida dos catadores de lixo, como a construção de casas para essas comunidades, através da Companhia de Habitação Popular (Cohapar). Requião também determinou que o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - Lactec, o Instituto de Tecnologia do Paraná - Tecpar, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e a Secretaria de Industria e Comércio formulem projetos para aumentar o valor dos produtos reciclados. Para o secretário especial do Governo, Cláudio Xavier, as medidas terão impacto significativo em toda a sociedade. “Estas ações trazem ganhos econômicos e sociais, além de reduzir os resíduos destinados aos Lixões e solucionar problemas ao meio ambiente e a saúde pública”, assegurou.

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