O governo do Paraná está ampliando o combate a fraudes no pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores estaduais. Nos últimos quatro anos, 960 benefícios com suspeitas de irregularidades foram cancelados. Segundo a Secretaria da Administração e Previdência, o cancelamento está gerando uma economia mensal de R$ 3,8 milhões aos cofres do Estado.
A política de prevenção adotada pelo governo do Estado, informa a secretária Maria Marta Lunardon, consiste em dotar a máquina estatal de um banco de dados confiáveis e permitir a comunicação freqüente e imediata entre as secretarias, autarquias e outras instituições governamentais do Paraná, além de órgão federais.
“Não adianta apenas bancos de dados, se não houver uma rápida possibilidade de acesso e não existir intercâmbio entre os órgãos”, afirma a secretária. “Quanto mais informações tivermos sobre todos os servidores, desde o momento em que ele entra no poder público, passando pelo instante em que se aposenta e até a sua morte, mais se fecha o cerco às fraudes”.
Por isso, acrescenta Maria Marta, os departamentos de Recursos Humanos e de Seguridade Funcional da Secretaria da Administração vêm investindo no RH Paraná. Trata-se de um serviço de dados que utiliza um programa de computador (o Meta 4) no qual está sendo inserido um conjunto de informações, um verdadeiro perfil do servidor público e de seus dependentes.
Relatórios - A intenção é tornar o RH Paraná acessível a todos os órgãos da administração pública e permitir a obtenção de relatórios o mais rápido possível. Com cruzamentos instantâneos de dados, evitam-se fraudes como aumento irregular no valor das aposentadorias e pensões, além de pagamento dos benefícios a quem nunca atuou no serviço público.
Um exemplo real que se tornaria mais fácil de ser evitado com sistemas como o RH Paraná é o da servidora Rosângela Smaniotto, que durante 12 anos conseguiu mecanismos para que a mãe e a irmã recebessem pensão pela morte do pai, sem que houvesse esse direito.
Segundo apurou sindicância da ParanaPrevidência, em 1999, e conforme consta de denúncia no Ministério Público Estadual, a funcionária (assessora jurídica do antigo Instituto de Previdência do Estado) teria cadastrado o pai como servidor, sem que ele nunca tenha trabalhado no poder público.
Com o falso registro, a advogada conseguiu o pagamento do benefício. E, mais que isso, ao longo dos anos foi promovendo reajustes nas pensões. Ela lançava o aumento na folha de pagamento enviada ao banco mas, na documentação do sistema previdenciário, permaneciam os registros dos valores sem os acréscimos.
Óbitos - Outras formas de se impedir irregularidades é a constante consulta ao Sistema Nacional de Óbitos (Sisob), da Previdência Social da União. A ParanaPrevidência checa se os nomes dos aposentados e pensionistas que recebem benefícios no Estado não constam da lista do Sisob.
Dessa forma, busca-se evitar que se pague aposentadorias e pensões a pessoas que não têm direito e ganham em nome de outras que já morreram. Em situações assim, o pagamento é cancelado de imediato.
Uma outra maneira de inibir fraudes é o que os técnicos chamam de “compensação previdenciária”. Em síntese, é a averiguação de documentos que comprovam o tempo de serviço do funcionário público, nos casos em que a pessoa, além de atuar no Estado, passou por prefeituras, União, ou poderes Legislativo e Judiciário. É verificado, com essas instituições, se os dados da certidão de tempo de contribuição do servidor estão de acordo com as informações dos registros guardados em cada uma delas.
Governo cancela 960 pensões e aposentadorias irregulares
Cancelamento está proporcionando uma economia mensal de R$ 3,8 milhões na folha de pagamento do Estado
Publicação
29/09/2004 - 00:00
29/09/2004 - 00:00
Editoria