O presidente do Instituto Ambiental (IAP), Vitor Hugo Burko, e o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, apresentaram nesta terça-feira (01), em Curitiba, o mapeamento das Áreas Estratégicas para a Conservação e Recuperação da Biodiversidade do Paraná.
As margens dos rios Ivaí, Piquiri, Cinzas e Iguaçu, em toda a sua extensão, são algumas das áreas apontadas como estratégicas para conservação. Também foram incluídas no levantamento áreas de remanescentes de floresta nativa existentes na região central do Paraná, nascentes de rios importantes, locais onde há grande diversidade de fauna e flora e áreas de floresta que podem ser conectadas a outros remanescentes florestais para construção de corredores de biodiversidade.
O trabalho coordenado pelo IAP foi realizado com base em estudos do Ministério do Meio Ambiente e contou com a participação de aproximadamente 30 organizações da sociedade civil, entre elas a Organização Não-Governamental (ONG) The Nature Conservancy - TNC.
“Esta ação prova que a política ambiental do Estado não vem construída de maneira isolada e em gabinetes. Estamos sempre pensando em buscar refúgio para a biodiversidade paranaense, sem esquecer de inserir neste processo a questão social e os agricultores paranaenses”, declarou o secretário Rasca. Segundo ele, o objetivo do trabalho é criar uma ferramenta para a gestão ambiental com base no planejamento da paisagem, delimitando as áreas de maior importância para a biodiversidade paranaense e, incluindo as bacias hidrográficas como base.
“Com isto poderemos incluir novos incentivos, parcerias, estudos e ações que promovam a conservação dos ambientes naturais e a restauração de áreas estratégicas para a formação de corredores ecológicos”, declarou Rasca Rodrigues.
MAPEAMENTO - A primeira fase do Programa identificou os principais remanescentes de vegetação do Paraná (áreas consideradas estratégicas para conservação) a partir do qual foram definidas as áreas necessárias para recomposição da vegetação. O mapeamento utilizou imagens de satélites (INPE 2008) considerando estudos do Ministério do Meio Ambiente sobre as áreas prioritárias para a biodiversidade; Projeto rede da biodiversidade; o sistema estadual e federal de Unidades de Conservação, Estações Ecológicas e áreas prioritárias definidas pelo Sisleg.
De acordo com o presidente do IAP, Vitor Hugo Burko, a primeira fase em campo será na região da Floresta com Araucária, ambiente extremamente ameaçado no Paraná. “Hoje o Paraná conta com 78 Unidades de Conservação Estaduais e Federais. Contudo, como categoria de Proteção Integral (domínio público) somente 2,41% do Estado estão efetivamente protegidos. A floresta com araucária, por exemplo, está muito pouco representada, com apenas 0,32% de Unidade de Conservação de Proteção Integral, indicando a urgente necessidade de criação de novas categorias nessa região”, mencionou Burko.
Ele ressaltou que o resultado das ações de restauração e conservação nas áreas indicadas no mapeamento não depende apenas do esforço do governo. “O apoio das empresas públicas e privadas, ONGs e sociedade civil é fundamental neste processo, aliado ao reconhecimento e incentivo àqueles proprietários que conservam suas áreas naturais”, completou Burko.
Já o gerente de serviços ambientais da TNC, Fernando Veiga, destacou a urgência na recomposição das áreas prioritárias - em função das mudanças climáticas; a inclusão das bacias hidrográficas devido a crescente escassez dos recursos hídricos e a fragmentação dos remanescentes florestais. “As prioridades apresentadas no estudo incluem algumas estratégias que deverão responder de maneira rápida ao desafio que temos pela frente”, reforçou.
FERRAMENTAS - Como exemplo de ferramentas que já vêm sendo implementadas em campo pelo IAP, destacam-se a criação e manutenção de Áreas Protegidas de Proteção Integral; a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) - que também geram recursos para os municípios onde estão localizadas (ICMS Ecológico). Além disso, outros pagamentos por serviços ambientais como água e carbono, além da biodiversidade; a proteção e a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e o fomento de sistemas agroflorestais que estão localizados no entorno de Unidades de Conservação e que são chamadas áreas de amortecimento.
A diretora de Biodiversidade do IAP, Márcia Tossulino, disse que a iniciativa permitirá novos incentivos, parcerias e estudos. “Ou seja, de ações que promovam a conservação dos ambientes naturais e a restauração de áreas de áreas estratégicas para formação de corredores ecológicos”, destacou Márcia.
Um dos incentivos previstos visa beneficiar quem conservou mais que os 20% exigidos como Reserva Legal - RL pela Lei 4771/65 facilitando para que estes proprietários possam ceder (vender ou alugar) o seu excedente de floresta para compor a RL de outras propriedades que não possuem áreas conservadas. Com isto, os proprietários que conservaram suas florestas podem ser beneficiados através de uma renda extra.
Para a coordenadora do projeto e chefe do Departamento Biodiversidade do IAP, Mariese Muchailhe. “A ideia é conjugar esforços públicos e privados para a realização de gestão ambiental baseada no planejamento da paisagem, identificar e propor novos mecanismos e estratégias para incentivar à conservação nestas áreas de grande importância biológica no Paraná”, finalizou Mariese.
Durante o evento 32 pessoas receberam certificados dos órgãos ambientais pela contribuição e comprometimento na elaboração da proposta das Áreas Estratégicas para Conservação da Biodiversidade do Paraná.
PARCERIA – Como parte do projeto apresentado nesta terça-feira (01), Vitor Higo Burko e o gerente de meio ambiente da empresa Tractebel Energia, José Lourival Magri, assinaram um termo de cooperação técnica para concretizar as ações de conservação na APA da Serra da Esperança – localizada na região central do Estado.
“Este apoio será para a realização e atualização do mapeamento da cobertura florestal de parte do Paraná, bem como recursos financeiros para a criação de uma Unidade de Conservação de um parque na Serra da Esperança”, comentou o presidente do IAP, Vitor Hugo Burko.
Esta é a primeira vez no Estado que uma empresa do setor de energia investe, voluntariamente, na criação de uma Unidade de Conservação e sem que a medida esteja prevista entre as condicionantes para obtenção do licenciamento ambiental.
Governo apresenta áreas estratégicas para conservação no Paraná
O mapeamento do IAP aponta áreas estratégicas a serem conservadas como, por exemplo, áreas de nascentes de rios importantes, diversidade de fauna e flora e locais onde há possibilidade de conecção dos fragmentos florestais para construção de corredores de biodiversidade
Publicação
01/12/2009 - 19:50
01/12/2009 - 19:50
Editoria