Governadores do PMDB defendem a saída do partido dos Ministérios

Durante a reunião ocorrida em Brasília nesta quarta-feira os governadores concordaram com a avaliação de Requião, de que a corrupção e a crise política que envolveram o governo federal são resultados do descumprimento das propostas de campanha que garantiram a eleição do presidente Lula
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06/07/2005 - 19:20
Editoria
O governador Roberto Requião e os demais governadores do PMDB, reunidos nesta quarta-feira (6) em Brasília com o presidente do partido, Michel Temer, anunciaram que os membros do partido que integram o governo federal serão desligados do partido e censuraram os senadores Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, e José Sarney (AP) por negociarem ministérios com o governo sem autorização do partido. Acompanhando a posição do governador Requião, todos eles afirmaram que a atual crise política tem origem na incompatibilidade entre as propostas de campanha e as ações do governo, em especial em relação à política econômica. Em nota assinada por Requião e pelos governadores Luiz Henrique (SC), Germano Rigotto (RS), Rosinha Garotinho (RJ), Marcelo Miranda (TO), Jarbas Vasconcelos (PE) e Joaquim Roriz (DF), pelos ex-governadores Orestes Quércia (SP), Pedro Simon (RS) e Anthony Garotinho (RJ), além de Michel Temer (SP), eles afirmam que os membros do PMDB que integram o governo de Luís Inácio Lula da Silva não representam o partido, por isso serão desligados do PMDB. Esta posição reitera a decisão tomada na Convenção Nacional do dia 12 de novembro de 2004, que determinou o afastamento de todos os membros do partido do governo federal. O presidente do PMDB encaminhará aos tribunais regionais eleitorais ofício comunicando o desligamento dos filiados com cargos no governo Lula. Os governadores propõem ainda o desligamento imediato de todos aqueles que continuarem descumprindo a decisão soberana da Convenção Nacional. Quanto aos senadores José Sarney e Renan Calheiros, que negociaram com o presidente Lula a nomeação de peemedebistas em três ministérios em troca do apoio do partido, os governadores declaram na nota que os dois senadores nunca estiveram autorizados a negociar cargos ou funções em nome do PMDB, motivo pelo qual eles censuram essas tratativas. “O partido nem foi consultado”, afirmou o governador Requião. Os governadores defenderam na nota “a apuração integral de todos os fatos que estão chocando o País, para que o povo brasileiro conheça a verdade, pois só através dela haverá estabilidade e governabilidade”. Durante a reunião ocorrida na residência de Michel Temer, os governadores concordaram com a avaliação de Requião, de que a corrupção e a crise política que envolveram o governo federal são resultados do descumprimento das propostas de campanha que garantiram a eleição do presidente Lula. A política econômica do governo, frisou Requião, é a marca de que a população foi traída em suas expectativas e que parte do Congresso Nacional, retrato desse povo, se rendeu à corrupção. “A corrupção está vinculada à política econômica, porque esta não agrada ao povo e ao Congresso, e os políticos não ficam constrangidos de votar com o governo pois não são pressionados pela opinião pública.”, afirmou Requião. Para o governador, é hora de o PMDB apoiar o Brasil. “Temos que apurar profundamente tudo o que ocorreu, com rigor. Mas esse é um trabalho para a Polícia Federal. Minha preocupação é com os riscos que uma crise dessa proporção traz ao País.” Requião disse que mantém uma admiração profunda pelo presidente Lula. “Minha admiração pelo presidente Lula continua intacta, mas não tenho admiração nenhuma pela política econômica”, reiterou. O presidente do partido observou que a posição dos governadores do PMDB contrária à ocupação de ministérios, no momento em que o governo Lula tenta garantir apoio do partido no Congresso, não põe risco algum à governabilidade. “Nossa preocupação com a governabilidade está clara, definida na Convenção Nacional do partido, e não implica a presença do PMDB em cargos do governo”, sustentou Temer. Ele lembrou que, em março de 2003, o comando do PMDB divulgou nota pela independência do partido, posição defendida pelo governador Requião desde o início do governo Lula. “Independência é não atrapalhar o governo, mas também não participar do governo”, afirmou. Veja a abaixo a íntegra da nota do PMDB: “NOTA DO PMDB Os governadores do PMDB, reunidos com o presidente nacional do partido, manifestam ao povo brasileiro o seguinte: 1. Defendemos a apuração integral de todos os fatos que estão chocando o país, para que o povo brasileiro conheça a verdade, pois, só através dela, haverá estabilidade e governabilidade. 2. Reiteram a decisão tomada na Convenção Nacional do dia 12 de dezembro de 2004, que determinou o afastamento de todos os membros do Partido do governo federal. 3. Propõem o desligamento imediato do PMDB de todos aqueles que continuarem descumprindo a decisão soberana da convenção nacional. 4. Os senadores José Sarney e Renan Calheiros nunca estiveram autorizados a negociar cargos ou funções em nome do partido, motivo pelo qual os governadores censuram essas tratativas. 5. Reiteram que os filiados que integram o governo não representam o partido, tanto que serão desligados do PMDB. 6. Reafirmam sua convicção de que a atual crise tem origem na incompatibilidade entre as propostas de campanha e as ações de governo, em especial à política econômica. Brasília, 6 de julho de 2005” Assinam os documentos: Michel TemerPresidente Nacional do PMDB Rosinha GarotinhoGovernadora do Rio de Janeiro Jarbas VasconcelosGovernador de Pernambuco Germano RigottoGovernador do Rio Grande do Sul Luiz HenriqueGovernador de Santa Catarina Roberto RequiãoGovernador do Paraná Joaquim RorizGovernador do Distrito Federal Marcelo MirandaGovernador do Tocantins Pedro SimonSenador – ex-governador RS Anthony GarotinhoEx-governador – RJ Orestes QuérciaEx-governador - SP

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