Governadores do Codesul fecham parceria com região Centro-Oeste da América do Sul

Parceria com a Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (Zicosul), proposto pelo governador Roberto Requião, foi firmada nesta quarta-feira em Campo Grande (MS)
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18/11/2009 - 16:26
Editoria
Os estados do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul – firmaram nesta quarta-feira (18), em Campo Grande (MS), parceria com os integrantes da Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (Zicosul), visando à cooperação entre os dois blocos. Proposto pelo governador Roberto Requião (PR), o projeto prevê o desenvolvimento de ações em diversas áreas, como indústria e comércio, cultura e turismo. O documento foi assinado por Requião, que é presidente do Codesul, André Puccinelli (MS), Ieda Crusius (RS) e Luiz Henrique da Silveira (SC). O presidente da Zicosul, o governador da província argentina de Salta, Juan Manuel Urtubey, assinou representando o bloco, formado por nove províncias argentinas, oito departamentos bolivianos, cinco regiões chilenas, a totalidade do Paraguai e o Mato Grosso do Sul. Requião anunciou que os governadores do Codesul vão no dia 8 de dezembro para Salta. “Vamos avaliar a possibilidade de irem também empresários dos quatro Estados. Antes disso, teremos, nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, na sede do BRDE em Curitiba, uma reunião com secretários da Indústria e Comércio, Educação e Ciência e Tecnologia para organizar os trabalhos”. Segundo o secretário executivo do Codesul, Santiago Gallo, a reunião vai definir um plano de trabalho com ações pontuais para serem executados entre os anos de 2010 e 2012. “Este plano será referendado pelos governadores durante a cúpula Zicosul/Codesul, a ser realizada em dezembro, em Salta”, disse Santiago, que vai coordenar a ação pelo Codesul. Pelo Zicosul, o coordenador será o secretário do Planejamento Estratégico de Salta, Dante Apaza. PARCERIA – “Conversamos há algum tempo com o governador Requião e vimos a necessidade de trabalharmos em conjunto para desenvolvolvermos políticas comuns que fortaleçam o Mercosul”, afirmou o presidente da Zicosul, Urtubey. Entre os principais interesses está a transferência de tecnologia e conhecimento no setor agrícola, disse o presidente do bloco, ao salientar o apoio dado pelo Paraná a Salta na produção de feijão. “O Paraná tem forte desenvolvimento em genética (de grãos) e capacitação de produtores que podem nos ajudar a ter um produto melhor”, afirmou. A parceria entre empresários brasileiros e dos estados que compõem a Zircosul também foi destacada pelo governador de Salta. “Já desenvolvemos um trabalho com empresários interessados em trabalhar nos países que integram a Zircosul, com projetos que visam fomentar a exportação e melhorar a competitividade da região”, afirmou. O governador de Salta afirmou que o “Mercosul é um corpo sem alma porque os estados, que deveriam ser os motores do desenvolvimento, não participam da integração, que é feita entre os governos federais”. “Queremos trabalhar para conseguir complementar produtos, integrar transportes e desenvolver outras ações que criem o corredor bioceânico Atlântico – Pacífico, que será transformado como o centro do continente americano”, disse. Para o secretário de Planejamento de Salta, Dante Apaza, esta parceria pode fortalecer as exportações. “O Sul do Brasil tem produção de frango e grãos, como a soja, que pode ser exportada ao mercado asiático pelo Eixo de Capricórnio com preço competitivo porque, se pudermos desenvolver a logística desta região, teremos menores custos e mais competitividade para os estados da Zicosul”, argumentou. Já o secretário do Planejamento do Paraná, Ênio Verri, destacou que, desde 2003, Requião firma parcerias com outros estados, departamentos, províncias e paízes, a exemplo da Venezuela, “com quem temos ótimos resultados em exportações e importações”, mudando o perfil do Estado. “Éramos conhecidos como exportadores de bens de consumo, bens primários, e hoje estamos exportando bens de produção, como equipamentos. Isto gera mais emprego, renda e imposto para o Estado, contribuindo para o desenvolvimento”, disse. O convênio pode ser ainda mais estratégico neste momento que se segue à crise econômica mundial, defendeu Verri. “Esta pode ser uma grande oportunidade porque toda crise faz com que os estados e os países se preocupem em levar seus produtos ao resto do mundo, já que o mercado interno não consome toda a produção das regiões. Sendo assim, as parcerias internacionais são estratégicas”, argumentou. Um dos objetivos do projeto é justamente tornar a região competitiva ao cenário internacional, a partir de políticas de comércio exterior. Para Santiago, há muitas oportunidades, “já que as economias são complementares, e não concorrentes”. “Na Argentina, por exemplo, se produz vinhos, azeitona, azeite de oliva e especiarias que não são encontradas no Brasil. No Sul brasileiro há alto grau de industrialização, com fábricas que vão desde softwares, têxtil até metal-mecânico. Há complemento econômico”, disse. O documento assinado pelos governadores reitera que a Zicosul sempre esteve voltada “à oferta portuária do Norte do Chile como porta de entrada e saída ao Oceano Pacífico”, e que o Codesul “possui naturalmente uma orientação ao Oceano Atlântico, utilizando os portos do Sul do Brasil”. Diante deste cenário, a parceria quer “impulsionar o desenvolvimento Leste – Oeste mediante a articulação de eixos de comunicação Atlântico – Pacífico que atravessam a macro-região”. Para isso, devem ser desenvolvidas estratégias sub-regionais levando em conta a proximidade dos estados integrantes das duas regiões e a geopolítica, de forma a aproveitar “os recursos estratégicos e as vantagens competitivas”, como os portos. EIXOS – De acordo com Santiago, será formada uma comissão para avaliar e propor os trabalhos a serem desenvolvidos em conjunto, “que possibilitarão que a vontade política seja transformada em projetos a partir de eixos temáticos”. Santiago destacou que um dos programas será voltado ao desenvolvimento do transporte, com extensão da Ferroeste, vias aéreas e de ônibus, de forma a também fomentar o turismo entre as regiões do Codesul e da Zicosul. Há ainda ações na área da cultura, já que os estados, departamentos e províncias das duas regiões têm muitas semelhanças. “As duas regiões são muito próximas do ponto de vista da identidade cultural, e um dos motivos é o processo imigratório. No Sul do Brasil, no Norte da Argentina, no Paraguai e na Bolívia, a imigração foi européia. Portanto, há uma base sociológica formada por afinidades, como na gastronomia e na literatura”, afirmou Santiago. O ministro de Integração Regional de Salta, Hernan Cornejo, também integrou a comitiva de Salta.

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