Godoy Moreira receberá certificação de território livre do analfabetismo este ano

Godoy Moreira receberá a certificação de território livre do analfabetismo neste ano juntamente com outros 19 municípios
Publicação
17/12/2010 - 10:50
Editoria

Confira o áudio desta notícia

O Programa Paraná Alfabetizado da Secretaria de Estado da Educação, desde sua criação em 2004, fez inúmeras ações para superar o analfabetismo. O município de Godoy Moreira, a 300 quilômetros de Curitiba, será declarado território livre do analfabetismo ainda em 2010. Esta ação somente se efetivou após mobilização da equipe de alfabetização no município. Há 10 anos, o censo do IBGE apontava que a cidade tinha 28,97% de pessoas não alfabetizadas. Segundo estimativas do Programa esta taxa alcançou 3,1% em 2010.
Com a confirmação da taxa, Godoy Moreira receberá a certificação de território livre do analfabetismo neste ano juntamente com outros 19 municípios. A certificação ocorre quando 96% ou mais de população com 15 anos ou mais é alfabetizada.
“A cidade apresentava um dos piores índices de desenvolvimento humano do Paraná, com uma população sem perspectivas e que não se envolvia nas questões relacionadas à educação, cultura, desenvolvimento econômico e social”, afirmou o coordenador local do Paraná Alfabetizado, Sovelth Cardoso, sobre as razões que levaram a cidade a querer mudar a sua realidade.
Wagner Roberto do Amaral, chefe do departamento da Diversidade da Secretaria, disse que o Programa Paraná Alfabetizado tem como um dos objetivos universalizar a alfabetização dos jovens, adultos e idosos paranaenses não alfabetizados com 15 anos ou mais.“Com o Programa, temos a perspectiva de superar o analfabetismo, garantindo o acesso à leitura, à escrita e à educação básica como instrumento de cidadania a milhares de pessoas. Queremos, desta forma, criar no Paraná uma perspectiva concreta de que essa meta é possível de se alcançada”.
Mobilização - Em 2004, quando foi implantado o programa de alfabetização, o município recebeu os dados estatísticos e apresentava uma demanda que se tornou um desafio a ser superado. “Na 1ª edição não tivemos muito sucesso, o município não reconhecia essa demanda e não se envolveu no programa”, disse o coordenador.
No entanto, na segunda edição foram feitas parcerias com igrejas, escolas, sociedade organizada e até mesmo na rádio comunitária. “Apresentei por quase três anos um programa no qual a alfabetização era o carro chefe, com entrevista, comunicados, e mensagens do dia. Também houve o envolvimento do Departamento de Educação do município e da Prefeitura Municipal de Godoy Moreira. Isso foi fundamental para que chegássemos hoje a esses números”, avaliou Sovelth.
Outro ponto fundamental foi a série de reuniões que ocorreu em Curitiba com os municípios em fase de superação do analfabetismo. “Com as experiências que trocávamos, revimos ações de mobilização permanente para formar novas turmas. E o sucesso da mobilização que ocorreu foi devido ao envolvimento dos alfabetizadores, coordenadores, alfabetizandos e as parcerias estabelecidas ao longo das edições”.
Além disso, havia um desejo da população em mudar essa realidade posta, superar o analfabetismo. “O Paraná Alfabetizado transformou a realidade social e econômica de Godoy Moreira, vivemos novos tempos de desenvolvimento, somos uma população mais alegre e feliz”.
Neste segundo semestre, alcançaram índices inferiores a 4% juntamente com Godoy Moreira os municípios de Arapoti, Carambeí, Jardim Olinda, Marumbi, Medianeira, Nova Santa Bárbara, Santa Amélia, Pinhais, Ampere, Matelândia, Inácio Martins, Coronel Domingos Soares, Boa Esperança do Iguaçu, Porto Barreiro, Missal, Saudades do Iguaçu e Virmond, e Santa Helena.
No primeiro semestre de 2010 foram os municípios de Teixeira Soares, Fernandes Pinheiro, Pontal do Paraná, Piên, Douradina, São Manoel do Paraná, Flórida, Japira, Arapuã, Pitangueiras, Paranapoema, Nova Aliança do Ivaí, Porto Rico, Santa Mônica, São Jorge do Oeste, Serranópolis do Iguaçu, Itaipulândia, Sulina, Paulo Frontin, Maripá, Nova Santa Rosa, Marechal Cândido Rondon, Pato Bragado, Santa Cecília do Pavão, Rancho Alegre, Leópolis, Cafelândia, Iguatu, Iretama, Pérola do Oeste, Bela Vista da Caroba, Pranchita, Pinhal de São Bento e Bom Jesus do Sul.
Em 2005, Milton Guimarães resolveu não depender mais dos outros para saber ler escrever. “Resolvi entrar no Paraná Alfabetizado para ser independente, ainda mais que estamos num mundo com tecnologia avançada, é preciso estudo até para trabalhar com trator”, comentou. O acesso à escola era difícil na época em que era criança. “Nunca tive a oportunidade de estudar, onde eu morava era só mato, não tinha escola”, disse.
Incentivo - Pela televisão, ele conheceu o Paraná Alfabetizado. “Foi uma oportunidade entrar no programa, não apenas pelo que aprendi, mas também pelos professores que deram apoio para continuar os estudos”. Depois de ser alfabetizado, o agricultor continuou com os estudos. Atualmente ele está finalizando o ensino fundamental, e confessou que pretende ainda cursar uma universidade, talvez Letras.
Os amigos também ajudaram nesta conquista de Milton. Ele lembrou que tinha vergonha de frequentar as aulas por ser adulto. “Mas tinham alunos mais velhos do que eu e que estavam mais animados, e isto me incentivou”, contou.
Paraná Alfabetizado - O programa do Governo do Estado é feito em parceria com o Governo Federal e prefeituras além da sociedade civil. Premiado em 2005 e 2010 pelo Ministério da Educação com a Medalha Paulo Freire, como um dos melhores do país no combate ao analfabetismo, o programa foi implantado em 2004 e tem possibilitado uma significativa redução das taxas de analfabetismo no Paraná.
Entre os avanços obtidos está o atendimento a 411 mil pessoas em 24 mil turmas de alfabetização, a declaração de 53 municípios paranaenses como territórios livres do analfabetismo, a constituição de equipes técnicas na Secretaria, Núcleos Regionais e municípios com formação continuada permanente e o estabelecimento de uma rede institucional para reduzir os índices de analfabetismo.

GALERIA DE IMAGENS