Fotografias da realidade quilombola são expostas na Galeria da Cohapar

A exposição retrata a busca pela emancipação e liberdade dos descendentes de escravos
Publicação
06/05/2009 - 14:40
Editoria
O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Rafael Greca, abriu, terça-feira (05), a exposição “Quilombolas do Paraná”, com trabalhos dos fotógrafos Carlos Ruggi e Fernanda Castro. A exposição é uma pequena mostra da realidade quilombola e retrata a busca pela emancipação e liberdade dos descendentes de escravos, até os dias de hoje. Segundo Greca, a exposição “Quilombolas do Paraná” mostra a importância do trabalho do Governo do Estado em prol de afro-descendentes quilombolas. “É um trabalho de demonstração da realidade cultural dos descendentes de escravos, que se refugiaram nos quilombos.” “Entretanto o trabalho mais bonito virá quando as 800 casas programadas para serem construídas pela Cohapar este ano estiverem prontas”, anunciou Greca. O projeto destas moradias recebeu prêmio de mérito das Cohab’s do Brasil, identificado como melhor projeto de habitação popular do ano. O fotógrafo Carlos Ruggi passou uma semana na região do Vale da Ribeira, acompanhando o trabalho de serviço social da Cohapar nas comunidades quilombolas. “O que encontramos lá é uma realidade cruel. Mas o governo Roberto Requião teve a sensibilidade necessária para amenizar este processo e vai construir novas casas, respeitando a cultura e as necessidades das famílias”, afirmou. Fernanda Castro, que acompanha o trabalho do governo do Estado nas comunidades quilombolas, afirma que é importante que as pessoas reconheçam o esforço de todas as esferas de governo. PRÊMIO – O projeto Casa Quilombola do Governo do Estado, desenvolvido pela Cohapar, foi premiado com o Selo de Mérito 2008 da Associação Brasileira de Cohabs (ABC). O projeto obteve destaque entre os demais de moradias de interesse social do País. O Casa Quilombola faz parte de uma ação inédita do Governo do Paraná para atender as cerca de 80 comunidades de descendentes de escravos no Estado. O planejamento inclui escolas, acesso viário, esgoto e energia elétrica. Em 2005, por decisão do governador Roberto Requião, foi iniciado o trabalho nas comunidades quilombolas, quando criou o grupo especial de trabalho chamado Clóvis Moura, com a missão de formular um programa de serviços públicos exclusivos aos descendentes de escravos. A maior parte das famílias vive em condições de pobreza, cultivando alimentos e pequenos animais para o próprio consumo. Muitos ainda moram em barracos de pau-a-pique misturado com barro, divisórias em bambu, pouca mobília, chão batido e fogão de barro a lenha. A cozinha normalmente fica do lado de fora, separada da casa. REFLEXÃO - Para o presidente da Cohapar, um momento como este exige uma reflexão da importância negra na América ao indagar o que seria da América se não tivesse recebido a contribuição dos povos da África. “Não teríamos os tambores, não teríamos o samba, nem o maracatu, o maculelê. A América do Norte seria uma América protestante, sem os cantos espirituals, sem o jazz, que brotam da alma negra”. Ainda de acordo com Greca, há que se reconhecer a contribuição dos negros em todos os níveis do conhecimento. “O Paraná ficou famoso com a construção da usina hidrelétrica de Capivari Cachoeira, feita pela engenheira negra Enedina Marques, ou pelo professor negro, Pamphilo de Assumpção que foi o fundador do Instituto dos Advogados do Paraná, em 1917, que deu origem a OAB, ou ainda os engenheiros Rebouças, André e Antonio, que fizeram a gloriosa estrada de ferro que se tornaram pessoas notáveis da cultura brasileira, reconhecidos e protegidos da princesa Izabel”. EM ANDAMENTO - O governador já autorizou a construção de 200 casas, preferencialmente nos quilombos de Palmital dos Pretos, em Campo Largo, Socavão, em Castro, e nas 13 comunidades de Adrianópolis, no Vale da Ribeira. “Essas 200 casas são o começo de um amplo programa de 800 casas que será respaldado pelo projeto do governo federal ‘Minha Casa Minha Vida’”, informou Greca. “O País tem uma dívida e parte dela está sendo resgatada pelo Governo do Paraná em um trabalho que acontece por determinação política do governador”, afirmou Greca, explicando que a ação pública nas áreas onde vivem os descendentes de escravos exige espírito público dos servidores. A solenidade de abertura da exposição contou com a apresentação de dança do grupo afro cultural Ka Naombo. Serviço: Exposição: “Quilombolas no Paraná” Data: até 08 de maio de 2009 Horário: das 8h às 18h Local: Galeria de Artes da Cohapar. Rua XV de novembro, 480 – esquina com Doutor Faivre.

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