Força-tarefa acaba com quadrilha de fraudes de licitações públicas

Cerca de duzentos policiais cumprem mandados de prisão e busca e apreensão simultaneamente no Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo
Publicação
28/06/2005 - 11:10
Editoria
Uma força-tarefa formada por policias civis paranaenses do Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e Tático Integrado de Grupos de Repressão Especiais (Tigre) deflagrou na manhã desta terça-feira (28) a operação “Grande Empreitada”. A ação policial cumpre 27 mandados de prisão temporária e outros 44 de busca e apreensão simultaneamente em seis cidades espalhadas pelos Estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. A força-tarefa desmantela uma quadrilha responsável por fraudar licitações públicas. Entre os locais vasculhados pelos policiais, está a sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro. Até as 10h desta terça-feira, 17 pessoas, entre empreiteiros, diretores da Associação Paranaense dos Empreiteiros de Obras Públicas (Apeop) e servidores públicos, já haviam sido presas. Os outros 44 mandados de busca e apreensão já haviam sido cumpridos pelos policiais. Ao todo, 200 policiais civis participam da operação nos três Estados com o apoio das polícias carioca e paulista. A investigação que resultou na operação foi feita pela Polícia Civil do Paraná assim que o governador Roberto Requião determinou, em novembro do ano passado, o envio de procedimentos licitatórios com claras evidências de manipulação à polícia e ao Ministério Público Estadual. As informações também foram enviadas ao Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos – Nurce. “Dinheiro do povo é sagrado e não pode ser roubado. Poderíamos ter preços mais baixos nas licitações não fosse a existência dessa prática de manipulação das licitações”, afirmou o governador. “As empreiteiras se articularam para não participar de concorrências e esvaziavam a licitação. Nós éramos obrigados a aumentar o preço para que elas aparecessem. Mesmo assim, o DER trabalhou, neste Governo, com preços 25% abaixo dos valores pagos pelo governo anterior. Isto significou uma economia de R$ 250 milhões nos anos passado e retrasado em obras. Foi então que tivemos que atuar diretamente nesta associação (Apeop), que era a sede do conluio. Fomos à raiz do problema e, agora, os envolvidos não têm como sair, porque além de escuta telefônica, que flagra a ação criminosa, há também a escuta ambiental, feita diretamente nas reuniões que aconteceram na associação”, disse o governador Roberto Requião, quando anunciou ao público a operação policial, na manhã desta terça-feira. Segundo o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, a polícia trabalha para que a associação deixe de existir no mundo jurídico. “Está sendo impetrada uma ação civil pública contra a associação. O crime desse pessoal é invisível, não são usadas armas, mas sim estruturas de escritórios para roubar o dinheiro da população e o dinheiro público. O dinheiro da população é sagrado, não pode ser roubado”, disse o secretário. Golpe - Segundo o delegado Sérgio Sirino, coordenador do Nurce no Paraná e responsável pelas investigações, um grupo formado por dezenas de empreiteiros, ligados à Apeop, unidos a servidores públicos de diversas prefeituras e também de órgãos do Governo do Paraná, fraudam licitações há vários anos. “Eles formaram um verdadeiro cartel. Os empresários se uniram e com informações privilegiadas, repassadas por funcionários públicos ligados a diversos órgãos da prefeitura de Curitiba e do Governo do Estado, forçavam preços em licitações e definiam quais empreiteiras fariam a obra”, explicou. Com as informações em mãos, os integrantes da Apeop faziam reuniões ou ofereciam jantares a empreiteiros e servidores públicos para definirem juntos os detalhes de quais empresas “venceriam” e como a licitação seria “vencida”. “Eles vazavam informações sobre as obras que iriam acontecer, sobre os meandros e regras da concorrência e assim os empreiteiros conseguiam se organizar para forçar condições às administrações públicas que eles mesmos definiam”, disse. Depois de realizada e “vencida” a licitação, a empresa vencedora pagava uma porcentagem, previamente acertada durante as reuniões para a Apeop, que por sua vez repassava uma parte do dinheiro aos servidores que participaram do “acerto”.

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