Ferrosul é apresentada ao setor ferroviário nacional em São Paulo

Presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, defende novo modelo para as ferrovias brasileiras
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11/11/2009 - 20:00
Editoria
Em painel de debates realizado nesta quarta-feira (11) durante o seminário Negócios nos Trilhos, que integra as atividades da maior feira ferroviária do Brasil, no Expo Center Norte, em São Paulo, o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, apresentou pela primeira vez ao setor ferroviário nacional a proposta de criação da Ferrosul. Gomes disse que existe necessidade técnica e vontade política na região Sul para avançar no projeto da nova empresa ferroviária. “As assembléias legislativas de quatro Estados, através do Parlasul, apóiam a idéia”, lembrou Gomes, antecipando que a proposta de criação da Ferrosul será levada pela governadora Yeda Crusius ao próximo encontro de governadores no Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul, no próximo dia 18, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O presidente da Ferroeste ressaltou o trabalho de Gerson Toller, da Revista Ferroviária, promotora do evento, que “vem travando uma longa luta em favor das ferrovias brasileiras. É, sem dúvida, o reconhecimento deste trabalho e o seu profissionalismo que possibilitou com que o seminário Negócio nos Trilhos tenha se afirmado como o maior e mais importante encontro anual do setor ferroviário nacional e se estabelecido na agenda internacional do segmento”, disse Gomes. DIAGNÓSTICO Falando sobre o atual modelo ferroviário brasileiro, Gomes frisou disse que estava cumprindo “o papel de manifestar a irresignação da maior parte da sociedade brasileira com a situação das nossas ferrovias”. Sobre sua participação no seminário, Gomes afirmou: “Não viemos aqui para tergiversar, mas para falar com franqueza o que pensamos ser o melhor para o país. A privatização das ferrovias brasileiras resultou na destruição do sistema ferroviário nacional. A Rede Ferroviária Federal, que tinha seus problemas e precisava ser modernizada, foi substituída por monopólios privados que operam sob contratos de concessão permissivos e nocivos ao interesse público e regulação flácida”. Segundo Gomes, doze anos de privatização resultaram na concentração do número de clientes, abandono de quase vinte mil quilômetros de linha e de regiões inteiras à sua própria sorte. “As concessionárias privadas não possuem outras metas que não as de obter lucros astronômicos para os seus acionistas”, ressalta o presidente da Ferroeste. “Pensamos que o governo federal deve reorientar sua política atual. Somos da opinião de que não é correto simplesmente construir ferrovias com dinheiro público e entregá-las à operação de monopólios privados”. Durante sua exposição, Gomes lembrou ainda que “o Brasil é o único país do mundo que pode ter um salto de produtividade sem uma revolução tecnológica, bastando mudar radicalmente a sua perversa matriz de transportes. Mas, para isso, é preciso um novo modelo de gestão das ferrovias brasileiras, que esteja focado no interesse dos produtores e na redução do custo logístico absurdo que grava a economia nacional”. Para Gomes, “o modelo neoliberal nas ferrovias, mantido intacto até agora, é uma tragédia para o país. Precisamos de operação ferroviária pública do século 21: eficiente, lucrativa, com governança corporativa, balanços auditados, índices de desempenho, mas, fundamentalmente, com metas econômico-sociais e que transfira ganhos de produtividade para os agentes privados na agricultura, indústria e comércio”. Samuel Gomes concluiu afirmando que o transporte ferroviário nacional deve ser concebido “para a economia brasileira e não para enriquecer os donos da ferrovia em detrimento dos produtores. É com este objetivo que os estados do Sul discutem a criação da Ferrosul”. BOX Ferroeste e Valec discutem parceria em novos ramais O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, participa nesta quinta-feira (12) de uma reunião de trabalho na sede da Valec Engenharia, Construções e Ferrovia, empresa vinculada ao Ministério dos Transportes, em Brasília, para discutir os projetos de expansão da Ferroeste. O encontro marcado para as 14h30, com o superintendente de Projetos da Valec, Fernando Castilho, vai reunir representantes do Paraná, Mato Grosso do Sul e do Governo Federal. “Estamos otimistas com a parceria com a Valec”, disse Gomes, “empresa do governo federal que é sócia minoritária da Ferroeste”. Segundo ele, através do aumento da participação acionária da Valec, “podemos realizar o desejo dos produtores e dos Estados da região Sul de acelerar a construção dos novos trechos”. Para ele, os novos ramais da Ferroeste, sob gestão da Ferrosul, “oferecem ao Brasil a concretização da ferrovia Norte-Sul para vertebrar o país pelo seu interior, com ferrovias modernas de bitola larga conectadas aos nossos principais portos”. Samuel Gomes adiantou que o Paraná quer o Exército na construção da ferrovia. “Acreditamos na competência e profissionalismo da engenharia militar brasileira. Unidos, os Estados do Sul e o Governo Federal, através da Valec e do Exército, podemos escrever uma página grandiosa para o desenvolvimento do país”, disse ele.

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