O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, que participou nesta segunda-feira (18) do lançamento do Trem das Montanhas Capixabas, no Espírito Santo, disse que a inauguração do trem entre os municípios de Viana e Marechal Floriano “é um capítulo vitorioso na luta pela volta do transporte ferroviário de pessoas em todo o Brasil.” O roteiro do Trem das Montanhas, que era feito há mais de 20 anos, estava desativado. Com a reativação da linha, a operação do passeio passa a ser realizada pela Serra Verde Express, empresa paranaense que explora os passeios turísticos de litorina entre Curitiba e Morretes e também o Trem do Pantanal, no Mato Grosso do Sul. O trem capixaba faz um trajeto de 46 km que sai de 15 metros acima do nível do mar e chega a uma altitude de 530 metros, através de pontes, túneis e cachoeiras, pela serra, com vistas do mar e da mata atlântica. A iniciativa de reativar o trem é da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), em parceria com as prefeituras de Viana (cidade que inaugurou o ciclo da imigração européia no Espírito Santo), Domingos Martins, Marechal Floriano e com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Gomes salientou, todavia, que os projetos de uso turístico das linhas de carga ativas ou abandonadas, embora sejam um avanço, não satisfazem a necessidade de transporte massivo de passageiros por trem no Brasil. Segundo o presidente da Ferroeste, a sociedade percebe ser um erro que a quase totalidade do transporte urbano e metropolitano e a absoluta totalidade do transporte intermunicipal e interestadual de passageiros no Brasil seja feita nas rodovias. Segundo Samuel Gomes, as viagens em trens, cada vez mais comuns em outros países, já não existem mais no Brasil. “É uma irracionalidade que gera prejuízos econômicos, sociais e ambientais”. Para o presidente da companhia paranaense, a Ferrosul, empresa ferroviária em processo de criação pelos Estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, buscará mudar este quadro no Sul do Brasil: “Todos os trechos novos que a Ferrosul construirá terão condição técnica para a circulação de trens de passageiros a velocidades superiores a 120 km por hora”, completa Gomes. O presidente da Ferroeste advertiu que em todo o mundo o transporte ferroviário de passageiros depende da participação dos governos: “É preciso abrir o debate sobre a mobilidade no Brasil. Com apoio da sociedade, os governos de vários países colocam dinheiro público no transporte de passageiros por trem, por suas vantagens econômicas, sociais e ambientais. O Brasil precisa avançar mais decidida e rapidamente”, conclui.