Ferroeste completa três anos de operação pública

Depois de três anos da retomada pelo Governo do Paraná, Ferroeste caminha para se tornar Ferrosul, uma ferrovia de propriedade dos quatro Estados do Codesul
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24/12/2009 - 12:15
Editoria
A retomada da Ferroeste pelo Governo do Paraná, comemorada neste mês de dezembro, proporcionou nos últimos três anos de operação pública uma economia de R$ 64 milhões aos usuários da estrada de ferro em custos de pedágio rodoviário que deixaram de ser pagos. O setor produtivo, durante esse período, transportou pelos trilhos da ferrovia paranaense, entre Cascavel e Guarapuava, aproximadamente 4,7 milhões de toneladas úteis. Caso a ferrovia pudesse operar com a sua plena capacidade (5 milhões de toneladas/ano), a poupança interna do transporte de mercadorias poderia ser aumentada em até R$ 70 milhões por ano. Os recursos gerados por essa economia, ao longo de 20 anos, seriam da ordem de 2,2 bilhões, o suficiente para pagar 70% da execução do atual projeto de expansão da Ferroeste. Entre os motivos que impedem a ferrovia de operar com toda a sua capacidade está o gargalo logístico existente na linha da concessionária privada, entre Guarapuava e Ponta Grossa. Esse problema estrutural, observa o presidente da empresa, Samuel Gomes, será solucionado com a construção do novo ramal da Ferroeste de 365 km ligando Guarapuava ao Porto de Paranaguá, que encurtará a distância ferroviária atual entre Cascavel e o Porto em 125 km e reduzirá o ciclo dos vagões dos atuais oito a dez dias para menos de dois dias. A ferrovia passará pelos municípios de Prudentópolis, Irati, Fernandes Pinheiro, Teixeira Soares, Palmeira, Porto Amazonas, Lapa, Balsa Nova, Araucária, Curitiba, São José dos Pinhais, Morretes, Antonina e Paranaguá. Outro motivo para a empresa operar aquém de sua capacidade é a inadequação da atual frota de locomotivas de 1.500 HPs ao projeto original que prevê máquinas de 3.000 HPs. Esta defasagem operacional foi causada pela falta de investimentos da antiga concessionária ao longo de uma década de paralisia e será superada pela licitação, em andamento, de sete locomotivas de 3.000 HPs e outra para a compra de 500 vagões. ENTRANDO NOS TRILHOS Nos últimos três anos, entretanto, a atual diretoria da Ferroeste vem reestruturando a empresa para melhorar o seu desempenho operacional, para atender a demanda, reduzir o custo do transporte e principalmente viabilizar a expansão da malha no sentido do Porto de Paranaguá, Mato Grosso do Sul, Paraguai, Sudoeste do Paraná e Oeste e Norte/Noroeste do Rio Grande do Sul. Com essas medidas, a Ferroeste já ocupa o 78º lugar do ranking das 100 maiores empresas paranaenses e também é a companhia de menor endividamento do Estado. A Ferroeste está classificada também entre os 50 maiores patrimônios líquidos do Paraná, ocupando o 32o lugar no ranking Grandes & Líderes 2009 – As 500 Maiores do Sul, estudo elaborado pela consultoria internacional PricewaterhouseCoopers. A estatal paranaense é a segunda maior empresa de transporte e logística do Estado e a terceira maior da região Sul. Em valores atualizados, a empresa é avaliada em cerca de R$ 700 milhões (sem considerar o valor estimado do direito de concessão dos novos ramais). O presidente da empresa, Samuel Gomes, considera que os números demonstram o potencial da empresa para levar adiante os projetos de expansão e para receber investimentos públicos e privados. Para cumprir sua vocação logística, a Ferroeste possui um projeto audacioso de expansão. A companhia pretende ampliar a sua malha em mais 1,3 mil km (considerando apenas os ramais já programados) com investimentos estimados da ordem de R$ 3 bilhões. Com os novos ramais que serão incluídos com a criação da Ferrosul, nos territórios catarinense e gaúcho, a extensão total poderá alcançar, segundo o presidente da empresa, aproximadamente 2,6 mil km. Em novembro, em reunião no Ministério dos Transportes, com a Ferroeste, Exército, Valec e outros agentes do governo, foi tomada a decisão de se repassar R$ 30 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a atualização dos projetos de engenharia do ramal que ligará o Mato Grosso do Sul ao Porto de Paranaguá e também estudos ambientais. Em entrevista a um jornal de Campo Grande (MS), em maio deste ano, o presidente Lula anunciou “a liberação de R$ 2,3 bilhões para a implantação de uma nova ferrovia ligando Maracaju a Cascavel, no Paraná”, através da Ferroeste, e o aporte de mais R$ 3 bilhões para complementar a ligação ferroviária do Mato Grosso do Sul com o Porto de Paranaguá. “Com esses recursos “, observa Gomes, “todos os ramais previstos atualmente e os novos que virão com a Ferrosul poderão ser construídos”. O projeto da Ferroeste prevê a construção de ramais entre Cascavel e Guaíra, no Paraná, e daí, a Mundo Novo, Dourados e Maracaju (MS). Outro ramal, a Leste, ligará Guarapuava ao Porto de Paranaguá. Também está contemplada a conexão entre Cascavel e Foz do Iguaçu, trecho brasileiro do “corredor bioceânico” unindo os portos do Pacífico e do Atlântico Sul. Partindo do Centro Expandido, região do Cantuquiriguaçu, a Ferroeste projeta outro ramal, pelo Sudoeste do Estado, até Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. Em 2009, a Ferroeste contratou 75 novos funcionários de um total de 128 vagas abertas em concurso público realizado no final de 2008. As novas contratações visam substituir pessoal terceirizado por funcionários do quadro próprio, preparando a empresa para as mudanças, e vão gerar, em 2010, uma economia de aproximadamente R$ 450 mil. Novas contratações, para provimento de vagas do concurso, serão anunciadas ainda este ano. FERROSUL “A Ferroeste é um projeto de integração e desenvolvimento nacional e sul-americano”, afirma o presidente da empresa, lembrando que nesse dia 16 de dezembro o governador Roberto Requião anunciou que enviará, depois de negociações no âmbito do Codesul, lei à Assembléia Legislativa do Paraná propondo a transformação da Ferroeste em Ferrosul, uma nova empresa pública de quatro Estados parceiros (PR, SC, RS e MS). “A Ferroeste desde o início nasceu com essa vocação nacionalista”, afirma Gomes, “porque para industrializar o Brasil é preciso mudar a matriz de transportes”. Segundo ele, “a grande novidade da Ferrosul não é apenas colocar o Sul do Brasil no sistema brasileiro de bitola larga, o que inclui a ligação de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul com a ferrovia Norte-Sul, passando por Maracaju (MS), mas é criar uma ferrovia pública, moderna, uma empresa pública do século 21, altamente lucrativa”, cujos lucros serão aplicados para reduzir os custos do transporte. “E tudo isso”, complementa, “graças à força do povo do Paraná e do Governo do Estado que retomou a Ferroeste”. De acordo com Gomes, a Ferrosul será “uma empresa que nenhum governo entreguista poderá vender por trinta moedas porque será de quatro Estados, aprovada em lei, nas assembléias legislativas”. Essa nova empresa passará a se chamar Ferrovia Pública da Integração do Sul do Brasil S.A – Ferrosul. ESTRATÉGIA No plano estratégico do setor de logística e infra-estrutura a Ferroeste assumiu importante papel de liderança nos últimos três anos. Recentemente a empresa foi indicada para ser a gestora dos projetos de integração logística entre os blocos representados pelo Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul) e pela Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (Zicosul), através do Fórum Permanente de Integração Logística entre as regiões sul-americanas. O presidente da Ferroeste também coordena o grupo de estudo para a retomada do trem regional de passageiros no eixo Londrina-Maringá, o chamado Trem Pé-Vermelho. O Ministério dos Transportes liberou, em dezembro, R$ 400 mil para o estudo inicial de reativação do trem e outros R$ 400 mil serão destinados ao trem regional entre Caxias do Sul e Bento Gonçalves. Ao longo dos três anos, a nova diretoria da Ferroeste angariou apoio e simpatia dos mais variados setores da sociedade organizada e das forças políticas dos quatro Estados (PR, SC, RS, MS), além do Governo Federal, para seus projetos de expansão e desenvolvimento sócio-econômico. Podem ser destacadas: Ocepar, Faep, Fiep, Appa (Porto de Paranaguá), Movimento Pró-Paraná, Sebrae, Fecomércio, Faciap, Caciopar, Convencion & Visitors Bureaux, Coamo, Alcoopar, Acepar, Unicoop (Paraguai), IEP, Senge e Crea. Na área política: Codesul, Parlasul, Frente Parlamentar de Logística (Frenlog, no Congresso Nacional), Frente Parlamentar em Defesa das Ferrovias (SC), Frente Parlamentar do Agronegócio (RS), associações paranaenses de municípios (Amsop, Amcspar, Acamsop14, Pacto Oeste, entre outras) e gaúchas (Amzop, Amuceleiro, entre outras), assim como o Exército Brasileiro, DNIT e Ministério dos Transportes.

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