Ferroeste apresenta projeto de expansão em audiência pública em Chapecó

Única estrada de ferro pública do País prevê que as obras do novo ramal comecem em 2009
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09/10/2008 - 15:50
Editoria
Mais de duzentas pessoas participaram nesta quarta-feira (8) de audiência pública em Chapecó (SC) para conhecer o projeto de expansão da Ferroeste, cujo novo ramal chegará à região. Representantes do Governo do Paraná estiveram na Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic) para colher dados para o estudo de viabilidade da ferrovia e conversaram com lideranças da região para tratar de parcerias e cooperação técnica nas obras. A Ferroeste, única estrada de ferro pública do País, prevê que as obras do novo ramal comecem em 2009. O Oeste catarinense, onde está Chapecó, vive um momento de euforia econômica com a implantação de indústrias de processamento de carnes e produtos alimentícios. O novo trecho da Ferroeste também irá beneficiar o Sudoeste do Paraná, que também vê forte crescimento nas indústrias de carne. “A ferrovia também deverá reduzir o preço de outros produtos, como o calcário, oriundo da Região Metropolitana de Curitiba, e a madeira industrializada na região de Palmas para exportação”, explicou o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes. A construção de ramais da Ferroeste ligando o Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul tem apoio dos governadores do Conselho de Desenvolvimento da Região Sul (Codesul) e do governo federal, que deverá financiar parte da obra, que também terá recursos do BNDES e de bancos privados. “A Ferroeste contribuirá com o aumento da produção local, uma vez que deve haver significativa redução no custo do transporte, além da integração com as regiões produtoras de grãos do Paraná, Mato Grosso do Sul e Cento Oeste”, disse o presidente da ACIC, Vincenzo Mastrogiacomo. A previsão dos especialistas em logística da Ferroeste é que o frete ferroviário custe 30% menos que o rodoviário, reduzindo o preço de insumos para a produção de carnes, especialmente milho e soja, melhorando o desempenho da indústria nacional no mercado internacional. O produto final, que hoje é transportado em caminhões com contêineres refrigerados para os grandes centros e para os portos do Paraná e Santa Catarina, também será transportado por trem. O objetivo de audiências públicas como a desta quarta-feira é apresentar e discutir o plano de trabalho do estudo de viabilidade primeira fase da ferrovia e iniciar a coleta de informações sócio-econômicas nas regiões próximas à expansão da estrada de ferro. No último dia 1.º, a Ferroeste promoveu encontro similar em Francisco Beltrão (Sudoeste de Paraná). Os dados colhidos serão fundamentais para compor o estudo de viabilidade dos novos trechos da ferrovia, coordenado pelo Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) com apoio do Laboratório de Logística e Transportes da Universidade Federal de Santa Catarina (Labtrans) e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). “A redução do custo de transporte é vital para que o Brasil ocupe um espaço maior no comércio internacional. E isto só é possível com a implantação de uma política pública de transporte ferroviário eficiente”, argumentou Gomes. “Uma redução de apenas 10% no custo do transporte no Brasil aumentaria em até 43% o volume das exportações brasileiras para os Estados Unidos e em 39% para a América do Sul, conforme recente estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)”, acrescentou. “A crise não deve nos assustar, mas fazer com que nos centremos no que é essencial: fazer o quanto antes investimentos em infra-estrutura que possibilitem a redução dos custos logísticos do País. O Brasil não tem mais tempo a perder”, ressaltou o executivo da Ferroeste, que defende parcerias público-privadas no setor de transportes. “O transporte ferroviário é um monopólio natural. Por isso, o Estado deve atuar com força para proteger a economia do aumento indevido e injustificado dos fretes, o que somente é possível com uma empresa pública como a Ferroeste”. O modelo ferroviário paranaense está sendo exportado para Santa Catarina e Mato Grosso do Sul e deve se transformar, em breve, num projeto regional.

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