Mais de duzentas pessoas participaram nesta quarta-feira (8) de audiência pública em Chapecó (SC) para conhecer o projeto de expansão da Ferroeste, cujo novo ramal chegará à região. Representantes do Governo do Paraná estiveram na Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic) para colher dados para o estudo de viabilidade da ferrovia e conversaram com lideranças da região para tratar de parcerias e cooperação técnica nas obras.
A Ferroeste, única estrada de ferro pública do País, prevê que as obras do novo ramal comecem em 2009. O Oeste catarinense, onde está Chapecó, vive um momento de euforia econômica com a implantação de indústrias de processamento de carnes e produtos alimentícios. O novo trecho da Ferroeste também irá beneficiar o Sudoeste do Paraná, que também vê forte crescimento nas indústrias de carne.
“A ferrovia também deverá reduzir o preço de outros produtos, como o calcário, oriundo da Região Metropolitana de Curitiba, e a madeira industrializada na região de Palmas para exportação”, explicou o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes.
A construção de ramais da Ferroeste ligando o Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul tem apoio dos governadores do Conselho de Desenvolvimento da Região Sul (Codesul) e do governo federal, que deverá financiar parte da obra, que também terá recursos do BNDES e de bancos privados.
“A Ferroeste contribuirá com o aumento da produção local, uma vez que deve haver significativa redução no custo do transporte, além da integração com as regiões produtoras de grãos do Paraná, Mato Grosso do Sul e Cento Oeste”, disse o presidente da ACIC, Vincenzo Mastrogiacomo.
A previsão dos especialistas em logística da Ferroeste é que o frete ferroviário custe 30% menos que o rodoviário, reduzindo o preço de insumos para a produção de carnes, especialmente milho e soja, melhorando o desempenho da indústria nacional no mercado internacional.
O produto final, que hoje é transportado em caminhões com contêineres refrigerados para os grandes centros e para os portos do Paraná e Santa Catarina, também será transportado por trem.
O objetivo de audiências públicas como a desta quarta-feira é apresentar e discutir o plano de trabalho do estudo de viabilidade primeira fase da ferrovia e iniciar a coleta de informações sócio-econômicas nas regiões próximas à expansão da estrada de ferro. No último dia 1.º, a Ferroeste promoveu encontro similar em Francisco Beltrão (Sudoeste de Paraná).
Os dados colhidos serão fundamentais para compor o estudo de viabilidade dos novos trechos da ferrovia, coordenado pelo Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) com apoio do Laboratório de Logística e Transportes da Universidade Federal de Santa Catarina (Labtrans) e do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
“A redução do custo de transporte é vital para que o Brasil ocupe um espaço maior no comércio internacional. E isto só é possível com a implantação de uma política pública de transporte ferroviário eficiente”, argumentou Gomes. “Uma redução de apenas 10% no custo do transporte no Brasil aumentaria em até 43% o volume das exportações brasileiras para os Estados Unidos e em 39% para a América do Sul, conforme recente estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)”, acrescentou.
“A crise não deve nos assustar, mas fazer com que nos centremos no que é essencial: fazer o quanto antes investimentos em infra-estrutura que possibilitem a redução dos custos logísticos do País. O Brasil não tem mais tempo a perder”, ressaltou o executivo da Ferroeste, que defende parcerias público-privadas no setor de transportes.
“O transporte ferroviário é um monopólio natural. Por isso, o Estado deve atuar com força para proteger a economia do aumento indevido e injustificado dos fretes, o que somente é possível com uma empresa pública como a Ferroeste”. O modelo ferroviário paranaense está sendo exportado para Santa Catarina e Mato Grosso do Sul e deve se transformar, em breve, num projeto regional.
Ferroeste apresenta projeto de expansão em audiência pública em Chapecó
Única estrada de ferro pública do País prevê que as obras do novo ramal comecem em 2009
Publicação
09/10/2008 - 15:50
09/10/2008 - 15:50
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