Federação das Indústrias do MS quer integrar conselho consultivo da Ferrosul

O conselho consultivo da Ferrosul será composto pelo poder público e lideranças dos setores produtivos do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
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09/06/2010 - 17:22
Editoria

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O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, convidou a Federação das Indústrias do Mato Grosso do Sul (Fiems) a integrar o conselho consultivo da Ferrosul, empresa que está sendo criada para planejar, construir e operar novas ferrovias em bitola mista - larga e métrica - nos quatro estados do Codesul (PR, MS, SC e RS). O convite foi formalizado na noite desta terça-feira (8) em reunião de trabalho no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande, ao 1º vice-presidente da entidade, Alonso Resende do Nascimento.
O vice-presidente da Fiems, declarou que “a Fiems, sem dúvida nenhuma, tem todo o interesse de integrar esse conselho, pois será onde a entidade poderá contribuir com o sucesso da empreitada”. Nascimento afirmou que a criação da Ferrosul é de muito interesse para o Mato Grosso do Sul, ressaltando que a nova empresa, como sucessora da Ferroeste, hoje operando apenas no Paraná, passará a abranger os quatro Estados do Sul do País.
O conselho consultivo da Ferrosul, segundo Samuel Gomes, será composto pelo poder público e lideranças dos setores produtivos do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O setor produtivo, frisou Gomes, terá participação efetiva na política de implantação da ferrovia e no delineamento estratégico da estrada de ferro. “Os governadores e parlamentares desses quatro Estados não estão criando uma ferramenta para o uso do Estado, mas da sociedade, dos produtores”, disse ele. “Este é o espírito da Ferroeste e será o espírito da Ferrosul: ferrovia para os produtores. O Estado do Paraná investiu US$ 363 milhões na Ferroeste, sem esperar retorno, mas visando ao desenvolvimento do conjunto da sociedade. Assim será com a Ferrosul”, declarou Gomes.
O presidente da Ferroeste disse que vários setores estão envolvidos no projeto. “Vamos contar com as universidades desses quatro Estados”, disse Gomes, adiantando que o LabTrans da UFSC deve “elaborar um plano diretor de macrologística de toda a região, com a parceria da UFMS, UFPR, UEL, UEM, UFRGS e outras, e com institutos de pesquisa, como o paranaense LACTEC”. Samuel Gomes sublinhou que “esta rede de inteligência logística que se cria em torno da Ferrosul precisa contar com os setores de pesquisas e economistas ligados aos setores produtivos”.
FIEMS
O vice-presidente da Fiems, Alonso Resende do Nascimento, também lembrou os benefícios que a estrada de ferro trará para o seu Estado. “Hoje, o nosso grande gargalo é o transporte rodoviário, que predomina em torno de 90% em Mato Grosso do Sul, enquanto o ferroviário, que reduz os custos de transporte da nossa produção, contribui com muito pouco. Dessa maneira, com a implantação da Ferrosul vai melhorar significantemente os custos de transporte da nossa produção para o restante do País e para os grandes portos do Brasil”, afirmou.
Já Samuel Gomes assegurou que “a partir da Ferroeste, a Ferrosul nasce forte, com um ativo tangível de R$ 800 milhões, que é o valor da nossa ferrovia entre Cascavel e Guarapuava, com direitos de construção e operação que podem atingir o valor de R$ 2 bilhões. E nasce sem qualquer dívida”.
A Ferroeste, dentre as grandes empresas do Sul, é a menos endividada, como constatou estudo da consultoria internacional PriceWaterhouseCoopers para a revista Amanhã. “A Ferrosul é, portanto, uma empresa que já nasce com uma alta capacidade de alavancagem. Uma grande empresa que vai planejar, construir e operar sistemas logísticos numa das maiores fronteiras agrícolas do mundo e que possui vários pólos industriais importantes, como Curitiba (PR), Caxias do Sul (RS) e Joinville (SC). Com a realização do projeto da Ferrosul a grande região do Codesul passará a contar com um conjunto de ferrovias e sistemas logísticos à altura dos melhores do mundo”, ressaltou.
Segundo o presidente da Ferroeste, “a luta política que deve nos unir a partir de agora é para que todas as ferrovias planejadas pelo governo federal na região sejam concessões da Ferrosul”.
Samuel Gomes adiantou à Fiems que é possível construir todo o sistema da Ferrosul entre 2011 e 2013. “Elaboramos um plano de trabalho com o Exército de fazer módulos de 50 quilômetros, o que permite construir simultânea e rapidamente os vários ramais. O Exército, segundo é a nossa vontade, será o gestor da construção das linhas da Ferrosul, como foi da construção da linha da Ferroeste”, disse ele. “Também vamos atrás de dinheiro da União para reduzir o custo do frete em função do financiamento. Temos oferta de financiamento internacional, mas quanto menos recursos tivermos de obter do sistema financeiro, menor será o custo do frete”, justificou.
Gomes também explicou que alguns ramais projetados estão com os projetos executivos prontos. “Nós já estamos trabalhando junto ao Ibama nos estudos ambientais para a ferrovia. Em quatro dias e 20 horas de vôo percorremos, com um helicóptero do Exército, em agosto do ano passado, 2.500 quilômetros, inclusive vistoriando trechos do projeto no Mato Grosso do Sul”, lembrou Gomes.