Exposição de fotos na França mostra o cotidiano de quilombolas do Paraná

Fotógrafa paranaense Fernanda Castro abre mostra na cidade de Grenoble
Publicação
27/03/2009 - 15:00
Editoria
Um olhar, uma expressão de um rosto marcado pela vida, o artesanato que enfeita a mesa, esses são alguns detalhes captados pela lente da fotógrafa paranaense Fernanda Castro, e que compõem a mostra “Comunidades Afrodescendentes do Sul do Brasil: Registros do Cotidiano”, na cidade de Grenoble, França. “Há uma beleza intrínseca que tento traduzir através da fotografia e para isso valho-me da empatia delicada e respeitosamente tecida com os moradores locais, ingrediente essencial para que possamos abrir as portas desse universo”, afirma a fotógrafa. O convite para a exposição ocorreu durante uma palestra que Fernanda realizou na Université Pierre Mendes. “Uma antropóloga francesa assistiu meu seminário e se interessou porque ele ia ao encontro com o assunto que ela estudava em Antropologia Social. Ela me fez o convite, fiquei muito lisonjeada e aceitei”, conta Fernanda. A exposição ficará por duas semanas em uma sala de exposições da universidade francesa e depois volta ao Brasil. As fotografias oferecem um breve registro da vida cotidiana em algumas comunidades negras do Paraná. Mais especificamente, enfocam as comunidades do Sutil (Ponta Grossa), Guajuvira (Curiúva), Queimadinho (Doutor Ulysses), João Surá (Adrianópolis), Palmital dos Pretos (Campo Largo) e Sítio dos Pretos (Arapoti). Em setembro, Fernanda deve voltar à França para fazer parte de um seminário sobre a América do Sul. “Esses seminários são uma preparação para um encontro maior que deve ocorrer no segundo semestre deste ano”. FOTOGRAFIA – O interesse da fotógrafa pelas comunidades negras do Paraná começou há cerca de nove anos, quando foi convidada pela antropóloga Miriam Hartung a fazer a documentação fotográfica da comunidade de Sutil, que seria utilizada em sua pesquisa de doutorado. “Este trabalho em parceria me fez lembrar da minha própria história, da infância passada em um sítio na região Norte do Paraná, sendo filha de pai negro e mãe branca. Acima de tudo, isso possibilitou minha identificação com as famílias que nos receberam em suas casas e nos contaram suas histórias de vida”, diz Fernanda. Depois de um ano de trabalho, Fernanda montou sua primeira exposição sobre a comunidade quilombola e não parou mais. Hoje é integrante do Grupo de Trabalho Clóvis Moura, criado pelo Governo do Paraná e assim denominado em homenagem ao jornalista, historiador e sociólogo reconhecido como um dos principais intelectuais negros brasileiros, falecido em 2003. O grupo é encarregado da identificação e mapeamento das comunidades negras tradicionais remanescentes de quilombos no Estado. “Como integrante do grupo pude dar prosseguimento ao meu trabalho de documentação fotográfica”, afirma. Fernanda começou a fotografar na década de 60. Ela trabalhou nos jornais O Estado do Paraná, Correio de Notícias, Gazeta Mercantil e atualmente está na Secretaria de Comunicação do Paraná. Participou de várias exposições coletivas, uma delas na Alemanha, em 1987. Suas mostras individuais já percorreram o Paraná, Uruguai e França. Premiada em diversos salões, suas fotos integram importantes acervos do Estado.

GALERIA DE IMAGENS