A expansão da Ferroeste, ferrovia pública paranaense que atualmente liga os municípios de Guarapuava e Cascavel, na Região Oeste, deve baixar de 30% a 40% os custos de transporte no Paraná, afirmou o diretor-presidente da concessionária, Samuel Gomes, durante encontro com empresários paranaenses promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) através dos Conselhos Temáticos de Infra-estrutura e Comércio Exterior.
“O grande desafio do Brasil é reduzir os custos de transporte”, disse Gomes, citando um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que aponta que uma redução de 10% nos custos logísticos brasileiros acarretaria em uma expansão de 43% das exportações do País.
A Ferroeste pretende construir 1,2 mil novos quilômetros de ferrovias interligando o Paraná aos Estados de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina e ao Paraguai, além de viabilizar a ligação ferroviária entre Guarapuava e Paranaguá.
“O transporte ferroviário é um setor estratégico em que o Estado brasileiro precisa atuar. A expansão da Ferroeste será uma verdadeira revolução logística para a região”, afirmou o diretor da empresa.
De acordo com Gomes, a Ferroeste já tem em mãos estudos de pré-viabilidade de alguns dos ramais previstos no projeto. “O custo total do projeto deve ser de R$ 3 bilhões, mas somente o trecho entre Guarapuava e Paranaguá, que é condição para os outros, deve custar entre R$ 1 e R$ 1,5 bilhões”, afirmou. “Não serão utilizados recursos orçamentários. O projeto se pagará com produção”, completou o diretor-presidente da estrada de ferro.
Gomes disse acreditar que a construção dos novos ramais – que, a exemplo do trecho inicial, construído em 1991, deve contar com a parceria do Exército – deve se iniciar no final de 2009 ou, no máximo, início de 2010: “São módulos que interagirão entre si e poderão ser construídos simultaneamente”.
Segundo dados da concessionária, a capacidade de escoamento da Ferroeste hoje é de 5,5 milhões de toneladas/ano. A expansão, afirmou Samuel Gomes, também deve reduzir consideravelmente o tempo gasto no transporte: “O ciclo dos vagões do transporte entre Cascavel e Paranaguá hoje é de oito dias e meio. Vamos reduzir este tempo para um dia”, afirmou.
“O transporte ferroviário é estratégico para termos condição de trabalhar a questão tarifária. É preciso se fazer investimentos na malha, na construção de trilhos e na adequação de trechos”, disse o consultor de logística, infra-estrutura e transporte da Fiep, Mário Stamm.
“Vemos com muita atenção e como muito oportuna a ampliação da malha ferroviária no Paraná, especialmente o trecho entre Guarapuava e Desvio Ribas, que é um gargalo logístico. É possível construir este trecho ferroviário com grande rapidez”, completou.
Citando o projeto Paraná Multimodal, produzido pela Fiep para avaliar as ações de logística, infra-estrutura e transporte fundamentais para o desenvolvimento do Estado, Stamm lembrou que é vital se pensar em plataformas multimodais, em que “há um significativo ganho de escala com a redução do tempo de armazenagem”.