Estudos do Lactec minimizam prejuízos das chuvas sobre Brusque

Cidade catarinense não sofreu os mesmos problemas enfrentados pelas populações de Itajaí e Blumenau nas enchentes das últimas semanas
Publicação
04/12/2008 - 18:11
Por causa de um conjunto de estudos, encomendado durante as décadas de 1980 e 1990 ao Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), a cidade catarinense de Brusque não sofreu os mesmos problemas enfrentados pelas populações de Itajaí e Blumenau nas enchentes das últimas semanas. O resultado das avaliações do Instituto, entregues à prefeitura do município na ocasião, foram os projetos de uma grande avenida construída sobre um nível alto margeando o rio Itajaí Mirim - um dos afluentes do Itajaí-Açu -, e mais duas importantes obras: a implantação de gabiões de pedra nas margens do rio e a elevação de uma ponte. Essas ações impediram que as enchentes levassem prejuízos mais significativos a Brusque. “A capacidade dos trabalhos técnicos do Lactec foi mais uma vez comprovada. Os resultados mostram que o instituto está na ponta não apenas nas áreas de energia e motores, mas já há muitos anos na pesquisa nas áreas de meio ambiente e assuntos hídricos. Estes pontos vêm sendo incessantemente estudados pelos nossos pesquisadores e os benefícios estão espalhados por usinas, represas e rios em todo o Brasil”, diz Luiz Malucelli Neto, diretor-superintendente do Lactec. De acordo com a pesquisadora da Divisão de Meio Ambiente do Lactec, Ingrid Illich Muller, o instituto elaborou em duas ocasiões estudos sobre o conjunto de alternativas que deveriam trazer benefícios com custos mais baixos que os das medidas que vinham sendo usadas. “A prefeitura de Brusque procurou o Lactec após a grande enchente de 1983, evento que trouxe muitos prejuízos para a região. A cidade aplicou alguns projetos logo em seguida e não sofreu muitos danos nas chuvas de 1986”, afirma. Ingrid explica que a Avenida Beira Rio foi implantada em 1996 e fazia parte de um outro pacote de sugestões levantadas pelo Lactec. “Foram estudados também o revestimento das margens do rio com gabiões e a retificação de alguns pontos, com projeções do escoamento que não afetassem a população”, diz. Segundo a pesquisadora, do estudo inicial foram adotadas as idéias mais promissoras, que se mostraram eficientes em várias ocasiões. O Lactec estudou áreas em União da Vitória e Curitiba, em pontos tradicionalmente atingidos pelas chuvas e potencialmente perigosos. Dois anos após a conclusão da usina de Foz do Areia (Sul do Paraná), a Copel encomendou uma avaliação dos impactos da obra sobre a região e descobriu que a causa das enchentes na cidade não era a nova represa e que as cheias na região são causadas pela ação natural das chuvas. Ingrid Muller afirma que o estudo do Lactec deu subsídios para que a prefeitura de União da Vitória projetasse as soluções a partir desta constatação. Em Curitiba o Lactec pesquisa a influência das chuvas sobre regiões críticas, como as margens da BR-277 no sentido do Litoral paranaense, na altura da estação de tratamento da Sanepar. “Aquela é uma área plana com grande índice populacional. Os estudos podem avaliar quais os pontos mais sensíveis e as ações que devem ser tomadas para evitar problemas com as enchentes”, explica Ingrid.