Por causa de um conjunto de estudos, encomendado durante as décadas de 1980 e 1990 ao Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), a cidade catarinense de Brusque não sofreu os mesmos problemas enfrentados pelas populações de Itajaí e Blumenau nas enchentes das últimas semanas. O resultado das avaliações do Instituto, entregues à prefeitura do município na ocasião, foram os projetos de uma grande avenida construída sobre um nível alto margeando o rio Itajaí Mirim - um dos afluentes do Itajaí-Açu -, e mais duas importantes obras: a implantação de gabiões de pedra nas margens do rio e a elevação de uma ponte. Essas ações impediram que as enchentes levassem prejuízos mais significativos a Brusque.
“A capacidade dos trabalhos técnicos do Lactec foi mais uma vez comprovada. Os resultados mostram que o instituto está na ponta não apenas nas áreas de energia e motores, mas já há muitos anos na pesquisa nas áreas de meio ambiente e assuntos hídricos. Estes pontos vêm sendo incessantemente estudados pelos nossos pesquisadores e os benefícios estão espalhados por usinas, represas e rios em todo o Brasil”, diz Luiz Malucelli Neto, diretor-superintendente do Lactec.
De acordo com a pesquisadora da Divisão de Meio Ambiente do Lactec, Ingrid Illich Muller, o instituto elaborou em duas ocasiões estudos sobre o conjunto de alternativas que deveriam trazer benefícios com custos mais baixos que os das medidas que vinham sendo usadas. “A prefeitura de Brusque procurou o Lactec após a grande enchente de 1983, evento que trouxe muitos prejuízos para a região. A cidade aplicou alguns projetos logo em seguida e não sofreu muitos danos nas chuvas de 1986”, afirma.
Ingrid explica que a Avenida Beira Rio foi implantada em 1996 e fazia parte de um outro pacote de sugestões levantadas pelo Lactec. “Foram estudados também o revestimento das margens do rio com gabiões e a retificação de alguns pontos, com projeções do escoamento que não afetassem a população”, diz. Segundo a pesquisadora, do estudo inicial foram adotadas as idéias mais promissoras, que se mostraram eficientes em várias ocasiões.
O Lactec estudou áreas em União da Vitória e Curitiba, em pontos tradicionalmente atingidos pelas chuvas e potencialmente perigosos. Dois anos após a conclusão da usina de Foz do Areia (Sul do Paraná), a Copel encomendou uma avaliação dos impactos da obra sobre a região e descobriu que a causa das enchentes na cidade não era a nova represa e que as cheias na região são causadas pela ação natural das chuvas. Ingrid Muller afirma que o estudo do Lactec deu subsídios para que a prefeitura de União da Vitória projetasse as soluções a partir desta constatação.
Em Curitiba o Lactec pesquisa a influência das chuvas sobre regiões críticas, como as margens da BR-277 no sentido do Litoral paranaense, na altura da estação de tratamento da Sanepar. “Aquela é uma área plana com grande índice populacional. Os estudos podem avaliar quais os pontos mais sensíveis e as ações que devem ser tomadas para evitar problemas com as enchentes”, explica Ingrid.
Estudos do Lactec minimizam prejuízos das chuvas sobre Brusque
Cidade catarinense não sofreu os mesmos problemas enfrentados pelas populações de Itajaí e Blumenau nas enchentes das últimas semanas
Publicação
04/12/2008 - 18:11
04/12/2008 - 18:11
Editoria