A Copel concluiu que é viável construir um alcoolduto no Paraná ligando o pólo produtor de Maringá ao Porto de Paranaguá, cobrindo uma extensão de 528 quilômetros, e mais uma variante destinada a incorporar a produção das usinas do Norte do Estado.
Esse é o resultado de estudos preliminares que vêm sendo realizados há mais de um ano pela Companhia, que planeja diversificar as fontes e formas de energia com as quais trabalha. “Esse projeto é muito complexo e será um grande desafio para a Copel, pois marcará seu ingresso na área do transporte de energia sob a forma líquida”, disse Luiz Antonio Rossafa, diretor de gestão corporativa da empresa.
O projeto integra o elenco de empreendimentos da Política de Desenvolvimento do Paraná (PDE) apresentada recentemente pelo governador Roberto Requião, e está alinhada com as diretrizes estratégicas para o setor de energia no Paraná. “A diversificação crescente da matriz energética do Estado aproveitando fontes naturais, renováveis e não poluentes não é mais uma tendência, mas o caminho para o futuro”, registrou Rossafa. “A construção do alcoolduto é, além de um interessante projeto de desenvolvimento, um salto estratégico e de qualidade que Requião oferece para o Paraná e um desafio muito estimulante que propõe para a Copel”.
Investimentos
O alcoolduto, que deverá levar entre 3 e 4 anos para ser construído e capacidade de transportar 300 mil metros cúbicos mensais de combustível, tem investimentos estimados em cerca de R$ 630 milhões, conforme apontam os estudos de pré-viabilidade conduzidos em conjunto pela Copel, Compagas (sua subsidiária para comercialização de gás canalizado) e Alcopar - Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná. “O estudo será aprofundado e detalhado, buscando a plena otimização de todo o projeto e o máximo benefício para a população”, informa o diretor. “Por isso, acreditamos que seja possível melhorar muita coisa a partir desse estudo preliminar, inclusive especificações técnicas e de materiais, reduzindo os custos de implantação”.
O estudo considerou para fins de orçamento o emprego de dutos de 12 polegadas feitos de uma liga de aço e carbono, material capaz de suportar níveis bastante elevados de pressão. “Mas existem alternativas mais baratas cuja viabilidade precisa ser devidamente estudada e avaliada”, ressalvou Sérgio Fedalto, da Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico da Copel e integrante da equipe responsável pelos estudos. Por exemplo, dutos metálicos feitos de outras ligas de aço ou mesmo dutos de polipropileno de alta densidade, material que a Compagas já utiliza nas suas redes de gás.
“Todas as características e o detalhamento físico e financeiro do empreendimento, incluindo o trajeto, começarão a ser aprofundados agora para que possamos, ainda este ano, ter o projeto definitivamente consolidado, inclusive sob o ponto de vista legal e ambiental”, adiantou Rossafa.
Parceria
O prosseguimento dos estudos deverá, também, apontar para a Copel a melhor forma de arranjo empresarial para execução e operação do alcoolduto. “Ainda não definimos se a Copel vai constituir um consórcio ou se vai formar uma empresa de propósito específico”, observou Rossafa. “Tudo o que é possível dizer é que a Copel, por força de lei estadual, deverá ter participação mínima de 51% no empreendimento”.
A Copel estuda a possibilidade de ter a Compagas como parceira no alcoolduto, junto com a Petrobras, APPA - Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, e Alcopar, a associação que congrega os produtores de álcool e açúcar no Estado.
Nos levantamentos destinados a investigar a viabilidade do alcoolduto, a Copel projetou um traçado que aproveita áreas já desapropriadas e impactadas sob o ponto de vista do meio ambiente, evitando novas interferências sobre o ecossistema. Conforme os estudos preliminares, o alcoolduto passaria por faixas de segurança das linhas de transmissão da Copel nos cerca de 250 km entre Maringá e Jaguariaíva, na região central do Estado, e acompanharia por 83 km a rodovia PR-092 até a cidade de Doutor Ulysses. Nesse ponto, o duto passaria a seguir o traçado do Gasbol (gasoduto de gás natural boliviano) por 100 km até Araucária. Para vencer os últimos 95 km até o Porto de Paranaguá, o alcoolduto acompanharia o oleoduto já existente e operado pela Petrobras.