A exemplo de todas as hidrelétricas situadas na Região Sul do país, cujos reservatórios refletem os efeitos da falta de chuvas regulares desde dezembro passado, a Usina Salto Caxias também opera com capacidade reduzida, atendendo à estratégia definida pelo ONS – Operador Nacional do Sistema de preservar os níveis médios de acumulação de água em torno dos 30% da capacidade, o que vem sendo conseguido.
Faz parte dessa estratégia restringir a geração hidrelétrica no Sul a períodos do chamado horário de ponta, quando é maior a demanda por potência. Fora disso, as usinas ficam à disposição do sistema elétrico, prontas para gerar energia, mas sem turbinar água.
“Nenhuma das hidrelétricas do Sul está parada por falta de água no reservatório”, explica o diretor de geração e transmissão de energia da Copel, Raul Munhoz Neto. “Apesar da situação não ser favorável, as usinas podem operar e só não o fazem pela correta opção de estratégia do ONS, que intensificou a geração em usinas cujos reservatórios estão em melhor situação para poupar a água que ainda temos em estoque”.
Em recente entrevista à imprensa em Curitiba, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, garantiu que a situação está sob controle e descartou taxativamente qualquer hipótese de falta de energia elétrica. “Não há a menor possibilidade de racionamento, porque estamos preservando os níveis dos reservatórios”, assegurou.
Vertimento – Apesar de passar a maior parte do dia sem gerar, a Usina de Salto Caxias vem mantendo uma das 14 comportas de seu vertedouro aberta para permitir a passagem de uma vazão média de 200 metros cúbicos por segundo. O vertedouro é uma estrutura normalmente usada em situação de cheias, para descarregar volumes excedentes de água e evitar que o reservatório transborde.
“Não deixa de ser curioso ver uma usina verter água durante uma estiagem prolongada”, comenta Munhoz, que justifica a medida como forma de preservar o reservatório de Salto Caxias e obedecer à legislação ambiental. “Precisamos manter vazões médias mínimas de 200 metros cúbicos por segundo na usina, mas seria preciso o dobro dessa quantidade de água para movimentar uma das turbinas na potência mínima”, esclarece. “Assim, com a concordância do ONS, desde junho Salto Caxias está vertendo nos momentos do dia em que o sistema elétrico não precisa da sua energia”.
Outra peculiaridade de Salto Caxias é a de ser uma usina do tipo fio d’água, ou seja, para operar conta com um reservatório que não faz estoque de água, mas apenas regulariza a vazão do rio. “Em termos simplificados, ela é uma usina projetada para aproveitar a vazão corrente do Iguaçu que naquele ponto, conforme a média estatística histórica, é de 1.246 metros cúbicos por segundo”, observa Raul Munhoz. “Por esse motivo, seu reservatório é bastante pequeno, apresentando variação de apenas 2 metros entre os níveis máximo e mínimo de acumulação”.
Na sexta-feira (11), o volume de preenchimento do reservatório de Salto Caxias correspondia a 35% da capacidade.