Estiagem já está afetando lavouras de feijão e milho no Paraná

Há mais de 20 dias não chove em algumas regiões do Estado, principalmente no Oeste e Sudoeste, onde a situação das lavouras começa a preocupar a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento
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05/12/2008 - 17:50
Editoria
O Paraná cultivou uma área maior na safra de verão 2008/09, cerca de 5,68 milhões de hectares, com a expectativa de colher 22,6 milhões de toneladas de grãos somente nesse período. Porém, essa previsão não será atingida em função da estiagem que já está afetando as lavouras de feijão e milho e já está causando problemas na soja. Segundo o Simepar, há cerca de 20 dias não chove em todo o Estado, principalmente nas regiões Oeste e Sudoeste, situação que vem preocupando o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini. O secretário não descartou um agravamento das perdas caso as chuvas não ocorram nos próximos dias. Bianchini manifestou preocupação com os pedidos de seguro agrícola que começam a se avolumar nos bancos que financiaram o plantio da safra 2008/09. Segundo o secretário, toda a equipe do Departamento de Economia Rural (Deral) já está em campo avaliando os impactos da falta de chuvas nas principais lavouras cultivadas no Estado. O levantamento completo deverá estar concluído e será divulgado na segunda quinzena desse mês. Conforme o acompanhamento de plantio e colheita, feito sistematicamente pelo Deral, a situação das lavouras de soja e milho só não é mais grave em função do uso intensivo da técnica do plantio direto. O feijão também está sendo mais afetado pela falta de chuvas. O levantamento do Deral indica que 98,7% da área plantada com milho, estimada em 1,27 milhão de hectares, foi concluído. Desse total, cerca de 79% da área está em desenvolvimento vegetativo, 18% em floração e 2% em frutificação. A situação é mais preocupante com as lavouras em floração, fase em que elas mais sentem o déficit hídrico e a situação compromete o potencial produtivo e provoca danos irreversíveis, avaliou a engenheira agrônoma Margorete Demarchi. A agrônoma destaca que 50% do plantio da primeira safra de milho está concentrado na região Sul do Paraná, onde a situação ainda não está tão crítica e a quantidade de lavouras em fase de floração é menor. Os casos mais preocupantes se localizam na região Oeste, onde já há casos de perdas de lavouras que devem ser quantificadas em poucos dias. As lavouras de feijão estão sofrendo por causa da estiagem e também por outros fatores climáticos desfavoráveis ocorridos desde o plantio. Segundo Demarchi, faltou umidade ideal para o plantio e germinação nos meses de agosto e setembro, seguido de excesso de chuvas e ventos frios. De outubro até meados de novembro, as chuvas ficaram acima do normal, o que acabou atrapalhando o desenvolvimento de lavouras localizadas na região Sul, onde se concentra 70% da produção estadual de chuvas. O quadro atual de plantio e colheita indica que 10% da produção já foi colhida, com bom resultado no que se refere à qualidade dos grãos. Do restante das lavouras, 1% está em fase de germinação, 36% em desenvolvimento vegetativo, 28% em floração, que é a fase mais crítica para o déficit hídrico, 24% em frutificação e 11% em maturação. Conforme o levantamento do Deral, a produtividade do feijão obtida até agora é de 1.212 quilos por hectare, 28% abaixo do esperado. Com isso, já é possível prever uma queda de 4% na produção esperada que cai de uma estimativa inicial de 605.232 toneladas para 581.889 toneladas que devem ser colhidas nesta safra de verão no Paraná.

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