Estados do Sul criam comissão permanente de agricultura para monitorar efeitos do La Niña

O grupo de trabalho irá elaborar um programa de monitoramento e ações de mitigação dos efeitos da estiagem decorrentes do fenômeno La Niña
Publicação
03/09/2010 - 13:38
Editoria
Os governos do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul estão criando uma comissão permanente de agricultura do bloco, com o objetivo de elaborar um programa de monitoramento e ações de mitigação dos efeitos da estiagem decorrentes do fenômeno La Niña.  A decisão foi tomada nesta sexta-feira (3), em Esteio-RS, durante reunião do Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração.
Os governadores entendem que, devido à proximidade de um prolongado período de seca, a comissão permanente deve iniciar seu trabalho imediatamente. “As mudanças climáticas são cada vez mais insistentes. Em função disso, os estados estão trabalhando de forma direta para amenizar as conseqüências da estiagem. Temos visto, em alguns estados brasileiros, 50% de quebra na produção agrícola. Portanto, esta é uma das mais importantes decisões tomadas na reunião dos governadores”, destacou Santiago Gallo, secretário executivo do Codesul-Paraná.
A reunião contou com a presença dos governadores Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul, e Leonel Pavan, de Santa Catarina. Os governadores Orlando Pessuti, do Paraná, e André Puccinelli, do Mato Grosso do Sul, não puderam seguir viagem até Esteio devido ao mau tempo. Pessuti foi representado, na oportunidade, pelo secretário dos Transportes, Mario Stamm Filho, e pelo presidente do BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, José Moraes Neto.
FRUTAS CÍTRICAS – Outra importante decisão do bloco foi a assinatura de um ofício destinado ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Gonçalves Rossi, condenando as restrições impostas pelos paises do Mercosul aos produtores brasileiros de frutas cítricas.
É que, desde 2005, os produtores dos países integrantes do Mercosul, com exceção dos brasileiros, contam com ferramenta jurídica legalmente aprovada pelos países membros, o que lhes garante livre acesso ao comércio internacional de frutas cítricas procedentes de regiões contaminadas com a praga do cancro cítrico. O tratamento desigual tem acarretado enormes prejuízos econômicos e sociais aos produtores brasileiros. Atualmente, o comércio de frutas cítricas produzidas na região do Codesul está restrito ao mercado interno. Os produtores estão impedidos de buscar novos mercados devido à impossibilidade de obter certificação fitossanitária.
ERVA-MATE – Em outro documento, os governadores propõem a criação de um grupo de trabalho, dentro da Comissão Permanente de Agricultura, para a revitalização e desenvolvimento da cadeia produtiva da erva-mate. A primeira missão do grupo é elaborar um “Diagnóstico da Cadeia Produtiva” nos quatro estados que formam o Codesul, a ser apresentado aos governadores num prazo de 60 dias. Os técnicos do Codesul entendem que, devido à importância da cadeia produtiva da erva-mate no contexto do agronegócio brasileiro, existe a necessidade urgente de articulação do setor em todos os seus elos para a organização da demanda e oferta e o aumento do poder de negociação dos produtores.
MAÇÃ – Os governadores também decidiram enviar oficio ao ministro Wagner Gonçalves Rossi intercedendo em favor dos produtores de maças. Os estados do Sul são responsáveis por 90% da produção brasileira, que na safra 2009-2010 atingiu a 1,3 milhão de toneladas. Na região do Codesul, a cultura é feita em pequenas propriedades, o que tem acarretado dificuldades na comercialização. Eles entendem que o caminho para o saneamento desse cenário é o fortalecimento da cultura do associativismo e sua reorganização na região.
Mas as cooperativas existentes estão fechadas para a adesão de novos cooperados. Os governadores querem que o Ministério adotem programas de promoção do associativismo, de promoção da competitividade comercial, de estruturação do setor com fornecimento de assistência técnica e criação de linhas de financiamento para equipamento de refrigeração e armazenamento, além da inclusão da maçã em programas institucionais de compra de alimentos.