“Estado-cegueira/Estado-escuta” no MAC trata das interrupções dos sentidos

As catarinenses Claudia Zimmer e Raquel Stolf apresentam a partir desta quinta-feira (23), às 19h30, a exposição Estado-cegueira / Estado-escuta, no Museu de Arte Contemporânea
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22/10/2008 - 19:14
Editoria
As catarinenses Claudia Zimmer e Raquel Stolf apresentam a partir desta quinta-feira (23), às 19h30, a exposição Estado-cegueira / Estado-escuta, no Museu de Arte Contemporânea. A proposta transita no modo de olhar e perceber as imagens, assim como na assimilação e coleção de ruídos, barulhos, silêncios e falas entrecortadas. As duas artistas vão apresentar seus questionamentos a partir de fotografias manipuladas, objetos, instalações de vídeo e intervenções sonoras. A mostra tem entrada franca e permanece até 23 de novembro. Com duas séries de três fotografias cada, intituladas de “Mosca Volante I e II”, Claudia reflete a cegueira e a obstrução da imagem pelo receptor, e com duas “caixas para meia paisagem”, ela recria a interrupção no ver a fotografia. “Essas caixas podem ser manipuladas pelo público. Na verdade quero representar o estado que penso a cegueira nas imagens. Não só a física, mas a cegueira de sentimento e raciocínio. Por isso, a opção pela mínima visibilidade, por manchas ou por excesso de sombra ou luz”, explica a fotógrafa, que captou algumas imagens com um vidro manchado sobre a lente da máquina fotográfica. “A parte sombreada da fotografia permite ao espectador criar uma imagem complementar a partir de sua própria memória sobre cada espaço”. Já Raquel apresenta “Cigarra”, uma instalação sonora composta de quatro pedras que emitem o som do inseto. Além de quatro vídeos de intervenção sonora nas cidades de Porto Alegre, Indaial e Florianópolis. “Andei pelas ruas com uma mochila branca, de onde saia o som da cigarra. A recepção do público é diferente nas diversas cidades, mas o som do inseto nas duas capitais causou bastante estranhamento entre os passantes”. O projeto de Raquel consiste ainda no “Mar Paradoxo”, série de 100 panfletos (que serão distribuídos ao público), construídos a partir de um poema num caderno de música. As “investigações práticas e teóricas” das artistas fazem parte do trabalho de mestrado de Claudia e de doutorado de Raquel em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Já a idéia de “estado-cegueira” e “estado-escuta” vêm do conceito de “estado-vídeo” de Philippe Dubois. Segundo Claudia, ele pensa o vídeo como algo mais do que um modo de elaborar imagens. “Ele o concebe como um estado que pensa as imagens, desde a gravação até a recepção pelo público, e os dispositivos que os acompanham. Partindo do conceito de Philippe, meu trabalho nasce da pergunta: É possível representar a cegueira? Se sim, como posso propor e com qual material?”, pergunta Claudia. Para Hélio Fervenza, doutor em artes e professor do Departamento de Artes Visuais no Instituto de Artes da UFRGS, estes dois conceitos são um estado de exposição para o olhar e o escutar. “São dois estados formando-se no cruzamento de sentidos, no intervalo da atenção, naquilo que produz impedimento, mas também naquilo que estende os sentidos”, afirma. Serviço: Estado-cegueira / estado-escuta. Exposição de fotografias, objetos, instalações de vídeo e intervenções sonoras. Abertura nesta quinta-feira, 23, às 19h30 no Museu de Arte Contemporânea (R. Emiliano Perneta, 29). A mostra permanece até 23 de novembro. Horário de visitação: de terça a sexta-feira das 10h às 19. Sábados e domingos das 10h às 16h. Entrada gratuita. Informações: (41) 3222-5172.

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