Espedito Rocha exibe esculturas em mostra no Palacete dos Leões

Artista monta a exposição Luisa Morena a ser aberta dia 17 no Espaço Cultural – BRDE
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13/04/2009 - 15:30
Editoria
Espedito Rocha começou a fazer esculturas na infância. O caçula de nove irmãos, acompanhava os pais Caetano e dona Maria Rosa na lavoura, e foi lá, na macaxeira, que as primeiras formas foram esculpidas. Ele não queria ser lavrador, então saiu à procura de outra profissão. Com 12 anos, Espedito já era sapateiro. Nesta época descobriu sua afinidade pela madeira consertando santos quebrados na sapataria do santeiro Mané Imaginaro. A técnica Espedito foi construindo de forma autodidata e sua alfabetização foi no mundo. Ele estudou até a quarta série. Da infância guarda lembranças que o marcaram profundamente. O garoto, que viu o pai sair para votar, estranhou a apreensão da família, lá em Pernambuco nos anos 30. “O pai vai votar e quem vota contra o governo, eles matam” contou a tia. O garoto só sossegou depois que o pai voltou para casa. “Foi aí que me tornei um homem político, contra tudo o que é poderoso”, explica Espedito que se filiou ao Partido Comunista em 1938 e se tornou dirigente do partido em 1967. Preso e torturado, após 100 dias de prisão foi internado em um hospital, de onde fugiu. O partido abrigou Espedito em São Paulo, na casa de um casal de professores que foi estudar no exterior. Sindival Rodrigues Martins, o dono, fazia esculturas de madeira que ficavam inacabadas. Espedito, resolveu terminar as esculturas do jeito dele e quando Martins voltou de viagem, espantado com o talento do hóspede, não perdeu tempo e o apresentou a Pietro Maria Bardi que foi organizador e autor do texto da primeira exposição de Espedito Rocha, que aconteceu em 1980 no SESC do Carmo na capital paulista. “Espedito Oliveira da Rocha é um desses homens que desafiam as injunções próprias de quem é ligado ao mundo do trabalho. Na cartilha mais difícil, aprendeu a vida por ela própria. Transformou em poema de aroeira, peroba e cedro tudo o que viu e viveu”, relata Pietro Maria Bardi em 1980. Seis anos depois, foi convidado oficial do governo Gorbatchev para ir, na época, à União Soviética. “Eu nem imaginava o prestigio que tinha”, lembra. Em vez do discurso político, usou a arte para expor a revolta contra o que considera injusto. Esculturas como “Boia-fria em Curitiba” e “Retirantes” demonstram o cansaço pelo trabalho pesado e pela vida difícil. Ele se afastou da política, mas ainda recebe muitas visitas de políticos. “Converso mas não dou opinião. Chega uma idade em que a gente não tem o direito de errar porque não dá tempo de recuperar o erro”, comenta. Espedito completou 88 anos e dá à exposição no Palacete dos Leões – Espaço Cultural BRDE o nome de sua neta mais nova, Luisa Morena. Uma de suas obras - Amigos - faz parte do acervo do BRDE. Uma das poucas obras com título. “Se eu der nome às esculturas a tendência é que o público tenha a mesma visão que eu. Cada um deve estar livre para imaginar e entender o que quiser de acordo com a sua vivência”, analisa. As esculturas são “leves”, segundo o artista. A técnica de retirar o miolo nasceu por acaso. “Um dia fui expor na Biblioteca Pública e vi os artistas com o trabalho embaixo do braço. Eu tive que levar em uma Kombi. Depois disso resolvi fazer escultura leve”, diz. Espedito tem grande apego por suas obras. “Algumas eu faço e dou de presente, mas aquelas que eu mais gosto são as que eu coloco o preço mais alto, justamente para que ninguém compre”, conta em meio a risos. SERVIÇO: Luisa Morena Espedito Rocha Abertura 16 de abril às 19hs para jornalistas e convidados Exposição De 17/04 a 15/05 Segunda a sexta-feira, 12h30 às 18h30 Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões Av. João Gualberto, 530/570 (com estacionamento) Alto da Glória – Curitiba -PR Informações: (41) 3219-8056

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