O programa de urbanização e revitalização da Vila Zumbi dos Palmares se complementa com a instalação de equipamentos sociais e atividades que visam a geração de empregos através da formação e capacitação de mão-de-obra que combinam apoio às ONGs, empresas privadas e participação de equipes técnicas da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). “A idéia é reciclar, modelando e transformando estas áreas num novo bairro, levando-as para uma nova realidade, incentivando, inclusive, a instalação de empresas que venham a gerar empregos e contribuir para seu desenvolvimento e auto sustentabilidade”, disse o presidente da Companhia de Habitação do Paraná, Rafael Greca. MAIS SEGURANÇA - O soldado Eduardo Ribeiro dos Santos, que atua em Colombo desde 2000 e hoje presta serviço no módulo localizado na Vila Zumbi, lembra que aconteceram muitas mudanças desde que o governo passou a desenvolver ações no local. “Antigamente, era impossível entrar aqui com viatura quando chovia. Quando era necessário atender alguma ocorrência, era preciso entrar a pé. Nos últimos três anos mudou muito a situação. A presença do Estado nas ações da Vila Zumbi tem sido fundamental na melhoria da qualidade de vida das pessoas e na redução drástica da criminalidade”. Para o soldado, os moradores estão adquirindo a consciência que não vivem mais numa favela e sim num bairro. “Isso melhora a auto-estima deles que passam a se valorizar mais e rejeitar a aproximação com a marginalidade”. Outro fator fundamental, segundo Eduardo, é a abertura das ruas, com obras de pavimentação e urbanização. “Os marginais estão tendo seu espaço de atuação cada vez mais reduzido. Com isso, eles procuram sair na tentativa de buscar outros locais, onde possam atuar. Um dos motivos que contribuiu decisivamente foi a flexilibilização que passamos a ter com a facilidade de circular na área. Hoje, é possível dar uma resposta rápida aos chamados. Antigamente existia uma média de dois homicídio por semana e atualmente é raro. Para o comerciante Paulo Araújo, dono de uma loja de confecções e calçados na rua principal, a melhoria que aconteceu depois das intervenções do governo na Vila é visível. “Os marginais estão se afastando por causa da urbanização. As ruas ficaram mais abertas, com boa circulação e espaço. As ruas ficaram mais livres e claras. Antigamente existia muita rixa entre gangues pela posse do mercado da droga e muita gente morria. Ninguém tinha segurança para sair de casa. Hoje, ainda não está perfeito, porque isso não acontece do dia para a noite, mas é possível ver e sentir que muita coisa já mudou. Acredito que em breve ninguém mais vai lembrar que aqui foi uma favela, porque a Vila Zumbi já é um verdadeiro bairro”. A diretora do Colégio Estadual Vila Zumbi dos Palmares, Silvia Vieira Dias, de ensino fundamental e médio, com 1.200 alunos está no colégio desde o início em 2000, quando começou como professora de matemática. Ela relembra períodos de muita dificuldade. “Cheguei a ter que reconhecer o corpo de uma aluna que havia sido assassinada. Isso é muito triste. As escolas sempre foram alvos fáceis de traficantes. Aqui na Vila, havia semana que acontecia pelo menos três homicídios. Hoje, sabemos que ainda ocorrem, porém é visível as mudanças que já estão acontecendo, principalmente na área mais abaixo, onde existia um beco. A abertura das ruas, a pavimentação e a realocação das famílias fez com que muitos marginais e traficantes se deslocassem para outras regiões”.