Equador pede ajuda do Mercosul e do Brasil para enfrentar crise

Márco Naranjo Chiriboga acredita que seu país será um dos países mais afetados na América Latina
Publicação
10/12/2008 - 14:55
Editoria
O mestre em Economia e funcionário do Banco Central Equatoriano, Márco Naranjo Chiriboga, pediu ajuda dos paises do Mercosul, principalmente do Brasil, para superar a crise financeira mundial. Ele acredita que o Equador, que não tem moeda própria e usa o dólar norte-americano para transações comerciais internas, sentirá os resultados de maneira mais acentuada e será um dos países mais afetados na América Latina. Chiriboga falou na manhã desta quarta-feira (10) durante o seminário internacional Crises: Rumos e Verdades, promovido pelo Governo do Paraná. Ele propôs maior integração e a criação de uma moeda regional para evitar o uso da moeda norte-americana nas transações entre eles. “A única alternativa que nós temos à nossa frente é a integração. Talvez o efeito mais positivo é que a crise econômica atual nos permite pensar seriamente que a única solução para a crise é a integração. O governo do meu país vem propondo em todos os fóruns internacionais a criação de uma moeda regional, que permita exatamente compensar os pagamentos e que não tenhamos que utilizar dólares para pagar ao Brasil, Venezuela ou Argentina”, disse. A falta de uma moeda própria foi apontada pelo equatoriano como o principal motivo das dificuldades enfrentadas pelo país neste período. Segundo ele, além de afetar o mercado externo, o que deve acontecer em todo o mundo, a crise no Equador deve prejudicar também o mercado interno. O país adotou a dolarização no final da década de 90, como forma de garantir minimamente o poder de compra da população, depois da grande inflação e desvalorização do sucre, que até então era a moeda nacional. Segundo Chiriboga, a dependência das exportações de produtos como petróleo (que correspondem à 1/3 das receitas do país) e cacau deve prejudicar ainda mais a economia equatoriana. Cerca de 60% das exportações do Equador são destinadas aos Estados Unidos e União Européia. O economista explicou que o país não possui reservas internacionais, já que os dólares foram usados para troca de sucres com a população, e tem balança comercial desfavorável com os paises da América do Sul. O Brasil, de acordo com ele, é o principal fornecedor de matérias-primas, máquinas e insumos. O economista traçou um paralelo entre os efeitos da atual crise financeira mundial e a Grande Depressão de 1929. Para ele, o que acontece nas bolsas de valores deve refletir no mundo real. Ele citou o economista John Kenneth Galbraith para dimensionar a crise anos 30 e o que pode vir a ser está crise de 2008. “Talvez esta frase seja fundamental para entendermos a dimensão que costumam ter as crises: A Grande Depressão foi o grande evento do século XX para os americanos. Nenhuma das duas Guerras Mundiais, nem a liberalização da energia atômica, nem as viagens à Lua tiveram a dimensão do que significou a crise dos anos 30 para os Estados Unidos”, citou. Para Chiriboga, o maior medo é que a crise financeira atual repita as situações vividas entre 1930 e 1940 no Equador. Na época, o país trocou de governantes 17 vezes e perdeu grande parte do seu território em conflitos com paises vizinhos. Ele explica que a expectativa é, caso o Equador perca todo seu mercado externo com a crise, não restará alternativa senão criar novamente uma moeda própria. O problema, adverte o economista, é que não há credibilidade para fazê-lo e 83% da população acreditam que com o fim da dolarização o país voltará à enfrentar os problemas do passado.

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