Empresários oportunistas querem ganhar dinheiro com a crise propondo a flexibilização de direitos trabalhistas, com mudanças até na CLT. Defendem, por exemplo, a possibilidade de suspensão temporária do contrato de trabalho pelo prazo de dez meses. O trabalhador cujo contrato fosse suspenso teria o direito de receber o benefício do seguro-desemprego, que é pago pelo Governo Federal. Ou seja, não querem assumir o ônus, só o bônus. O momento não é para isso, mesmo porque os trabalhadores não têm tantos direitos como apregoam os maus empresários. Fundo de Garantia, décimo terceiro salário, férias, são direitos conquistados com muita luta e não podem ser usurpados da classe trabalhadora. Crise é sinônimo de desafio e é durante períodos difíceis que a classe empresarial deve pensar em investir, em inovar, fazer parcerias com o governo para preservar os atuais empregos e criar novas frentes de trabalho. Ao adotar medidas como a redução do IPI dos carros novos e incentivar o crédito, com ações junto aos bancos privados e estatais, o Governo Federal está fazendo a sua parte. Mas é preciso que os empresários também façam a sua, não com medidas oportunistas que só visam o próprio lucro. O momento exige esforço, criatividade, bom senso e acima de tudo responsabilidade por parte de todos. É preciso sentar à mesa para discutir propostas e não simplesmente cortar cabeças, acreditando que dessa forma a situação será resolvida. No Paraná, por exemplo, o governo ouviu os empresários pelo estado afora e reduziu a alíquota de 25% e 18% para 12% do ICMS de 95 mil itens dos chamados bens de consumo-salário. Com isso o Estado beneficia os setores de menor renda da população. São 95 mil itens de consumo popular, como alimentos, remédios e eletrodomésticos. Dessa forma, o comércio deve manter o ritmo das vendas. São medidas como estas que precisam ser implementadas diante da crise. Sou contra qualquer ação, oportunista ou não, que venha retirar da classe trabalhadora os direitos conquistados durante anos de muita luta e sacrifício. A situação exige medidas inteligentes entre a iniciativa privada e o governo, para juntos adotarem ações concretas de manutenção e criação de mais empregos. O País hoje não precisa de empresários que vislumbram na crise o lucro fácil, exigindo aporte financeiro federal sem precisar , necessitamos neste momento de bons empresários dispostos a arregaçar as mangas e enfrentar a turbulência do mercado com ações inovadoras e responsáveis. Crise abre portas de oportunidades e aproveitá-las significa crescimento. Enio Verri é deputado estadual do PT, secretário de Estado do Planejamento e Coordenação Geral do Paraná, professor do Departamento de Economia da Universidade de Maringá(UEM) e Doutor em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo.