Emprego doméstico ainda não consta nas estatísticas do trabalho infantil

“Vamos incrementar um grande combate na busca pela solução do problema do trabalho infantil”, diz padre Roque
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27/11/2005 - 06:00
Editoria
Prestes a encerrar um levantamento sobre a questão do Trabalho Infantil no Paraná, o secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, padre Roque Zimmermann fez um apelo à sociedade paranaense nesta sexta-feira (25). “Falta-nos apenas um dado que é muito difícil de obter, o das meninas que trabalham como empregadas domésticas nos lares”. O secretário lamentou a impossibilidade desse diagnóstico e justificou: “Até por força de lei, não podemos entrar nas casas para fazer o levantamento”. Só o Conselho Tutelar de cada município é que tem essa capacidade. “Então, quem souber onde há uma criança trabalhando como babá ou empregada doméstica deve colaborar e denunciar aos Conselhos Tutelares. Façam esta ação cidadã em benefício do futuro do Brasil”, convocou. Ele reconheceu que é preciso que as pessoas trabalhem e sugere que ofereçam emprego para os pais, mães e adultos em geral. “As crianças e adolescentes devem ser isentas de trabalhos pesados, como é caso o de puxar um carrinho de lixo, ou trabalhar em locais insalubres, principalmente em contato com agrotóxicos, nas lavouras”. Padre Roque garantiu que a Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná está determinada na luta pela erradicação do trabalho infantil. A Secretaria está prestes a concluir estudos sobre os locais onde há a maior incidência. “Vamos incrementar um grande combate na busca pela solução do problema”. Estudo - O estudo divulgado esta semana pelo Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil, da Organização Internacional do Trabalho (IPE/OIT) mostra que o Trabalho Infantil no Brasil está diminuindo, mas sua incidência continua sendo alta. O secretário padre Roque apontou que “o trabalho infantil continua sendo hoje uma das grandes pragas que atingem a infância e adolescência brasileira”. Há muito tempo o governo brasileiro vem tentando a erradicação do trabalho infantil e hoje há um empenho redobrado por meio dos vários programas sociais que são mantidos pelo governo. Padre Roque cita os exemplos do PETI, Bolsa-Família, Sentinela, Agente Jovem, Compra Direta e lembra ainda dos programas do Governo do Paraná, onde o governador Roberto Requião criou os programas para atender os mais pobres, como o Leite das Crianças, Luz Fraterna e a Tarifa Social da Água, que “interagem para solucionar o problema evitando que as famílias tenham que usar a mão-de-obra infantil e infanto-juvenil para poder sobreviver”. Padre Roque classificou o uso das crianças no trabalho como uma “questão de cultura da população brasileira”. E criticou: “a população instruída e bem de vida pensa que a solução do problema social dos meninos e meninas infratores ou que causam problemas na sociedade é que eles trabalhem cedo”. Ao contrário dessa filosofia, padre Roque ressalta que “eles devem estudar, brincar, jogar e ter atividades de educação e de cultura, porque criança que começa a trabalhar cedo, nós sabemos pelas estatísticas mundiais, iniciam com um salário muito pequeno e normalmente não têm avanços durante toda sua vida”. Portanto, criança que começa trabalhar muito cedo se transforma num adulto pobre. Criança que estuda bastante, brinca e vive a vida normal, quando passa a trabalhar, tem crescimento salarial, avalia padre Roque. Ele ressalta que há exceções, mas adverte: “Pessoas idosas hoje que começaram a trabalhar cedo e que venceram na vida não podem ser tomadas como exemplo”. Hoje vivemos um tempo totalmente diferente: “O que vemos é uma grande massa de adultos também desassistidos”, conclui.