Os eletricistas da Copel responsáveis pela manutenção e operação do sistema de redes elétricas subterrâneas que atendem o centro de Curitiba aprenderam novas técnicas de trabalho seguro em ambientes confinados e também a salvar e resgatar desses locais pessoas acidentadas ou acometidas de um mal súbito. O treinamento foi realizado nesta quarta-feira (07) na Praça Tiradentes, o marco zero da Capital.
Na rotina de trabalho desses eletricistas, os ambientes confinados são as 1.500 caixas de passagem e câmaras de transformadores subterrâneas espalhadas pela zona central da cidade. Todas essas instalações são freqüentemente visitadas para limpeza e manutenção: muitas delas não têm mais que 4 metros quadrados de área e estão enterradas a 3 metros.
O curso foi ministrado pelo engenheiro de segurança paulista e especialista em técnicas de resgate Eduardo Destro, que abordou situações comuns ao dia-a-dia dos eletricistas, enfatizando a segurança e a utilização de técnicas conhecidas no mundo da espeleologia (exploração de grutas e cavernas). “Essa técnica é uma evolução da prática esportiva, só que hoje já existe um grupo de normas específicas para o segmento de segurança do trabalho”, informa Eduardo.
Perícia
Para garantir o fornecimento de energia e fazer a manutenção dos equipamentos que atendem a cerca de 20 mil ligações elétricas na região central, a equipe de 16 eletricistas chega a passar 5 horas nas instalações subterrâneas.
É um trabalho que exige perícia e preparo para as mais diversas situações. “Há caixas onde a gente encontra lixo que se acumula nos cabos elétricos, gordura e óleo velho descartados por restaurantes e também muito animal morto”, conta o eletricista Carlos Roberto Schimitz, que há nove anos desce diariamente a um desses locais. “As pessoas não percebem que a eletricidade responsável por seu conforto e que permite à cidade funcionar normalmente está ali embaixo, e quando o acesso aos cabos e equipamentos é dificultado por resíduos e dejetos, a demora na manutenção é maior”, alerta Dinarte Zonato, gerente da equipe de manutenção da rede subterrânea.
Gases
Um dos grandes riscos a que estão expostos os eletricistas da Copel é o de inalação de gases tóxicos provenientes da decomposição de lixo, de animais mortos e de vazamentos da rede de esgoto, além da possibilidade de um mal súbito ou desmaio no interior das câmaras.
A empresa dispõe de um sensor capaz de detectar gases como o hexafluoreto de enxôfre (usado como isolante elétrico, sem toxicidade, mas que extingue o oxigênio), o gás carbônico e mesmo a ausência de oxigênio. Já existem no mercado outros tipos de sensores, mais modernos e capazes de detectar seis outros tipos de gases, inclusive os inflamáveis. “Estamos avaliando a necessidade de adquirir esses novos sensores, pois em certos pontos da cidade a rede de gás natural está paralela às nossas câmaras e o risco existe”, afirma Dinarte Zonato.