Economista sugere que EUA tomem medidas de apoio ao mercado interno

Franklin Serrano propõe intervenção efetiva do governo dos Estados Unidos para ajudar os setores prejudicados e estabilizar a economia
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09/12/2008 - 17:51
Editoria
Franklin Serrano, economista carioca que participa das discussões promovidas pelo Governo do Estado disse, ao contrário de muitos outros palestrantes do seminário Crise: Rumos e Verdades, que a aposta na multipolaridade não é, neste momento, a melhor saída para o combate aos efeitos da crise global. A afirmação foi feita nesta terça-feira (9), durante o painel “Crise e o papel da China, EUA, Rússia e Índia”. Ele propõe uma intervenção efetiva do governo dos Estados Unidos para ajudar os setores prejudicados e estabilizar a economia americana. “A política de crédito americana está retraída”, disse. De acordo com o doutor em economia, formado pela Universidade de Cambridge, não houve colapso do dólar e o déficit americano não causou males significativos à economia dos países envolvidos na crise. “Os déficits externos americanos facilitaram e foram bons pra os outros países. Se existe um grupo de economias que querem fazer superávit é bom que exista uma que aceite ter um déficit”, explicou. Segundo Serrano muitos dos países que participam do G20 dependem do dólar. “Por isso é difícil apostar em ações multilateriais”, afirmou. Ele explicou que uma busca por dólares agora atrapalhará as negociações mundiais sobre crédito. “O dólar não está colapsado”, reiterou. “O perigo é chegar nas negociações sob termos muito complicados, porque países como o Brasil estão precisando da estabilidade do dólar muito mais do precisava antes da crise”, disse, alertando para a multipolaridade “simpática”. “Vai ser mais fácil achar aliados aqui dentro do que os interesses nacionais e financeiros deles”, disse. Para Franklin Serrano o que está aprofundando a gravidade da crise nos Estados Unidos é a reticência do Banco Central Americano em destinar recursos públicos para salvar os setores mais prejudicados, como a indústria automobilística, fato que tem gerado discussões no Congresso norte-americano nas últimas semanas. “O Estado deve ter políticas de gerenciamento de crises muito fortes para não criar novos conflitos”, disse, referindo-se ao choque que os empréstimos podem criar entre setores que se sintam mais ou menos beneficiados. “A intervenção do Estado é indispensável”, completou. Segundo Serrano está havendo uma grande confusão sobre o uso de recursos públicos. “Não é hora de punir os acidentados”, disse. Segundo o economista, os Estados Unidos podem sair desta crise mais fortalecidos do que entraram. “A compra de títulos não vai mexer com as reservas americanas”, disse. Franklin afirmou que a retração da política de crédito americana é um problema, já que é o dólar que regula o câmbio internacional. “É preciso que o governo americano aposte em uma política expansionista. O problema é a paralisia política-econômica americana, que está ligada ao período de transição do país”, disse.

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