Franklin Serrano, economista carioca que participa das discussões promovidas pelo Governo do Estado disse, ao contrário de muitos outros palestrantes do seminário Crise: Rumos e Verdades, que a aposta na multipolaridade não é, neste momento, a melhor saída para o combate aos efeitos da crise global. A afirmação foi feita nesta terça-feira (9), durante o painel “Crise e o papel da China, EUA, Rússia e Índia”. Ele propõe uma intervenção efetiva do governo dos Estados Unidos para ajudar os setores prejudicados e estabilizar a economia americana. “A política de crédito americana está retraída”, disse.
De acordo com o doutor em economia, formado pela Universidade de Cambridge, não houve colapso do dólar e o déficit americano não causou males significativos à economia dos países envolvidos na crise. “Os déficits externos americanos facilitaram e foram bons pra os outros países. Se existe um grupo de economias que querem fazer superávit é bom que exista uma que aceite ter um déficit”, explicou.
Segundo Serrano muitos dos países que participam do G20 dependem do dólar. “Por isso é difícil apostar em ações multilateriais”, afirmou. Ele explicou que uma busca por dólares agora atrapalhará as negociações mundiais sobre crédito. “O dólar não está colapsado”, reiterou. “O perigo é chegar nas negociações sob termos muito complicados, porque países como o Brasil estão precisando da estabilidade do dólar muito mais do precisava antes da crise”, disse, alertando para a multipolaridade “simpática”. “Vai ser mais fácil achar aliados aqui dentro do que os interesses nacionais e financeiros deles”, disse.
Para Franklin Serrano o que está aprofundando a gravidade da crise nos Estados Unidos é a reticência do Banco Central Americano em destinar recursos públicos para salvar os setores mais prejudicados, como a indústria automobilística, fato que tem gerado discussões no Congresso norte-americano nas últimas semanas.
“O Estado deve ter políticas de gerenciamento de crises muito fortes para não criar novos conflitos”, disse, referindo-se ao choque que os empréstimos podem criar entre setores que se sintam mais ou menos beneficiados. “A intervenção do Estado é indispensável”, completou. Segundo Serrano está havendo uma grande confusão sobre o uso de recursos públicos. “Não é hora de punir os acidentados”, disse.
Segundo o economista, os Estados Unidos podem sair desta crise mais fortalecidos do que entraram. “A compra de títulos não vai mexer com as reservas americanas”, disse. Franklin afirmou que a retração da política de crédito americana é um problema, já que é o dólar que regula o câmbio internacional. “É preciso que o governo americano aposte em uma política expansionista. O problema é a paralisia política-econômica americana, que está ligada ao período de transição do país”, disse.
Economista sugere que EUA tomem medidas de apoio ao mercado interno
Franklin Serrano propõe intervenção efetiva do governo dos Estados Unidos para ajudar os setores prejudicados e estabilizar a economia
Publicação
09/12/2008 - 17:51
09/12/2008 - 17:51
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