As idéias pregadas pelos defensores da política neoliberal foram rebatidas nesta segunda-feira (12) pelo economista Carlos Lessa durante encontro com a imprensa na Assembléia Legislativa do Paraná. Lessa citou que o discurso mais comum era de que se precisava abandonar o projeto de nação para inserir-se no processo de globalização. “O mundo não é solidário à tragédia social dos países emergentes. Se fosse não se aceitaria que em Uganda 50% das mulheres serão portadoras do vírus HIV em 2010”, citou.
Entre os principais pontos do programa de Lessa para o PMDB, constam a baixa real da taxa de juros para 3 a 4% ao ano, a renegociação da dívida pública e o controle dos investimentos estrangeiros de curto prazo, batizado por Lessa de “Capital Motel”.
Em ralação à baixa de juros, Lessa acha totalmente viável que já que a taxa praticada no Brasil é a maior do mundo e quase três vezes superior à Turquia, segunda colocada no ranking. A redução da taxa de juros vai desafogar as famílias, porque grande parte está endividada e irá sinalizar crescimento aos empresários.
Ele lembrou que tal taxa só beneficia os donos do sistema financeiro, citando que o maior banco privado do Brasil teve 104% de crescimento no ano enquanto a economia ficou praticamente estagnada.
Quanto à dívida pública, Lessa explicou didaticamente que um dono tem um contrato com o emissor que vendeu os títulos, neste caso o emissor é o Tesouro Nacional. Na hora de resgatar compete ao Tesouro pagar, renegociar ou emitir novo título com novos juros, sendo que hoje 55% da dívida pública é pós-fixada com juros diários.
Se o Tesouro emitir novos títulos, calculados sem juros lesivos como os praticados atualmente, isto acarretará numa abertura de linhas de crédito por parte dos bancos.
Já o controle dos investimentos estrangeiros de curto prazo é considerado altamente lesivo e apenas se aproveita das altas taxas de juros. Lessa disse que o controle desses investimentos é praticado por bancos centrais de 15 países. “A Argentina baixou uma resolução em que os investimentos estrangeiros devem permanecer pelo prazo mínimo de um ano país e com resgate do capital feito em várias parcelas”.
Lessa finalizou o encontro lembrando que o partido terá candidato próprio à presidente em 2006 e qualquer que seja o candidato do partido terá o compromisso de defender o programa de governo que foi elabora e aprovado. Ele lembrou ainda que o programa não é fechado deverá receber muitas contribuições para o seu aprimoramento, já que ciclo de debates deverá percorrer todas as capitais brasileiras nos próximos três meses.