Como a crise atingirá as famílias brasileiras? O que fazer para recuperar a economia real, aquela do dia-a-dia? Estas foram algumas questões levantadas pelo economista paranaense Francisco de Assis Inocêncio, nesta terça-feira (9), no seminário internacional “Crise: Rumos e Verdades”, promovido pelo Governo do Estado. Segundo ele, estas perguntas ainda não foram exploradas nos diversos debates sobre o tema e devem ser respondidas e pensadas com enfoque nas pessoas mais simples.
“Não basta, em um fluxo real, você recuperar a capacidade das empresas. É fundamental nós resgatarmos e diminuirmos o grau de endividamento das famílias. As pessoas têm que consumir, mas não basta dar capacidade para elas consumirem, se elas estão endividadas. Nós temos que criar meios para que os recursos cheguem de forma direta às famílias, possibilitando a elas fôlego e nova capacidade de consumo”, disse.
Inocêncio defendeu que para impulsionar o consumo e frear o endividamento é preciso adotar novas práticas tributárias, mais justas e eficientes. O economista considera que o sistema capitalista e neo-liberal colocou o mercado financeiro na posição de sujeito ativo e, agora com a crise, é preciso fortalecer os Estados e municípios. Ele sugere ações locais de enfrentamento dos problemas financeiros mundiais, com investimentos em infra-estrutura, adoção de políticas de fortalecimento do mercado interno e promoção de ajustes na geração de renda. Ele sugere que a União renegocie com os Estados novos arranjos fiscais, principalmente quanto à exigência dos resultados primários. O que, segundo ele, estaria sufocando o desenvolvimento regional.
MISSÃO: Inocêncio atribuiu ao Brasil a missão de servir de modelo e se colocar no papel de novo agente regulador do fluxo financeiro internacional. Para ele, a experiência do País com a crise de 1929 provou a capacidade brasileira de aproveitar momentos críticos, permitindo a evolução da indústria nacional, da produção de petróleo, minério, ferro e aço e da construção de ferrovias, rodovias e portos.
Dos países emergentes, ele cobrou cooperação com o Mercosul e também com países da União Européia. De acordo com o economista, este é o momento das economias emergentes garantirem posição de destaque e diminuírem a redução da dependência em relação aos Estados Unidos e Europa.
Aos empresários cabe, de acordo com o economista, a missão de participar em câmaras setoriais e ajudar na elaboração de alternativas de combate ao desemprego. Ele agradeceu o empenho dos empresários paranaenses com esta visão e os chamou de “heróis da resistência”.
Inocêncio solicitou que o Governo do Paraná organize e realize um fórum nacional e multilateral, para a discussão de soluções locais para a crise, junto com a classe trabalhadora e movimentos sindicais. “Governador Roberto Requião, eu sugiro que na sua pessoa e liderança se estabeleça um fórum, no modelo deste, para estabelecermos uma nova ordem no Brasil”, pediu.