Economista italiano propõe rede de cooperação no combate a crise

Paolo Raimondi defende o desenvolvimento de esforços continentais, com apoio da tecnologia para pequenos projetos globais com foco social, no combate a crise financeira mundial, a qual chamou de “tsunami global”
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08/12/2008 - 19:04
Editoria
Focar os esforços no combate a crise não apenas nas potencialidades econômicas de cada país, mas desenvolver esforços continentais, com apoio da tecnologia para os pequenos projetos globais. Esta foi a proposta do economista italiano Paolo Raimondi, durante a mesa de debates “Crise e Sistema Financeiro Mundial”, promovida na tarde desta segunda-feira (8) durante o Seminário Crise Rumos e Verdades, evento promovido pelo Governo do Paraná, em Curitiba. “É preciso salvar o social”, defendeu, em contraponto à idéia que vem sendo adotada pelos governos de diversos países que estão, segundo ele, destinando recursos estatais para os sistemas financeiros, sem ainda minimizar os efeitos da crise. “O tsunami global parece estimular o pedido de recursos públicos”, disse. Para exemplificar a falta de foco social das primeiras ações dos governos no combate aos efeitos da crise, Raimondi citou as discussões que são feitas na Itália sobre questões das aposentadorias, que geram grandes debates públicos e poucos resultados em favor da população. “Eu me pergunto porque, se pedem 50 euros por mês”. De acordo com ele, o valor destinado pelos governos para socorrer o mercado financeiro já chega a 11 trilhões de dólares. “Os mesmos homens que nos colocaram nesta situação, não podem controlar as soluções”, afirmou. Raimondi propôs que seja promovida, a partir dos primeiros efeitos da crise e as soluções que se possa tomar para combatê-la, uma mudança no panorama do trabalho em todo o mundo. “Perder a realidade é a periculosidade da crise”. O economista considerou perigosa a concentração dos investimentos nos sistemas financeiros em detrimento do que os países são capazes de produzir. “O crescimento no andamento das finanças em relação ao sistema produtivo é canceroso. A bolha especulativa e de derivados financeiros chega a 600 trilhões de dólares”, disse Raimondi, salientando acreditar que a crise era inevitável, consideradas as ações especulativas mantidas nos últimos 20 anos. Para o economista italiano é preciso criar um “World Trade” para gerenciar a crise, suprimir a nacionalidade nas gestões das finanças globais e um sistema de regras sobre os derivados financeiros. “É preciso reforçar a transferência e melhorar as estruturas dos derivados”, disse. Ele defende um novo sistema financeiro mundial - diferente do modelo centralizador proposto pela convenção americana de Breton Woods no ano de 1944, desta vez apoiado na criatividade e alternativas de “Estados empreendedores”. Para controlar esta nova ordem, o italiano propõe a descentralização do dólar como forma de evitar a especulação e taxas mais baixas para investimentos financeiros. “É preciso estabelecer acordos em rede para defender as necessidades das populações e não dos interessas econômicos”, afirmou.