O Produto Interno Bruto (PIB), que mede o valor final dos bens e serviços produzidos, deve crescer 5,8% em 2008 no Paraná, de acordo com estimativa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). O PIB paranaense deve superar o brasileiro, estimado em 5,2% pelo Banco Central.
A projeção do Ipardes para o PIB do Estado é um pouco menor que o crescimento de 2007, estimado em 6%, pois já reflete sinais da crise financeira global nesse último trimestre. Ainda assim, o desempenho paranaense superior à média nacional demonstra que a economia estadual apresenta melhores condições para a superação de situações adversas.
“O importante é que o bom desempenho econômico do Paraná tenha reflexos sobre a população”, analisa o presidente do Ipardes, Carlos Manuel dos Santos, que lembra que o Estado gerou mais de 160 mil postos de trabalho com carteira assinada nos 10 primeiros meses do ano. “É o melhor desempenho paranaense para o período e representa quase 10% do emprego gerado em todo o Brasil no mês de outubro”, destaca.
O Ipardes atribui a estimativa de crescimento ao resultado de um conjunto de políticas aplicadas pelos governos federal e estadual que, somadas, têm um efeito muito mais dinâmico no Paraná em comparação a outros Estados.
“Em âmbito estadual, houve um grande avanço na área tributária com benefícios maiores para as micro e pequenas empresas, as que mais geram empregos”, diz Carlos Manuel. Ele também considera relevantes os investimentos públicos feitos na área de transportes, que melhoraram as condições dos portos e das rodovias.
Outra política estadual que está influenciando o crescimento da economia paranaense é o subsídio dado à energia elétrica em alguns setores da agropecuária e a mecanização do campo. “O programa Trator Solidário teve grande colaboração para que a economia do Estado apresente crescimento”, avalia o presidente do Ipardes.
O coordenador de conjuntura do Ipardes, Julio Suzuki, observa que os fatores econômicos que levam o Paraná a um relevante crescimento da economia em 2008 pode ser atribuído ao quadro macroeconômico propício e vigente até a intensificação das tensões financeiras globais
“São fatores relevantes para o crescimento, o aumento do volume de crédito, propiciado por uma menor rigidez da política monetária; a elevação dos salários reais, conseqüência do aquecimento do mercado de trabalho e da valorização do câmbio; e a manutenção do equilíbrio do balanço de pagamentos, garantida principalmente pela alta das cotações de importantes produtos exportados pelo País.
AGROPECUÁRIA – Em 2008, o Paraná deve bater um novo recorde na produção agrícola, com a colheita de 31,5 milhões de toneladas de grãos, o que corresponde a um aumento de 7,8% em comparação a 2007, ano em que o volume colhido foi de 29,2 milhões de toneladas, o que já havia sido considerado muito expressivo. Os principais resultados de 2008 vieram do crescimento da produção do trigo (58,3%) e do milho (7,8%).
Outro destaque vem da cana-de-açúcar, cujo resultado saltou de 45,9 milhões de toneladas em 2007 para 55,7 milhões de toneladas em 2008, incremento de 21,3%. Na mesma direção, a produção pecuária vem apresentando expansão, distinguindo-se a notável ampliação do abate de aves.
INDÚSTRIA - Com o aumento de 10,9% da produção industrial no acumulado até setembro de 2008, o Paraná ocupa atualmente a terceira posição no ranking nacional. O desempenho também fica acima da variação de 6,5% da indústria nacional nos nove primeiros meses deste ano.
Foi constatado forte crescimento da produção física nos ramos de veículos (34,7%), edição e impressão (32,8%), máquinas e equipamentos (14,7%) e papel e celulose (16,3%), o que evidencia a desconcentração da expansão industrial do Paraná, incluindo não apenas segmentos ligados ao agronegócio como também aos ramos voltados à produção de bens de alto conteúdo tecnológico.
O crescimento da indústria do Paraná em 2008 também refletiu na folha de pagamento real por trabalhador, que cresceu 6,1% no acumulado de janeiro a setembro de 2008.
De acordo com dados da Federação das Indústrias do Paraná, até setembro de 2008, as vendas industriais cresceram 11,41%. Este ano, até outubro, a venda de máquinas e equipamentos superou o resultado de 2007, com aumento de 31,14% contra 25,67%.
Para o economista da Fiep, Roberto Zurcher, o Paraná tem algumas vantagens que tem propiciado crescimento, como a forte produção agroindustrial que ainda não foi atingida pela crise, espalhando renda em todo o Estado.
“Acreditamos que essa projeção deva se confirmar para 2008. Nossa preocupação está centrada na falta de crédito para a próxima safra e para capital de giro e exportações. Esperamos que uma das alternativas seja a queda da taxa de juros, pois não há mais justificativa de controle inflacionário pelo elevado aumento da demanda”, defende Zurcher.
SERVIÇOS - De janeiro a setembro de 2008, o volume de vendas do comércio varejista paranaense avançou 7,7%, com as maiores altas sendo registradas pelos ramos de materiais de escritório e informática (91,5%) e móveis e eletrodomésticos (13,5%).
Para a Associação Comercial do Paraná (ACP), o resultado projetado pelo Ipardes deve se confirmar, apesar de a entidade já estimar efeitos da crise financeira. A ACP projetava um crescimento nas vendas para o Natal em 8% e agora tem uma expectativa de 5%.
“Até setembro tínhamos uma fartura de crédito com massa salarial e nível de emprego em ascensão aliados à boa produção da safra agrícola. Esses resultados somados devem confirmar as estimativas para o PIB de 2008, embora com um final de ano com números mais modestos do que esperávamos”, observa a presidente da ACP, Avani Slomp.
Veja, anexo, tabelas comparativas do PIB