O Consórcio Energético Cruzeiro do Sul – integrado pelas empresas Copel e Eletrosul – está dando início aos trabalhos de regularização fundiária das terras por onde deverão passar as duas linhas de transmissão que farão, a partir de 2011, o transporte da energia elétrica que será produzida pela Usina Hidrelétrica Mauá.
A hidrelétrica está sendo instalada no Rio Tibagi, entre os municípios paranaenses de Ortigueira e Telêmaco Borba e terá potência instalada total de 361 megawatts. O empreendimento está orçado em R$ 1,1 bilhão, valor que inclui os investimentos na construção da usina e das linhas para a transmissão e, também, na implementação de 34 programas socioambientais na região.
As novas linhas, projetadas para operar na tensão de 230 mil volts, irão conectar a central geradora com o Sistema Interligado Nacional por meio das subestações da Copel localizadas em Figueira e Jaguariaíva. A previsão é de que as duas linhas venham a absorver recursos totais de R$ 45 milhões, considerados os investimentos na construção e os custos de regularização fundiária. As obras civis e de montagem eletromecânica para a construção das linhas serão iniciadas já em dezembro.
A linha de transmissão que levará a energia de Mauá até a subestação de Jaguariaíva terá 108 quilômetros de extensão, passando por áreas dos municípios de Arapoti, Curiúva, Jaguaraíva, Telêmaco Borba e Ventania. Já a linha que irá até a subestação de Figueira, com extensão de 43,5 quilômetros, passará por Ibaiti, Curiúva, Figueira e Telêmaco Borba.
Para o superintendente geral do Consórcio Cruzeiro do Sul, Sergio Lamy, a implantação do sistema de transmissão é tão importante quanto a construção da usina: “Por essas linhas que integram o empreendimento Mauá, passará uma quantidade de energia elétrica capaz de abastecer duas cidades do porte de Londrina”, destaca. Assim como a hidrelétrica, as linhas de transmissão integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
Indenizações
Nessa etapa inicial do trabalho de regularização fundiária, os técnicos enviados a campo pelo Consórcio Cruzeiro do Sul entrarão em contato com os proprietários das terras por onde as linhas de transmissão irão passar. Eles poderão continuar utilizando a faixa de terras que ficará sob as redes de alta tensão para atividades como o cultivo de espécies de pequeno porte ou criação de animais, que não comprometam a segurança das linhas nem impeçam o acesso das equipes de manutenção. Por essas restrições de uso e pela ocupação de áreas para a instalação das linhas, os proprietários serão devidamente indenizados pelo Consórcio construtor da hidrelétrica.
“Os valores das indenizações serão negociados e discutidos individualmente com os proprietários e nossa expectativa é de que todo o processo esteja concluído até o próximo ano”, afirma Sergio Lamy. O cálculo das compensações será feito com base em pesquisas de preço realizadas pelo Consórcio para as terras a serem ocupadas pela formação do reservatório da Usina Mauá e, também, nos valores praticados pela Copel e pela Eletrosul para servidão administrativa de outras linhas de transmissão implantadas na região.
A obra
Mais de mil pessoas já estão trabalhando nas obras de instalação da hidrelétrica Mauá. No canteiro, os trabalhadores dividem-se em diversas frentes de serviço, já que as várias estruturas da usina estão sendo construídas simultaneamente.
A frente mais avançada é a de escavação dos dois túneis para desvio temporário do Rio Tibagi – um com 314 metros de extensão e outro com 360 metros. O desvio do rio é necessário para que se faça a limpeza, escavação e regularização do trecho do leito do rio onde será erguida a barragem de concreto. A entrada desses túneis já está sendo concretada e o desvio efetivo do rio está previsto para setembro deste ano. Mais tarde, esses túneis serão fechados por comportas para que ocorra o enchimento do reservatório.
Para levar a água do reservatório até a casa de força da Usina Mauá – aproveitando uma queda bruta de 120 metros – será construído um circuito composto de tomada d’água de baixa pressão, túnel de adução escavado em rocha com 1.922 metros de comprimento, câmara de carga, tomada d’água de alta pressão e três túneis forçados no trecho final.
As escavações de terra estão concluídas nas principais estruturas da usina e, agora, avança as escavações em rocha a céu aberto e subterrâneas. O local da casa de força já está recebendo fundação de concreto, ela ficará na margem direita do Tibagi, próximo à foz do Ribeirão das Antas e será do tipo abrigada, com três grupos de turbinas e geradores.