Documentos de acervo da extinta Dops vão ser compartilhados entre os Estados

Acordo de cooperação entre o Departamento de Arquivo Público do Paraná, vinculado ao governo do Estado, e Presidência da República vai permitir o compartilhamento
Publicação
30/07/2008 - 16:50
Editoria
Um acordo de cooperação técnica entre o Departamento de Arquivo Público do Paraná, vinculado à Secretaria de Estado da Administração e da Previdência, e a Casa Civil da Presidência da República vai permitir que dados, informações e imagens integrantes dos acervos das extintas Delegacias de Ordem Política e Social (Dops), tanto do Paraná como de outros estados, sejam compartilhadas. A integração entre os acervos estaduais e destes acervos estaduais com os arquivos de órgãos da União faz parte do projeto Memórias Reveladas, do governo federal, e que contemplará dez estados – entre eles, o Paraná. Na semana passada, o governador Roberto Requião analisou a minuta do termo de cooperação e autorizou o prosseguimento da parceria. O processo está sendo enviado ao Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, e a data da celebração do convênio será definida em breve. AUXÍLIO - Com a participação no “Memórias Reveladas”, o Arquivo Público paranaense receberá um auxílio financeiro de R$ 57 mil, recursos que virão dos colaboradores do projeto, tais como Associação Cultural do Arquivo Nacional (Acan), Petrobrás, Eletrobrás e Caixa Econômica Federal. O apoio técnico será fornecido pelo Arquivo Nacional. Ao Departamento de Arquivo Público cabe o trabalho de descrição, reorganização e planejamento da digitalização do acervo da extinta Dops paranaense. O acervo da Dops do Paraná é constituído por 92 metros lineares de documentos – são 47.430 fichas individuais, 3.775 pastas individuais e 2.377 pastas temáticas. A delegacia paranaense foi extinta em 1991, durante o primeiro mandato do governador Roberto Requião, quando de forma pioneira no país os arquivos da ditadura foram abertos à sociedade. ABERTURA DEFINITIVA - O principal legado do projeto “Memórias Reveladas” será permitir a integração dos acervos, das mais diversas instituições estaduais e federais, referentes às ações político-ideológicas do aparelho estatal ao longo do século XX, sobretudo relacionados à perseguição a líderes estudantis, políticos e intelectuais durante a ditadura militar dos anos de 1964 a 1985. O espaço físico vai reunir dados, informações e papéis das divisões do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) nos ministérios e estatais, e abrir esse acervo definitivamente ao público. FÁCIL ACESSO - Também será possível a consulta pela internet, e é neste ponto que está a importância do trabalho de digitalização do acervo do Arquivo Público do Paraná. A digitalização das fichas da extinta Dops paranaense, mais do que permitir a inclusão desse acervo no centro de documentação do Arquivo Nacional, vai possibilitar que qualquer pessoa, de qualquer parte do mundo, acesse as informações via computador. Para a diretora do Arquivo Público do Paraná, Daysi Lúcia Ramos de Andrade, a criação do centro vai incentivar a realização de estudos, pesquisas e reflexões sobre um período marcado pela “ação repressora” do Estado brasileiro. “Será um espaço de cidadania”, frisa a diretora. “O centro de documentação tem por objetivo tornar-se um pólo difusor das informações contidas nos registros documentais sobre as lutas políticas no Brasil nas décadas de 1960 a 1980. Nele, fontes primárias e secundárias serão gerenciadas e colocadas à disposição do público. E o Arquivo Público do Paraná se insere já na primeira fase do trabalho”.

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