Documento reforça papel dos governos na integração latino-americana

Avaliação da Chamada Geral pela Integração Latino-Americana será finalizada na próxima quinta-feira
Publicação
13/07/2007 - 17:20
O documento de avaliação da Chamada Geral pela Integração Latino-Americana será finalizado na próxima quinta-feira (19) em reunião do comitê executivo do Fórum Social do Mercosul (FSMSur). “É obrigação dos governos desenvolver um novo tipo de protagonismo, aliando estratégias sociais às de atração de investimentos, fundos compensatórios - fundamentais à integração social do Mercosul, orientados ao desenvolvimento e a adaptação estrutural de regiões mais frágeis”, diz trecho do texto da mesa “cooperação intra-regional social descentralizada” que integrará o documento final da chamada. A reunião de quinta-feira contará com a presença dos representantes das entidades, órgãos e dos movimentos sociais que organizaram a chamada geral. “O documento final com as deliberações e discussões das plenárias, oficinas e mesas de debates será entregue no dia 28 de agosto e estará disponível na internet pelo endereço www.forumsocialdomercosul.org. E a publicação deste documento será feita até o dia 18 de agosto numa reunião do comitê internacional do Fórum Social Mundial em Curitiba”, disse Doático Santos, coordenador do comitê executivo do FSMSur. A reunião começa as 16h, no Hotel Caravelle, em Curitiba. Sistematização - O comitê executivo criou cinco grupos de sistematização das propostas aprovadas e debatidas na chamada geral. Eles se dividiram nos temas cultura, saberes, gente, setores específicos e institucional. O grupo “Cultura” resume as discussões de literatura e identidade latino-americana, hip-hop – cultura e movimento, identidade latino-americana, enciclopédia latino-americana, mídia e poder econômico e democratização dos meios de comunicação. Os países da América Latina - apontou a mesa literatura e identidade latino-americana - devem desenvolver programas de educação que promovam a paz, a convivência entre os sexos, com políticas específicas para a juventude e para as mulheres que são as maiores vítimas da pobreza. “Os governos devem destinar recursos para programas que promovam a paz e não para políticas armamentistas”, defendeu o grupo. As mesas sobre mídia e democratização dos meios de comunicação aprovaram a deliberação pelo “recadastramento de todas as concessões públicas de rádio e televisão no continente”, além do estudo desse mapa para se criar regras claras “para não deixar o apoderamento dessas estruturas por parte de interesses privados”. Educação - O grupo “Saberes” aglutinou os temas: educação e politização dos saberes, sistemas de ensino latino-americanos, informação, conhecimento e software livre, e superação do analfabetismo como afirmação do direito. “As universidades devem enfrentar os seguintes desafios: recuperar o sentido de autonomia (visão de Estado e compromisso com a sociedade); construir um novo projeto pedagógico-acadêmico incluindo a temática latino-americana; evitar parâmetros externos; não esquecer que é preciso formar outro homem”, aponta trecho sobre os sistemas de ensino latino-americanos. “Os cidadãos, governos, movimentos populares e sindicais da América Latina a devem se unir em torno dos esforços pela liberdade do conhecimento, em especial o acumulado nos processos de desenvolvimento tecnológico, da educação, das artes e da cultura. A internet e os meios digitais são fatores de integração por si mesmos”, defendeu a mesa ‘conhecimento e software livre’. O combate ao analfabetismo deve “buscar parcerias para ampliar o processo de superação envolvendo universidades, sindicatos, igrejas, organizações não-governamentais, junto às ações institucionais”. Negros e minorias - O grupo “Gente” sistematiza as discussões do temas: movimento negro; avanços e conquistas do movimento GLTB no Mercosul; ações afirmativas para negros – mídia, educação e mercado de trabalho; migrações, direitos humanos e integração latino-americana; mulheres do Mercosul “frente ampla pelas conquistas de gênero e raça”; territorialidade e cultura indígena na integração latino-americana. “Os movimentos negros têm uma direção que busca uma pauta comum, junto com os demais movimentos, na busca pela igualdade de oportunidades. A intenção é reparar a questão histórica, a dívida social para com a população afro-descendente”, apontaram as mesas que discutiram o tema. Trabalhadores - O grupo “Setores Específicos” está relatando os debates sobre sindicalismo no atual contexto político latino-americano; economia solidária, transporte – ferramenta indispensável para integração do Mercosul; aquecimento global, agroenergia, água e meio ambiente; regularização fundiária, interdisciplinaridade da clínica social, agricultura familiar e transgenia; juventude – casa do estudante universitário; segurança cidadã – sociedade protegida, direitos humanos preservados. A plenária do aquecimento global defendeu a necessidade de se fazer um planejamento integrado entre uso do solo, água, diversidade, ou seja, todos os aspectos que interferem nas questões ambientais. “Há necessidade de que os países que integram o Aqüífero Guarani façam uma gestão integrada, e que possam ser promovidos mais debates para a construção de decisões no destino a ser dado no Aqüífero Guarani. Ele deve ser visto como um bem dos povos que vivem na região”. Já o grupo ‘sindicalismo’ aprovou cinco resoluções: mudanças na estrutura e organização sindical, respeitando sua livre organização e o direito de greve; campanha pela redução da jornada de trabalho; tributação social sobre os bens e rendas; debate sobre a necessidade de aliar as defesas corporativas com as mudanças centrais (sociais, políticas e econômicas); integração e superação de dificuldades que possam ocorrer entre a Alba e o Mercosul. Tríplice fronteira - O grupo “Institucional” relata as discussões e debates dos temas, mesas e plenárias do fórum social da tríplice fronteira; cooperação intra-regional social e descentralizada; a conjuntura econômica, dívida pública e a criação do Banco Sul; a soberania dos povos e a consolidação da democracia na América Latina; privatizações; união do sistema bolivariano e comércio justo. “O terceiro fórum da tríplice será realizado entre os dias 5, 6 e 7 de junho de 2008, em Foz do Iguaçu, com perspectiva de ampliar a participação do Uruguai e Bolívia. O fórum denunciará a militarização norte americana da região, especialmente no Paraguai, sabendo que há interesses internacionais sobre os recursos naturais estratégicos”, aponta o grupo que debateu questões fronteiriças.