Diretor do Banco Central da Venezuela defende integração e soberania sobre recursos naturais

José Félix Rivas identificou na crise econômica uma oportunidade para a América Latina aprofundar uma integração que inclua seus povos
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10/12/2008 - 14:21
Editoria
O diretor do Banco Central da Venezuela, José Félix Rivas, identificou na crise econômica uma oportunidade para os países da América Latina redirecionarem e aprofundarem o conceito de integração que inclua seus povos. Rivas alertou contra os mecanismos da crise econômico-financeira, que pode ser um ajuste para iniciar um novo ciclo na economia global. Ele sugeriu iniciativas de integração para que os países do continente sul-americano não percam a oportunidade de criar uma nova arquitetura financeira. Rivas é um dos palestrantes do seminário Crise – Rumos e Verdades e participou do painel “Crise e a Integração Sul-Americana”, na manhã desta quarta-feira (10). Ele defendeu a união dos governos e também dos povos organizados na integração sul-americana. É preciso incluir o povo nesse processo, o que representa a oportunidade de uma integração de fato e não aquela que beneficia os mesmos de sempre, ou seja “uma integração que desintegra”. O diretor do Banco Central venezuelano sugeriu agilidade em algumas medidas já em curso, como a criação do Banco do Sul e fundos de desenvolvimentos para fortalecer a capacidade produtiva e os projetos sociais. Esses fundos, na visão dele, devem estar desconectados do dólar como moeda e da visão neoliberal, como forma de manter uma América Latina independente e soberana. Rivas disse que a crise, além de financeira, é estrutural, na medida em que vem possibilitando a manipulação de preços das commodities e do petróleo. Para ele, essa crise pode ser uma oportunidade de fortalecimento da complementaridade em prol do desenvolvimento no continente sul-americano. Se essa integração avançar no plano econômico e político, “teremos mais capacidade de negociação com o mercado externo”. Rivas alertou para a possibilidade de estabelecimento de barreiras comerciais. Defendeu ainda o resgate da política petroleira e a soberania sobre os recursos naturais dos países latino-americanos, como mecanismos de suporte de políticas sociais, a exemplo do que está acontecendo na Bolívia. Outra medida sugerida por Rivas é a nacionalização de atividades estratégicas para o desenvolvimento, que permite aos países atuarem de forma soberana sobre elementos como a água, o subsolo, a vida em geral. Numa critica radical às instituições financeiras, Rivas defendeu a revisão do papel das empresas transnacionais que atingem nossa soberania. Em contraponto, defendeu o fortalecimento da complementaridade entre os países da América Latina, como oportunidade para avançar na constituição de um bloco regional com capacidade de negociação. Rivas chamou a atenção para o predomínio do capital financeiro-especulativo e parasitário, que controla, domina e se sobrepõe ao mundo real da economia. Para ele, essa situação demonstra o predomínio do capital fictício sobre o capital produtivo. Rivas citou como exemplo de manipulação a alavancagem do mercado do petróleo, onde em 2007 um barril chegou a valer 18 barris nos mercados futuros. “Evidentemente a lógica é que o sistema se quebre”, afirmou.

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