Cerca de 40 práticas agrícolas para a agricultura orgânica foram apresentadas no Dia de Campo da Olericultura nesta sexta-feira (13) pela turma de alunos da graduação, pós-graduação e mestrado da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os alunos conduziram e apresentaram os experimentos que podem ser aplicadas em olerícolas tradicionais como alface, repolho, cenoura, feijão vagem, pepino, morango, cebola, alho, abobrinha e tomate e em culturas potenciais como a fisalis, um fruto cultivado na Colômbia utilizado na fabricação de geleias e bombons, mas também como uso medicinal no combate ao colesterol e outros males.
O Dia de Campo, realizado na fazenda experimental da UFPR no Canguiri, em Pinhais, contou com a presença de aproximadamente 300 agricultores familiares da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Promovido em parceria com a Emater PR e o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia, o evento tem como objetivo disseminar a pesquisa e os conceitos de agroecologia junto aos agricultores familiares para evitar a contaminação por agrotóxicos das áreas de mananciais de água que abastecem Curitiba e região.
Participaram do Dia de Campo da Olericultura Orgânica o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, o diretor de Ciências Agrárias da UFPR, Amadeu Bona Filho, o diretor do Centro de Estações Experimentais da UFPR, Edilberto Possamai, o engenheiro agrônomo Iniberto Hamerschimidt, da Emater, Filipe Fahrat, do CPRA, do professor Átila Francisco Mógor, responsável pelo evento e do representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no Paraná, Francisco José Leitão.
Para o secretário Valter Bianchini, um saber importante que o governo do Estado e a Universidade quer construir junto com os agricultores é como produzir alimentos e conviver com a natureza e preservar a água. A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento está trabalhando num conjunto de programas e ações que têm como finalidade a transição para uma agricultura mais agroecológica.
Entre eles, Bianchini citou o Programa de Manejo Integrado de Pragas, o Vazio Sanitário que visa o controle da ferrugem asiática que ataca a soja. “Precisamos resgatar a agricultura mais sustentável, que tem séculos de história e que é eternizada pelos saberes populares e agora recebe a contribuição pesquisa e da academia”, disse. E a Agricultura Familiar é a base da agricultura agroecológica porque ela está no dia a dia do campo acompanhando as transformações, acrescentou.
A realização do Dia de Campo em Olericultura Orgânica aconteceu um dia após o encerrado do VI Congresso Brasileiro de Agroecologia e II Congresso Latino- Americano de Agroecologia, realizado em Curitiba. Os congressos contaram com a presença de 4.000 participantes entre pesquisadores, estudantes e participantes do movimento Via Campesina.
Foram apresentados 1.500 trabalhos de pesquisas, dos quais 1.098 serão publicados nos anais do Congresso e estarão disponibilizados em número especial na revista brasileira de Agroecologia. Para o presidente da Associação Brasileira da Agroecologia (ABA), Francisco Caporal, o maior resultado dos dois congressos foi a apresentação de um número elevado de trabalhos científicos e todos com qualidade, ressaltou.
MORANGO ORGÂNICO - Um experimento que atraiu a atenção dos agricultores foi a produção de morango orgânico. Conduzido pela aluna de mestrado, Tatiane Porto, o experimento demonstrou que a produção orgânica pode ser tão produtiva quanto a convencional. No dia de campo o experimento estava produzindo em torno de 500 gramas de frutos por pé.
Isso significa que em um hectare de área (10 mil metros quadrados) é possível plantar 70 mil pés de morango. Com a produtividade alcançada, o morango orgânico pode produzir 35 toneladas de fruto por hectare, produtividade semelhante ao plantio convencional.
Hamerschimidt, da Emater destacou que no início da produção orgânica a produtividade é menor porque o solo ainda está se adaptando, mas depois que ele entra em equilíbrio o resultado é igual.
No experimento da UFPR, a estudante conduziu os canteiros com túnel de plástico para proteger a produção das intempéries climáticas, cobriu o solo para proteger as plantas da umidade e evitar o contato dos frutos com a terra. “Eles são muito sensíveis”, disse a estudante. Ela aplica extrato de algas para aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos.
Um experimento potencial que foi apresentado é o cultivo de fisalis, um fruto semelhante ao tomate, originário da Colômbia, cuja produção orgânica pode ser adaptado às condições de clima e solo da Região Metropolitana de Curitiba. A fruta é doce, utilizada em geleias, sorvetes e bombons. É indicada para uso medicinal porque purifica o sangue, fortalece o sistema imunológico, alivia dores de garganta e ajuda na redução das taxas de colesterol. Também auxilia no combate a diabetes, reumatismo, doenças de pele, bexiga, rins e fígado.
Dia de Campo de produção orgânica reúne 300 agricultores familiares
Cerca de 40 práticas agrícolas para a agricultura orgânica foram apresentadas no Dia de Campo da Olericultura nesta sexta-feira (13) pela turma de alunos da graduação, pós-graduação e mestrado da Universidade Federal do Paraná
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13/11/2009 - 16:20
13/11/2009 - 16:20
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