Convidada para conduzir uma palestra sobre o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e Seus Impactos no Mundo do Trabalho, Gleisi Hoffmann, que é advogada e pós-graduada em gestão de Organizações Públicas e Finanças, explicou a cartilha do governo federal sobre o Programa, que tem como objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil, prevendo investimentos totais de 503 bilhões de reais até 2010.
De acordo com Gleisi Hoffmann, o PAC é composto de medidas que ajudam a recuperar o cenário brasileiro e, ao mesmo tempo, visam proporcionar estabilidade. “Os recursos serão direcionados principalmente para os municípios. Para obras de saneamento e habitação vão ser investidos R$ 166 bilhões. Também é importante destacar que a maior parte dos recursos, mais de 75% deles, vêm de financiamento público e apenas o restante da iniciativa privada” garante a ex-diretora financeira da Itaipu.
O evento foi promovido pela Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social, na tarde de quarta-feira (28). Essa foi a primeira discussão do PAC com o enfoque na área do trabalho, e reuniu representantes de federações e centrais sindicais do Paraná e conselheiros estaduais e municipais do trabalho.
A palestrante ressaltou que o Brasil está conseguindo um rumo de desenvolvimento econômico e de inclusão social e a inflação está controlada. O Programa, segundo ela, vem para fortalecer e acelerar esse quadro favorável.
Essa posição reforçou o discurso do Secretário do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Nelson Garcia, feito na abertura do encontro. “O PAC é um bom começo para a solução do País. Os dados deste ano são muito animadores, mostram um avanço positivo do governo federal nas ações feitas em todo o Brasil, e daqui para frente vai ser ainda melhor. Aqui no Paraná, por exemplo, neste mês tivemos um recorde de intermediações de empregos”, afirma Nelson Garcia.
Gleisi apresentou um CD que acompanha a cartilha e mostrou alguns projetos a serem implantados na região sul do país e no Paraná. Em Curitiba e na região metropolitana, por exemplo, o objetivo é investir 65 milhões em habitação e saneamento.
Em suas considerações finais, Gleisi Hoffmann afirmou que o Brasil pode não ser uma potência econômica, mas é uma potência ambiental. Não se pode comparar o crescimento do Brasil com o de outros países, pois muitos deles não obedecem os direitos dos trabalhadores, ou seja, crescem a custa da exploração do trabalho das pessoas. Assim, os brasileiros devem cuidar e dar valor às suas riquezas.
Debatedores - Após a apresentação do PAC, o encontro foi aberto para os debatedores. A economista Liana Carleial, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), considera o PAC uma grande novidade, pois o governo está chamando para si a responsabilidade que ele realmente tem.
“Não há como fazer um desenvolvimento sem rupturas, a própria história nos mostra isso. Então, analisando pelo ponto de vista do trabalhador, é difícil para qualquer programa caminhar dentro da complexidade que há hoje, devido ao acúmulo de vários anos. Já olhando do ponto de vista econômico é importante que a questão da indústria seja estudada, fazer reflexões sobre a situação atual das indústrias e as condições dos trabalhadores para o Programa alcançar o sucesso”, defende a economista.
Para o economista, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), Carlos Artur Krüeger Passos, o PAC precisa do auxílio de mobilizações, para obter o sucesso. Segundo ele, o Programa está no caminho certo, mas ele precisa andar junto com ações paralelas.
“O Brasil é um país que, há muitos anos, está preparado para crescer, mas apresenta um crescimento pífio. O PAC vem, como o próprio nome já diz, para acelerar esse processo, mas tenho esperança que este seja apenas o primeiro investimento de estímulo para toda a sociedade, e que o país tenha um crescimento econômico juntamente com inclusão social”, opina o professor.
No Paraná, essa foi a primeira discussão do Programa objetivando projetar seu impacto na questão do trabalho, emprego e renda. Os representantes dos trabalhadores, presentes no encontro, avaliaram como positiva a discussão, que favorece a ampliação dos debates. O representante da CUT no Conselho Estadual do Trabalho, Sergio Athayde, afirmou que o debate ajuda a encontrar soluções para problemas ou melhorar algumas situações. “O PAC também tem uma importância muito grande que, se colocadas em prática, as ações pretendidas vão favorecer muito os trabalhadores, em vários aspectos”, defendeu.
Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) - Lançado em janeiro de 2007, é um programa do Governo Federal que engloba um conjunto de políticas econômicas, planejadas para os próximos quatro anos, e que tem como objetivo acelerar o crescimento econômico do Brasil, prevendo investimentos totais de 503 bilhões de reais até 2010.
O PAC se compõe de cinco blocos. O principal bloco engloba as medidas de infra-estrutura, incluindo a infra-estrutura social, como habitação, saneamento e transportes de massa. Os demais blocos incluem: medidas para estimular crédito e financiamento, melhoria na área ambiental, desoneração tributária e medidas fiscais de longo prazo. A meta é obter um crescimento do PIB de 5% ao ano. Esse conjunto de projetos de infra-estrutura pública deverá ajudar a acelerar os investimentos privados.