A Urbs, empresa da prefeitura de Curitiba que administra o transporte coletivo na Região Metropolitana, faz pouco caso com um investimento de R$ 2,3 milhões em Colombo. A empresa se recusa a colocar em funcionamento o Terminal do Guaraituba, construído pelo Governo do Paraná com recursos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do governo federal.
Em ofício enviado em 21 de agosto, a Comec informa a Urbs que o Terminal de Guaraituba está pronto para ser colocado em operação. Em 22 de setembro, em novo ofício, a Comec reitera o apelo: “As obras de adequação do Terminal Guaraituba foram finalizadas (...). Não tendo havido nenhuma nova solicitação por parte da Urbs, acreditamos que a operação possa ser programada imediatamente”.
Mas a Urbs segue se recusando a colocar o Terminal em funcionamento, a não ser que o Estado pague R$ 340 mil mensais para cobrir alegadas despesas de funcionamento. No convênio que firmou com a Comec e a Prefeitura de Colombo para a construção da obra, a Urbs não menciona qualquer pagamento para que operasse o prédio. Com a obra pronta, porém, a empresa mudou de idéia.
O Governo do Paraná reitera que cumpriu tudo o que dele se esperava no convênio assinado para construção do terminal, e não tem mais qualquer responsabilidade sobre ele. Além disso, repudia o descaso com que a Urbs trata os moradores de Colombo, bem como entrevistas feitas por uma emissora de rádio de Curitiba com a clara intenção de responsabilizar o Estado pelo abandono do terminal.
“A prefeitura de Curitiba está politizando a entrada em funcionamento do terminal. Ver o terminal fechado revolta a população e serviu como exemplo político na eleição em Curitiba e Colombo. Essa politização continua diariamente nas rádios de Curitiba e Região Metropolitana, com entrevistas de usuários que culpam o Governo do Paraná por uma responsabilidade que é exclusiva da prefeitura”, afirma o coordenador da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), Alcidino Bittencourt.
Ele explica que o Governo do Paraná investe R$ 120 milhões na melhoria do sistema de transporte coletivo, o que inclui a restauração e a construção de terminais. “Em Araucária, por exemplo, o terminal ficou pronto e está em operação. Mas, em Colombo, a Urbs se recusa a colocar Guaraituba e Roça Grande em operação. Com isso, o Terminal de Alto Maracanã, que está em obras, fica superlotado”, lamenta.
Mas a Urbs exige inexplicáveis R$ 340 mil por mês do Estado para levar treze linhas de ônibus ao Guaraituba, alegando aumento de custo. “Pelo contrário, a entrada em operação do terminal trará economia, pois aumentará a demanda. A tarifa atual é suficiente para arcar com a operação”, explica.
“Além disso, a entrada em operação do Guaraituba diminuirá das distâncias percorridas pelas linhas alimentadoras da região, que hoje vão até o Alto Maracanã. Então, diminui a quilometragem rodada dos ônibus, logo diminui o custo de operação deles”, argumenta Alcidino.
Pior ainda — o descaso da Urbs impede que o Governo do Paraná termine as obras no Alto Maracanã. “O trabalho está 95% concluído. Mas, para terminarmos as obras, precisamos que a Urbs ponha Guaraituba em funcionamento, absorvendo 40% das linhas alimentadoras que hoje funcionam no Alto Maracanã. Com isso, bastam trinta para entregarmos o terminal pronto, garantindo conforto e segurança aos usuários”, diz Alcidino.
“Fizemos nossa parte. Recebemos o financiamento do governo federal para as obras, construímos os prédios. Basta ir até lá e conferir. Agora, esperamos que a Urbs faça a sua parte e permita que as melhorias que fizemos sejam usadas pelos usuários do transporte coletivo”, afirma.
“Entendemos e somos solidários à revolta da população. O dinheiro investido nos prédios é público, parte dos impostos que todos pagamos. Por isso, cumprimos rigorosamente a nossa parte, e esperamos que a Urbs cumpra a sua e bote em operaração os terminais, que estão prontos”, frisa o presidente da Comec.
INVESTIMENTOS — Alcidino explica que o Governo do Paraná investe em 75 quilômetros de ruas e avenidas para melhorar todo o sistema de transporte da Grande Curitiba. Na Estrada da Ribeira, por exemplo, obras aumentam a largura das vias de 7 para 23 metros, com três pistas de rolamento, faixa de acostamento, sinalização e canteiro central.
“É um trecho por onde passam 30 mil veículos por dia. Há 30 anos a população pede as melhorias que estamos fazendo agora. Esta é uma maneira de contribuirmos com o desenvolvimento regional”, afirma.
“Vamos continuar investindo em novos projetos na Região Metropolitana de Curitiba para melhorar o sistema e evitar que as pessoas sejam atraídas pelo uso de automóveis. Queremos aumentar a atratividade do transporte público, contribuindo para também melhorar o trânsito”, acrescenta Alcidino. “Mas a atitude da Urbs faz com que as pessoas desejem ter e usar automóveis. Nas horas de pico, o Terminal do Alto Maracanã é um sufoco, e quem puder deixa de usar o ônibus”, lamenta.
REUNIÃO — Nesta quarta-feira (15), o Ministério Público Federal convocou reunião entre Comec e Urbs para discutir o problema. De acordo com Alcidino, houve um início de entendimento. “Quando se pára para negociar, alguma concessão deverá ser feita. Queremos que a contribuição do Estado num impasse causado pela prefeitura se dê com investimentos públicos na melhoria do sistema integrado do transporte coletivo da Grande Curitiba”, diz.
Alcidino conta que haverá novas reuniões para buscar a solução. “Tenho certeza de que a Urbs acabará por entender e contribuir para que fortaleçamos o transporte coletivo. Acredito que vai prevalecer o bom senso e o respeito ao público”, completa.
Descaso faz Urbs ignorar obra de R$ 2,3 milhões em Colombo
Em ofício enviado em 21 de agosto, a Comec informa que o Terminal de Guaraituba está pronto para ser colocado em operação; pagamento exigido pela empresa da prefeitura não consta de convênio
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16/10/2008 - 16:20
16/10/2008 - 16:20
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