Defesa Civil recebe donativos para ajudar desabrigados da enchente

Morretes foi atingido pela maior chuva nos últimos 16 anos e ainda tem 67 pessoas desabrigadas
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26/01/2004 - 00:00
Editoria
A Divisão de Defesa Civil Estadual informou nesta segunda-feira (26) que as 316 pessoas que ficaram desabrigadas no último fim de semana em Morretes, no litoral do Paraná, começam a retornar para as suas residências. “Iniciamos agora outra etapa dos trabalhos, que é de orientação e ajuda na volta para casa”, disse o capitão Everon César Puchetti Ferreira, chefe da Divisão de Defesa Civil Estadual. Os moradores estão recebendo hipoclorito de sódio (água sanitária) para a desinfecção da água usada para beber, cozinhar e para a limpeza das casas, e a Vigilância Sanitária está instruindo os comerciantes para que tirem de circulação todos os alimentos que foram atingidos pela água. Ainda nesta segunda-feira, a Defesa Civil iniciou uma campanha para arrecadação de alimentos, remédios, roupas e cobertores para os desabrigados, que podem ser doados pelo telefone (41)462-1201 ou diretamente nos quartéis do Corpo de Bombeiros, inclusive os da Região Metropolitana de Curitiba e litoral. Mobilização – Para o atendimento dos desabrigados pelas chuvas em Morretes, a Divisão de Defesa Civil Estadual mobilizou aproximadamente oitenta pessoas neste fim de semana. As dez equipes do órgão, providas de sete viaturas e cinco barcos, contaram também com o apoio do efetivo e de equipamentos do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Comissão Municipal de Defesa Civil. “Estamos treinando e formando estas comissões municipais, que se mostram fundamentais nesses momentos de crise”, salientou o capitão Puchetti. O Rio Nhundiaquara chegou a subir cinco metros, registrando a pior enchente dos últimos 16 anos, afetando cerca de 60% da população do município. A maior parte dos desabrigados ficou alojada na Escola Rocha Pombo, onde ainda estão trinta e quatro pessoas. Outros 23 desabrigados estão na Igreja Santa Rita, na Vila Palmeira. Segundo Maurício Evangelista, do Departamento de Esportes do município, está sendo muito difícil convencer as pessoas de se manter longe de suas residências, mesmo correndo o risco de contaminação por causa das águas paradas. “As pessoas estão ansiosas para voltar para casa para ver se conseguem recuperar alguma coisa, e está difícil de segurá-las nos abrigos. Não sabemos quantos irão voltar esta noite”, explicou Evangelista. Este é o caso da dona de casa Eloísa Alves dos Couto, que morava juntamente com 15 adultos e 11 crianças em um terreno onde havia três casas. Quando ela deixou sua residência a água já batia no meio do peito de Eloísa, e o assoalho do quarto já havia levantado. A mãe e a irmã da moradora voltaram cedo para casa para tentar salvar alguma coisa e ela só permaneceu na escola por causa das crianças, uma delas, um bebê recém-nascido. Mais conseqüências - Uma fila de caminhões com mais de 20 quilômetros está dificultando o trânsito na BR-277. Os caminhoneiros, que carregam soja, trigo e milho, iam em direção ao Porto de Paranaguá para descarregar, porém eles tiveram de interromper a viagem por causa das chuvas. A fila começou a se formar no domingo, a partir das 18 horas. Segundo a assessoria de imprensa do Porto, os silos estão com capacidade esgotada e só serão melhorar quando o tempo melhorar. O caminhoneiro Ivo Justino Alves, há 16 anos na profissão, contou que já encontrou uma fila de onze quilômetros às 20 horas da noite de domingo.