Senhoras e Senhores Delegados,
Senhores Ministros,
Prefeito Beto Richa, autoridades.
Em nome dos paranaenses, dou as boas vindas aos participantes da COP8.
É uma honra ver o nosso Estado sediando esta 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica. Ao saudá-los, faço os melhores votos para o sucesso da reunião. As decisões que aqui vão ser tomadas terão impacto sobre todo o planeta.
Na sexta-feira, encerrou-se a 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. E, ainda mais uma vez, não se impôs aquilo que é a vontade da avassaladora maioria dos países: a clara identificação das cargas que contenham produtos transgênicos.
Houve avanços. A própria posição brasileira foi um avanço. Deixamos a incômoda companhia daqueles que defendiam os interesses das transnacionais para perfilar ao lado dos que se preocupam com a defesa do meio ambiente, da saúde e da soberania das sementes.
Há quem diga que 2012 está logo aí. De fato, não é muito tempo. No entanto, são tantos os adiamentos, as concessões, as conciliações, que todo tempo perdido é uma volta a mais no torniquete que estrangula o nosso planeta.
A verdade é que já perdemos tempo demais. Esperamos demais. Concedemos e cedemos demais. Sempre acham que existe margem de manobra, uma folga, que a situação não é tão dramática assim, que é possível esperar.
Penso, no entanto, que por mais radicais que sejam as decisões, elas não se comparam com o aceleradíssimo ritmo com que se deterioram as defesas do planeta.
Por isso, temos pressa. Ainda assim, no que toca à biodiversidade, nem toda a pressa do mundo, nem todos os esforços e nem todos os discursos serão suficientes para recuperar espécies vegetais e animais que a nossa irresponsabilidade já extinguiu.
Se a MOP3 não teve todo o sucesso desejado, vamos agora esperar que a COP8 avance além das expectativas.
E a expectativa é a indicação e a adoção de medidas e políticas que desacelerem a destruição da biodiversidade da Terra.
Parece um contra-senso. Quanto mais avançamos, do ponto de vista tecnológico, das descobertas científicas, mais agredimos o ambiente em que vivemos.
A tão decantada globalização, esse fim de história anunciado por aqueles que da História não vêem um palmo além do próprio nariz, parece às vezes ter mais ponto de contato com Átila e seus hunos do que com os mundos de Arthur Clark, Júlio Verne ou Isaac Asimov.
Não me parece que sejam civilizadas, avançadas, progressistas as posições daqueles que rejeitam o Protocolo de Kyoto, desdenham o aquecimento global, dão de ombros para o avanço da desertificação, à poluição dos mares, à morte dos rios e destruição das florestas.
Isso é barbárie.
E para conter a barbárie, é preciso pôr diques, defesas, fortificações poderosas ao avanço predador do capital transnacional. Ou fazemos isso ou restaremos aí autocomplacentes, gentis, servis diante do avanço dos novos vândalos.
Para quem queremos o planeta?
Para que os homens nele possam conviver de forma pacífica, fraternal, solidária, realizando seus sonhos de uma vida confortável, saudável? Ou para que as transnacionais realizem os seus fantásticos e insanos lucros?
E poucos países jogam, como o Brasil, um papel tão vital na defesa e conservação da biodiversidade em nosso planeta. Dizem que respondemos por mais de 20% dessa biodiversidade. Logo, nós os brasileiros, devemos ser os mais radicais de todos na defesa do meio ambiente.
Nós, os paranaenses, com apenas 2% do território brasileiro, já estamos agindo assim.
Radicalizamos na luta contra os transgênicos, por entender que os organismos geneticamente modificados também podem constituir de fator de risco para a preservação da nossa biodiversidade. Para avançar nessa luta, na quarta-feira, na ExpoTrade, onde vai ser realizada a COP8, vou assinar a Lei da Rotulagem dos transgênicos.
O Paraná vai ser o primeiro estado brasileiro a ter uma lei própria de identificação dos produtos OGMs. Estão todos convidados.
Ao mesmo tempo, nosso governo vem executando uma política bastante dura para preservar e recompor o meio ambiente paranaense. Paulo, o apóstolo, dizia que de nada vale a palavra sem a obra. No Paraná, o nosso discurso reflete em uma prática diária de defesa da biodiversidade.
E minha experiência, nesses três anos de governo, e já na vez anterior em que governei o Paraná, tem demostrado que toda concessão, que ceder, que conciliar, é a pior atitude de um governante.
Nenhum empresário, nenhum produtor agrícola, nenhuma incorporadora imobiliária procura o governador para oferecer a ele sugestões de medidas protetoras da natureza. Não. Todos querem exceções às regras, flexionar, atenuar as políticas conservacionistas. E se o governante não for duro, de concessão em concessão, acaba contribuindo para destruir um tanto a mais o que já foi tão agredido.
Senhoras, Senhores Delegados, que a COP8 alcance os objetivos que a sobrevivência do homem no planeta exigem. Fomos longe demais na destruição. Que esta conferência de Curitiba marque a data em que o homem começou a reverter o processo.
Bem-vindos e um bom trabalho a todos.
Data:20/03/06 - Íntegra do discurso do governador Roberto Requião na solenidade de abertura da COP8
O governador participou do coquetel realizado no Jardim Botânico, em Curitiba, na noite de domingo (19)
Publicação
20/03/2006 - 10:18
20/03/2006 - 10:18
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