O Sistema de Plantio Direto (SPD) teve início no Paraná em 1972, pela iniciativa de agricultores pioneiros, como Herbert Bartz, de Rolândia (PR), e chegou para ficar. Rapidamente envolveu a pesquisa, indústrias e extensão. Surgiu como principal forma de combater a erosão avassaladora do solo, provocada pela expansão da lavoura mecanizada de soja e trigo.
No sistema convencional, os solos eram revolvidos por sucessivas operações de aração e gradagem, que transformavam a camada superficial em poeira, compactando a parte de baixo, facilitando a erosão, assoreando rios, depauperando, enfim, sua capacidade produtiva.
De lá para cá, o SPD atingiu mais de cinco milhões de hectares no Paraná, 25 no Brasil, 18 na Argentina, 25 nos EUA, 10 na Austrália, alcançando mais de 100 milhões de hectares no mundo. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) tem utilizado o modelo e as máquinas brasileiras para disseminar o sistema, com projetos de agricultura conservacionista em diversos países da África e Ásia Central, na China e Coreia do Norte e, mais recentemente, na América Central e Caribe.
O SPD se baseia em três princípios fundamentais: não revolvimento do solo, mantê-lo permanentemente coberto com palha, e fazer rotação de culturas. Devido à ausência de operações para preparo do solo, há uma sensível economia de tempo, combustíveis, trabalho e custos, o que melhora os resultados econômicos.
Quando o sistema é conduzido com qualidade existem todas as vantagens ambientais do controle da erosão, da recuperação de matéria orgânica, melhorias na biologia do solo e aumento da infiltração da água das chuvas. Tudo isso traz inegáveis efeitos benéficos no médio e longo prazo.
A longa experiência do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) em SPD no Paraná, desde 1975, mostra que existem diferentes tipos de plantio direto, com diferentes graus de sustentabilidade, mas que geralmente têm desempenho superior aos sistemas cujo preparo do solo é feito com revolvimento.
O grupo multidisciplinar de pesquisa em plantio direto do IAPAR considera que o SPD de grãos executado com qualidade, não encontra rivais até o momento, quando o assunto é agricultura conservacionista. Tanto que o sistema tem sido considerado modelo e disseminado pelos quatro cantos do mundo.
Para atingir esse objetivo, o IAPAR propõe que políticas públicas devem ser desenhadas para incentivar os agricultores paranaenses na adoção das alternativas comerciais de rotação de culturas e o uso de plantas adaptadas para a máxima cobertura do solo.
Tais espécies vegetais já foram e continuam sendo selecionadas e melhoradas pela pesquisa e encontram-se à disposição dos agricultores paranaenses. Esse é o caso dos excelentes resultados que vêm sendo obtidos com a alternância de forrageiras em diferentes arranjos de integração lavoura-pecuária.
Algo que preocupa o grupo é que tem havido certo desleixo de uma parte dos agricultores em relação às práticas de conservação de solos, implantadas sabiamente ao longo de três décadas, com o apoio de diversos programas governamentais, que transformaram o Paraná num exemplo mundial nessa matéria. A confiança em demasia no SPD tem levado muitos agricultores a remover terraços e realizar plantio sem respeitar curvas de nível e, em alguns casos, até a favor do escoamento das águas.
Por essas razões, considera-se muito oportuna a iniciativa de se criar, no mês de fevereiro, um grupo de trabalho interinstitucional, envolvendo a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, IAPAR, Emater, Embrapa e Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, para desencadear um programa específico para revigorar, fortalecer e subsidiar ações que promovam a adoção plena do SPD e da agricultura conservacionista no Estado. O grupo de plantio direto do IAPAR está irmanado nessa cruzada. “Plantio direto tem que ser com qualidade!”.
Grupo de pesquisa no Sistema de Plantio Direto do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)
Data: 24/03/09 - "Agricultura que respeita o meio ambiente" - Artigo assinado pelo Grupo de Pesquisa no Sistema de Plantio Direto do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)
Artigo assinado pelo Grupo de Pesquisa no Sistema de Plantio Direto do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR)
Publicação
24/03/2009 - 11:01
24/03/2009 - 11:01
Editoria