Data: 15/02/2006 - Íntegra do discurso do governador na Assembléia Legislativa

Íntegra do discurso do governador na Assembléia Legislativa
Publicação
15/02/2006 - 16:15
Editoria
O governador Roberto Requião participou nesta quarta-feira (15) da sessão que marca o início dos trabalhos administrativos da Assembléia em 2006 Mais uma vez venho aqui prestar contas aos representantes do povo. Relato o que o nosso governo fez nesses três anos de mandato e o que espera realizar neste quarto ano. Acredito que uma das ações mais significativas, das tantas que empreendemos, foi a retomada, a recuperação, a reconquista do Estado. Quando os corifeus do novo liberalismo anunciaram o fim da história e redimensionaram o papel do Estado, não estavam tão simplesmente propondo restrições à intervenção estatal na economia. Foram além. No desenho dessa “Nova Atlântida” desalmada, reservaram ao Estado, quando muito, o papel de síndico para intermediar pequenas desavenças entre vizinhos. Nessa enfurecida e crudelíssima utopia liberal propõe-se o afastamento do Estado de todas as funções a ele agregadas ao longo do processo civilizatório, desde os primeiros ensaios gregos até as revoluções sociais dos séculos XIX e XX. Quer dizer, ao contrário do que, mais uma vez, mal entenderam alguns luminares pátrios, a chamada “reforma do Estado” não se satisfazia com a privatização de empresas públicas. Isso era tão somente parte do processo e não o seu todo. Como corolário das privatizações, temos a renúncia do Estado ao papel de gestor das políticas públicas de saúde, educação, segurança, infra-estrutura. De indutor do desenvolvimento econômico. De promotor do equilíbrio social, reduzindo tanto os desequilíbrios regionais quanto as disparidades entre classes. Principalmente como o atento e generoso protetor dos mais fracos, dos humilhados e ofendidos, das minorias, dos cidadãos com necessidades especiais, sempre tão desamparados nesse mundo em que a competição parece ser o sal da terra. Afinal, quem coloca o cidadão em primeiro lugar, e faz dele a sua razão de ser é o Estado - e não o mercado. Em conseqüência, a defesa do Estado é a própria defesa do cidadão. Afora isso, é a barbárie. A truculência, os ataques raivosos ao Estado transformaram alguns arautos de sua extinção não nos anunciadores da modernidade; e sim nos profetas tenebrosos de um mundo irremediavelmente cindido entre senhores e escravos. De um lado, o mercado e, de outro, as massas subjugadas, desassistidas, despossuídas, despersonalizadas. Em síntese, “desestatizadas”. É interessante anotar que a ressaca da globalização, já de algum tempo, põe freios e rédeas no desmonte do Estado. Verifica-se uma pausa, como que uma trégua. As reações eleitorais, tanto na Europa como nas Américas Latina e Central, comprovam isso. No entanto, é interessante também se registre a quase que impermeabilidade da chamada grande imprensa nacional, dos analistas políticos e dos condutores da nossa política econômica à reação das forças que foram sufocadas pelo pensamento único, pela deificação do mercado. Mesmo que ainda débil, esse sopro parece que não foi sentido por aqui. De nossa parte, nesses três anos de governo, o que nos orientou foi a retomada do Estado, a recuperação do seu papel. A reconquista do espaço da cidadania, aqui compreendida em sua mais remota e completa definição. Mesmo porque não existe diferença entre aquilo que foi conceituado no alvorecer da civilização e o que hoje, contemporaneamente, entendemos como a própria substância da sociedade humana. São valores que permanecem. A retomada do planejamento foi o primeiro movimento do nosso governo para que o Estado recuperasse a sua capacidade de intervenção na realidade. Passados três anos temos, de novo, um grupo de mulheres e homens, altamente preparados, profissionais de primeiríssima linha, pensando o Paraná, identificando deficiências e potencialidades, orientando as ações do governo, a partir de compromissos assumidos por nós com os paranaenses. Para que os serviços públicos de saúde, educação, segurança, saneamento, infra-estrutura pudessem ser recuperados cuidamos não apenas do reequipamento desses setores e sim, também, de sua profissionalização. Para resolver de vez a precariedade do ensino fundamental e médio, demos aos professores um Plano de Cargos e Salários, fazendo do Magistério uma profissão. Contratamos mais de 34 mil professores, por concurso público. E estamos admitindo mais de oito mil servidores, para dar às nossas escolas o suporte necessário. A escola pública paranaense recuperou a qualidade. Basta ver os resultados dos recentes vestibulares para a Universidade Federal do Paraná. Dos aprovados, 39,18% cursaram o ensino médio integralmente nas escolas públicas estaduais. Já 13,1% também freqüentaram o ensino médio em escola pública, complementando o aprendizado em cursinhos. Quer dizer, 52,28% dos aprovados no vestibular da Universidade Federal passaram pela nossa escola pública estadual. Em relação ao último ano do governo anterior, tivemos um avanço de mais 20% na aprovação de alunos que vieram das escolas estaduais. Uma evolução magnífica. Enfim, os filhos dos nossos trabalhadores, dos funcionários públicos, da nossa classe média, dos nossos agricultores, estão recebendo uma formação, estão sendo preparados para competir no mesmo plano com os filhos das classes mais abastadas. Atividades extracurriculares como o Projeto Fera, o Jogos Colegiais e ConCiência dão às nossas escolas um novo colorido, um novo ânimo, uma qualidade nova e mobilizam centenas de milhares de alunos, professores, pais e a comunidade. O Projeto Fera, por exemplo, é uma das mais fantásticas criações de incentivo à cultura, revelação de talentos, congraçamento entre a escola e a comunidade, de reconhecimento e respeito à capacidade inventiva das nossas crianças e dos nossos jovens. A par disso, elevamos substancialmente os investimentos no ensino superior. O Paraná é hoje o Estado brasileiro que mais investe no ensino estadual de terceiro grau. Para este ano, o orçamento do ensino superior é de R$ 748,3 milhões. Da mesma forma, o ensino de terceiro grau está passando por uma ampla e consistente reforma, corrigindo distorções e promovendo avanços para que ele possa atender adequadamente os paranaenses. Os professores universitários também receberam reajustes salariais, o que não acontecia há muitos anos. Contratamos novos professores e mais de 17 mil servidores, entre docentes e pessoal técnico, tiveram sua situação funcional regularizada. E aqui uma outra boa notícia da qualidade do ensino público superior. No último exame de Ordem os bacharéis de Direito formados pela Universidade Estadual de Maringá tiveram um índice de aprovação superior aos formados pelas Universidades Federal e Católica. Na área da Saúde, o grande desafio foi recuperar os investimentos no setor, colocando-o novamente em pé. Pelos nossos cálculos, nos últimos anos do governo que nos antecedeu, foram sonegados mais de R$ 700 milhões de reais de verbas públicas para a saúde dos paranaenses. Na onda da privatização, da terceirização, o sistema de saúde pública viu-se desassistido, desmantelado. Para este ano de 2006, os recursos para a saúde são 129% maiores que há três anos. Somadas, verbas estaduais e repasses, totalizam um bilhão e 263 milhões de reais. Estamos construindo, reformando e ampliando 17 novos hospitais, em todas as regiões do Estado. Ao mesmo tempo, repassamos R$ 25 milhões de reais, por ano, para fortalecer os hospitais regionais. E estamos custeando as atividades dos hospitais de pequeno porte em municípios de menor população. Enfim, queremos que os paranaenses tenham assistência médico-hospitalar perto de onde moram, sem precisar se submeter a viagens de ambulância, à busca de atendimento. As equipes do Programa Saúde da Família também tiveram um aumento significativo. Agora, dos 384 municípios com menos de 100 mil habitantes, 381 já contam com a assistência do Programa Saúde da Família. Como foi compromisso, o Siate está sendo implantado em todos os municípios com mais de 50 mil habitantes. Quer dizer, o Estado do Paraná reassumiu as suas tarefas na área da saúde pública. Faço aqui um parênteses para deplorar a exploração torpe que alguns fizeram com a chamada “crise das UTIs”. Uma esperta manipulação estatística, feita em cima de dados equivocados, passou a atribuir à hipotética falta dessas unidades, um determinado número de mortes. Qualquer morte ocorrida em nossos hospitais, ou mesmo fora deles, passou a ter como causa mágica a falta de UTIs. Ao seu tempo, isso foi desmascarado e a verdade restabelecida. Embora alguns não vacilem em fazer do sofrimento matéria prima para campanha eleitoral. Temos uma outra ótima notícia na área da Saúde: a queda, pelo terceiro ano consecutivo, da taxa de mortalidade infantil. O índice registrado em dezembro passado é o menor dos últimos 27 anos. Os investimentos do governo na saúde da mulher e do recém-nascido obtém excelentes resultados. O aumento do número de hospitais de referência para atendimento das gestantes de alto risco, de 12 para 45 hospitais, o aumento do número de leitos de UTI neo-natais de 169 para 207 leitos e a contratação de outros 34 leitos da rede particular, para atender o sistema público, bem como a ampliação da cobertura vacinal e a disponibilidade de medicamentos e exames, para as mães e seus filhos, também contribuíram para derrubar a taxa da mortalidade infantil. São resultados assim que valem um Governo. Na área da Segurança Pública, o grande avanço foi a implantação do conceito de polícia comunitária, que hoje serve de referência para o país. O Projeto Povo é o modelo dessa nova polícia, próxima do cidadão, presente em seu bairro, conhecida e reconhecida pelos moradores, e facilmente acessível. O Projeto Povo já está presente em todos os 75 bairros de Curitiba e nas 25 maiores cidades do Paraná. Até o final do ano, atingiremos a meta de cobrir as grandes e médias cidades. A Patrulha Escolar é outra vertente da Polícia Comunitária. Hoje, mais de 600 mil alunos em todo o Paraná já contam com esse novo modelo de policiamento, que protege a escola e o seu entorno, e integra, nas ações de segurança, alunos, pais e professores. Foram contratados 2.316 policiais civis, militares, bombeiros e atendentes do sistema 190. Estamos fazendo novo concurso para contratação de outros 1.000 novos policiais militares. Compramos 2.597 novos veículos para a segurança dos paranaenses, assim como reequipamos as Polícias Civil e Militar com novos armamentos. Incorporamos a tecnologia do Geoprocessamento para dar às nossas polícias bases científicas de atuação. Policiais civis e militares tiveram aumento salarial entre 40% e 60%. Temos aqui no Paraná hoje os policiais mais bem pagos do país. E entendemos que isso é uma condição básica para que tenhamos uma polícia eficiente, altamente profissional e íntegra. Enfim, também na área da segurança pública, recuperamos a capacidade de intervenção do Estado. Para acabar de vez com a crônica superlotação em prisões e cadeias, estamos construindo dez novas penitenciárias, que vão triplicar as vagas. Esse esforço de retomada do Estado, de reorganização dos serviços públicos, teve um de seus momentos mais significativos na volta da Sanepar ao controle público, por determinação desta Assembléia, através de decreto legislativo que anulou o pacto de acionistas que dava o controle da empresa ao sócio privado, minoritário. Isso possibilitou que a nossa empresa de saneamento voltasse a investir fortemente na saúde dos paranaenses, expandindo as redes de água e esgoto tratados. Neste ano estamos investindo um bilhão, 981 milhões de reais em saneamento básico. Hoje, 99% da nossa população já recebem água tratada. As cidades com mais de 50 mil habitantes terão 80% do esgoto coletado e tratado. As com até 50 mil, 65%. Essas porcentagens superam o que os organismos internacionais recomendam e transformam o Paraná no Estado com os melhores índices de saneamento. Recuperamos também a capacidade de participação do Estado no planejamento e na execução de obras de infra-estrutura, transporte e energia, setores de que o Estado fora expelido, na maré montante das privatizações, concessões, mamatas e sinecuras. Em mensagens anteriores, descrevi aos senhores as condições de tráfego das rodovias estaduais. Lamentáveis. Pois bem, até o final deste ano teremos recuperado perto de cinco mil quilômetros de estradas, com investimentos superiores a um bilhão de reais. O DER foi reorganizado e volta a prestar um magnífico trabalho aos paranaenses. O Estado readquiriu condições de operar na recuperação, preservação da malha rodoviária estadual, um patrimônio de mais de dez bilhões de reais que estava esfarelando-se pela incúria. Neste 2006, vamos concluir a grande obra de recuperação das rodovias estaduais, de ampliação da malha, de construção de contornos e de duplicação de trechos críticos. Depois de 10 anos de abandono, o Estado voltou a investir na recuperação e manutenção de aeroportos públicos e municipais. Aplicamos R$ 1,5 milhão para recuperação de 7 destes aeroportos e finalização de 12 outros. Ao mesmo tempo, recolocamos o Estado como parte interessada, como sujeito ativo e responsável na questão do pedágio. Mantemos dura luta contra o abuso das concessionárias. Fomos à Justiça com dezenas de ações para reduzir as tarifas. E vamos continuar a briga para sustar os aumentos insuportáveis e estabelecer um preço justo. Compare: entre 1998 e 2002, no governo anterior, as concessionárias pediram, em média, aumentos de 57% na tarifa do pedágio. E receberam exatos 57% de aumento. No nosso governo, as concessionárias pediram 62% e nós autorizamos apenas 6%. O resto dos aumentos foi imposto por ações judiciais. Uma das maiores vitórias do nosso governo foi a recuperação e a moralização do Porto de Paranaguá. De um porto deficitário, sem caixa, sem obras, entregue à ganância de alguns poucos especuladores, temos agora um porto que dá lucros, que bate recordes seguidos. No ano que encerrou, o complexo soja bateu novo recorde de exportação, 12,3 milhões de toneladas, perto de um milhão de tonelada a mais que no ano anterior. A exportação de açúcar, congelados, couros e algodão teve um acréscimo médio de 50%. A exportação de veículos mais do que dobrou, um aumento de 103% em relação a 2004. Os preços competitivos oferecidos pelo nosso porto tiraram a exportação de veículos do porto de Santos. No ano de 2005, o Porto de Paranaguá teve a maior produtividade entre os portos brasileiros, por metro linear de carga postada. Esta produtividade, por exemplo, é duas vezes e meia superior à do porto de Santos, o maior porto brasileiro em extensão de cais. A receita cambial, pelo terceiro ano consecutivo, bate recordes, atingindo nesse 2005 a notável cifra de US$ 9 bilhões, 159 milhões de dólares. Nosso porto está investindo hoje mais de R$ 150 milhões em obras. A construção de um novo silo para granéis sólidos, terminal de fertilizantes, terminais para álcool industrial, a primeira fase do cais Oeste e a remodelação do pátio de triagem. O orçamento do Porto para este ano, aprovado por esta Assembléia, será de R$ 219,4 milhões. Como os senhores podem ver, também aqui o Estado recuperou a sua capacidade de investir, oferecendo para os paranaenses e brasileiros um terminal adequado às suas exigências. É essencial, como acontece na quase totalidade dos países do mundo, dos Estados Unidos ao Japão, que o porto continue público, para que ele não seja açambarcado por alguns poucos especuladores, em detrimento do interesse nacional e dos interesses dos nossos empresários e produtores. Da mesma forma, reaprumada, saneada, e novamente lucrativa, a Copel reafirma-se como a melhor empresa de energia elétrica do Brasil e tem a sua eficiência reconhecida internacionalmente. Assim, ela pode, como foi de sua história, dar uma contribuição decisiva para o desenvolvimento estadual. Temos hoje no Paraná a menor tarifa de energia elétrica do país, praticada por empresas do porte da Copel. Energia barata e abundante é o diferencial de grande importância para se atrair novos investimentos e estimular a ampliação de investimentos já existentes. Com as forças recobradas, a Copel participa da construção de novas usinas, como as duas usinas do complexo Rio Jordão. Lá, ela aplica R$ 500 milhões, em parceria com a iniciativa privada. Uma das usinas, a de Santa Clara, já inauguramos. E a outra, a do Fundão, vamos inaugurar em agosto. Para este 2006, a Copel programa o investimento de mais R$ 553,1 milhões em obras e programas de melhoria, e expansão do sistema de energia elétrica. Em parceria com essa Copel de novo saudável, o governo do Paraná lançou o programa Luz Fraterna, que hoje fornece energia elétrica de graça para perto de um milhão de paranaenses de famílias mais pobres. Como já me referi, o desmonte do Estado afetou fortemente a sua aptidão para planejar. Se isso aconteceu com uma estrutura maior, mais complexa, de maior abrangência como a de um governo estadual, imagine como isso refletiu nas prefeituras municipais, especialmente as das pequenas cidades. Eis aqui uma outra preocupação do nosso governo, nesses três anos, no esforço de recuperação das atribuições estatais, generalizamos a exigências de Planos Diretores municipais para a liberação de recursos. Queremos acabar com o improviso, com as obras desnecessárias, com o clientelismo. Se os recursos são escassos, eles devem ter uma aplicação criteriosa. Ao mesmo tempo, para apoiar as prefeituras, desenvolvemos um grande plano de ações e de obras de infra-estrutura. Foram R$ 758 milhões para melhorar a vida das pessoas em seu próprio local de origem, evitando com isso o inchaço, a hipertrofia das nossas grandes cidades. Neste ano de 2006, vamos aplicar R$ 451 milhões no desenvolvimento urbano, na infra-estrutura dos nossos municípios. Paralelamente, também com reflexo na vida municipal, estamos executando um grande plano de obras públicas, como penitenciárias, educandários, escolas, delegacias, repartições estaduais, que hoje totalizam investimentos de R$ 557 milhões. A verdade é que, por muitos anos, o Estado deixou de construir, de equipar-se, de oferecer aos serviços públicos condições adequadas de funcionamento e de atendimento à população. Somando todos os setores da administração, fechamos o terceiro ano de mandato com mais de R$ 3,7 bilhões em obras e investimentos. Ao mesmo tempo que se reorganizava, estruturava-se, fortalecia-se e recuperava as suas funções, ocupando o espaço necessário na sociedade, segundo o tamanho das necessidades populares, o Estado voltou-se com amor e solidariedade aos mais pobres. Afinal, o Estado só tem sentido se ele tiver uma medida, como princípio, meio e fim os despossuidos, os desassistidos, os desamparados. Já citei dois programas de largo alcance social. A Tarifa Social da Sanepar, que torna o saneamento básico acessível a todos e que chega aos mais pobres com custos plenamente viáveis. Sabendo-se que as doenças provocadas pela falta de saneamento são ainda as que mais demandam o sistema público de saúde, tem-se uma idéia da importância da Tarifa Social da Sanepar. Não só por causa disso, mas sim porque aos mais pobres não se pode negar o direito à água e ao esgoto tratados. Já o Programa Luz Fraterna universaliza o acesso à energia elétrica. Uma conquista da civilização que também não pode ser sonegada aos mais pobres. Além de ser o programa que busca dar dignidade às casas daqueles com menor renda, ele também contribui para a preservação da saúde das pessoas. Completa essas ações o Programa Leite das Crianças, hoje implantado em todos os municípios do Paraná, atendendo 180 mil crianças com um litro de leite, todos os dias. Medições feitas pela Secretaria da Saúde comprovam a eficácia do programa no combate à desnutrição infantil. É emocionante ver os resultados do Programa do Leite. Ao contrário do que pregavam e ainda teimam pregar os nossos novos liberais, cabe sim um papel ao Estado na vida econômica. Assim, se de um lado buscamos resgatar as funções próprias do Estado, de sua natureza, de outro buscamos fazer com que o Estado tomasse iniciativas para estimular, animar as atividades econômicas. Que isso também cabe ao Estado. Na contramão da tendência nacional, aqui no Paraná ousamos cortar impostos, diminuir a carga tributária, trocar os tributos por mais empregos, mais investimentos. Hoje, das 217 mil empresas ativas no Estado, 150 mil estão totalmente isentas do pagamento do ICMS. A faixa de isenção foi ampliada, em dezembro passado. A partir deste janeiro, empresas que faturam até R$ 25 mil reais por mês deixaram de pagar o ICMS. As faixas seguintes também foram alteradas, ampliando-se o corte do imposto. Por exemplo, empresas que faturam acima de R$ 166 mil, pagam apenas 4% de ICMS, sempre levando em consideração a isenção da faixa interior, como no cálculo do imposto de renda. Além disso, isentamos o ICMS nas operações de circulação e transporte dos produtos da cesta básica. Produtos como açúcar, feijão, arroz, leite, macarrão, sal e vinagre chegarão mais baratos à mesa dos paranaenses. Já havíamos reduzido a alíquota para 7% e, agora, zeramos. Reduzimos a alíquota do ICMS sobre as importações de bens de capital pelo Porto de Paranaguá de 18% para 3%, para estimular as nossas indústrias. A carga tributária para compras realizadas para compras realizadas no Paraná foi reduzida de 18% para 12%. Esse estímulo às compras internas repercutiu fortemente em nossa economia. Os grandes grupos varejistas chegaram a fechar seus escritórios de compras em outros Estados e as nossas indústrias passaram a receber mais encomendas. O Programa Bom Emprego, que dilata o recolhimento do Imposto por até oito anos, já fez diferimentos de R$ 2,7 bilhões. Foi esse programa, por exemplo, que acabou de atrair para Campo Largo, na região metropolitana, uma fábrica de embalagens para produtos de longa vida, que vai investir 270 milhões de reais. Este programa tem uma face inédita, em iniciativas semelhantes: quanto mais pobre a região onde for o investimento, maiores os benefícios fiscais. Acrescente-se ainda que o programa de dilação do pagamento do ICMS sobre a conta de energia, por quatro anos, também para investimentos em áreas com menor IDH, está obtendo belos resultados. Igualmente, o Programa Fundo de Aval está conhecendo um sucesso bem além do que poderíamos imaginar. Este programa facilita o acesso do pequeno agricultor ao crédito, já que agora ele tem como avalista o próprio Governo do Paraná. Mais de 30 mil agricultores já foram beneficiados. Para a safra 2005-2006, alavancamos R$ 60 milhões de reais para avalizar os créditos. Ao Programa Fundo de Aval somam-se dezenas de outras iniciativas voltadas ao apoio da pequena agricultura, da agricultura familiar. Esse conjunto de ações busca o fortalecimento de centenas de milhares de empreendimentos agrícolas, procurando viabilizá-las e estabelecer um justo equilíbrio econômico, social e populacional. Nesse sentido, inscreve-se o perdão das dívidas de pequenos agricultores financiados pelo Programa Panela Cheia. Livres desse peso, podem produzir com tranqüilidade e segurança. No final do ano, mais uma vez, houve quem buscasse provocar uma falsa polêmica sobre o número de empregos gerados, com carteira assinada, em nosso Estado. É verdade que aconteceu uma queda, especialmente em dezembro, como ocorre todos os anos, com o encerramento da fase de maior produção das nossas fábricas. Ao lado disso, como reconheceu o próprio Ministro do Trabalho, a política de juros do Governo Federal contribuiu, ainda mais uma vez, de forma gloriosa, para a diminuição da oferta de empregos. De todo modo, os números de geração de emprego, em nossos três anos de Governo, são extraordinariamente positivos. Vejam essa comparação: nos oito anos do governo que me antecedeu, com a vigência de uma política econômica, gêmea univitelina, dessa política praticada hoje, em oito anos, repito, foram gerados no Paraná 37.714 novos postos de trabalho com carteira assinada. Nos três anos do nosso mandato, foram gerados aqui 257.392 novos empregos com carteira assinada. Quer dizer, fica clara a ação do Governo do Paraná, fica evidente o papel das isenções do ICMS, da dilação do recolhimento do imposto, do forte estímulo à pequena agricultura, dos concursos públicos que admitiram milhares de novos funcionários, na criação de mais empregos formais. Gostaria de citar um único exemplo: as 150 mil empresas que hoje não pagam ICMS e que estão contratando mais empregados, como testemunham os sindicatos empresariais e de trabalhadores. E os novos liberais, gente finíssima, queriam e querem que o Estado mantenha-se alheio, duplamente alheio, em relação à economia e em relação aos interesses públicos da saúde, educação, segurança, infra-estrutura. Por último, gostaria de citar às senhoras e aos senhores deputados, a ação do nosso governo em uma outra área extremamente sensível, delicada, em que se pode jogar o próprio destino do homem no planeta: o meio ambiente. Temos agido com dureza, com rigor extremo, em defesa dos nossos recursos naturais, para que a irresponsabilidade e a ganância não levem de roldão o que ainda restou de intocado em nossa paisagem e para recuperar o que foi degradado. Não vamos ceder ou conceder. Não pretendo ser popular ou ser bem votado entre aqueles que, de forma criminosa, insistem em desmatar, poluir, destruir flora e fauna, em nome de um suposto desenvolvimento, que nada mais é que a ante-sala da degradação do planeta. Senhoras, Senhores, É o que tenho a dizer. É gratificante completar o terceiro ano de Governo com a plena certeza da palavra cumprida. Neste último ano do quadriênio vamos completar a obra de reforma do Estado, uma reforma que é justo o oposto do que pregavam aqueles que queriam o poder público demitido de suas funções basilares, ditadas não simplesmente pelas Constituições e sim impostas pela própria evolução das civilizações. Ao mesmo tempo, vamos consolidar a opção que fizemos pelos mais pobres. Água, luz, moradia, alimentação, emprego, segurança, saúde e educação. Quando vemos os índices de desnutrição infantil caindo, quando vemos a taxa de mortalidade infantil desabando, quando vemos os filhos dos trabalhadores ascendendo à universidade, quando vemos aumentar o número de mulheres e homens com a carteira de trabalho assinada, quando vemos resultados como esses, é sinal de que estamos percorrendo o caminho certo. É sinal de que a opção que fizemos não é apenas justa, como já se transformou em uma realidade gratificante. Senhoras, Senhores Deputados Meus agradecimentos, calorosos agradecimentos, à inestimável colaboração desta Casa para que obtivéssemos os êxitos aqui enumerados. Tenho certeza que neste ano legislativo o Governo e a Assembléia continuarão parceiros em favor dos interesses dos paranaenses. Muito obrigado.