Custo do pedágio é repassado para toda cadeia produtiva paranaense

Produtor de alimentos desabafa e diz que gostaria de saber o que é feito com todo o dinheiro deixado nas praças por milhares de motoristas diariamente
Publicação
28/06/2008 - 08:00
Editoria
O reflexo do alto preço do pedágio não pesa apenas no bolso dos profissionais que dependem diretamente das estradas. Basta lembrar que os caminhoneiros são os responsáveis pelo transporte de boa parte da produção nacional — de alimentos a veículos. Ou seja — quase todas as cadeias produtivas e comerciais do Paraná sofrem o impacto das altas tarifas cobradas há dez anos para o motorista poder circular nas rodovias paranaenses. Moisés Borkoski planta batatas em seu sítio em Palmeira, e transporta ele mesmo a produção, no lombo do caminhão, até Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu — sempre pagando pedágio. Ele reclama que a margem de lucro está cada vez mais apertada, atrapalhando os investimentos no negócio e a geração de novos empregos. “Quem trabalha com alimentos e produtos perecíveis não pode repassar os custos do pedágio para o cliente. Depois de colhido, precisamos vender, ou a produção estraga e o prejuízo é ainda maior”, diz. Borkoski gostaria de saber o que é feito com todo o dinheiro deixado nas praças por milhares de motoristas diariamente. “O preço é alto, arde no bolso, e qual é o retorno? Não há terceiras-faixas, boa parte da estrada é com pista simples. Não vemos grandes obras em execução, nem benefícios para os usuários”, argumenta. Marcos Rodrigues é proprietário de uma oficina mecânica às margens do trecho Curitiba-Paranaguá da BR-277. “Hoje, quem passa prefere consertar qualquer problema no caminhão sozinho, improvisando, para ficar mais barato. O que é muito perigoso”, afirma. “ Nosso movimento caiu 50% e eu tive que demitir três funcionários nos últimos anos”, acrescenta.