Cuba vai mostrar programas de agroecologia em Congresso Latino-Americano em Curitiba

Junto com o encontro internacional, haverá ainda um congresso brasileiro; ambos serão realizados em Curitiba entre os dias 9 a 12 de novembro
Publicação
23/10/2009 - 16:40
Editoria
As experiências de Cuba, cuja agricultura foi obrigada a passar rapidamente de um modelo dependente de insumos químicos para um modelo agroecológico com o embargo econômico imposto àquele país em 1962, serão relatadas durante o 6° Congresso Brasileiro e o 2° Congresso Latino-Americano de Agroecologia, que serão realizados em Curitiba entre os dias 9 a 12 de novembro. A professora cubana Nilde Peres faz parte da comitiva de especialistas que vão apresentar seus estudos sobre manejo em agroecologia e alternativas ao uso de agrotóxicos na agricultura. A palestra vai abordar um panorama atual da agricultura de Cuba, a transição do modelo convencional de produção para o agroecológico e as experiências vividas pelos agricultores cubanos durante os quase 50 anos de embargo econômico. Em Cuba, os projetos agroecológicos são bastante difundidos principalmente nas hortas urbanas, prática comum naquele País. Até o início da década, Cuba era um dos países mais dependentes de insumos químicos do pĺaneta. A relação da quantidade de consumo de agrotóxicos por área era superior à dos Estados Unidos. Quando houve o embargo econômico, a União Soviética e países aliados, na época, não conseguiram fornecer os insumos na quantidade que o País estava acostumado a utilizar. Cuba se obrigou, então, a buscar alternativas rápidas para o seu modelo de produção, sob pena de extinguir totalmente a produção de alimentos naquele País. Os centros de pesquisas agrícolas cubanos desenvolveram alternativas como inseticidas microbianos e resgataram as técnicas de compostagem para aumentar a fertilidade do solo. Hoje, grande parte da agricultura cubana é orgânica e os agricultores trocam experiências e tecnologias numa feira, que é mantida até hoje em Havana. Conhecimentos simples de manutenção de maquinários e técnicas de cultivo são repassadas nessa feira. ADESÃO - O 6° Congresso Brasileiro e o 2° Congresso Latino-Americano de Agroecologia já contam com quase 3 mil pessoas inscritas. Os eventos serão realizados nas faculdades Positivo, onde serão apresentados mais de 1.000 trabalhos e quase 350 experiências. Os congressos já contam com 32 expositores confirmados, 13 palestrantes, além de estarem agendadas 6 visitas técnicas em propriedades agrícolas de Campo Magro, Morretes,Colombo, Barra do Turno e São José dos Pinhais, onde funciona o Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA). Também serão feitas visitas ao Mercado Municipal e Feira Orgânica de Curitiba. O evento contará também com a presença de diversos representantes dos países da América Latina como professores, agricultores e estudantes. A abertura dos congressos será realizada pelo governador Roberto Requião. A agrônoma Ana Maria Primavesi, uma das pioneiras em pesquisadoras da agroecologia do País será a homenageada da solenidade. Primavesi é austriaca, mas lecionou na Universidade Federal de Santa Maria (RS) desde quando chegou da Áustria há 60 anos e trouxe conhecimentos de agroecologia. Ela defende que a agronomia não deve competir com as leis da natureza. Segundo o pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) Ivo Melão, um dos organizadores do evento, estão sendo esperados agricultores de todo o Brasil, principalmente oriundos dos assentamentos do Movimento dos Sem Terra (MST). “Isso para nós será de grande importância pois teremos aqui pessoas que poderão passar suas experiências diretas em agroecologia”, afirma. SERVIÇO: Toda a alimentação oferecida nos almoços e nos cafés será orgânica e proveniente da rede Ecovida de Agroecologia. Para mais informações acesse o site www.agroecologia2009.org.br.