Criação da Ferrosul será discutida pelos governadores do Codesul

Ferroeste poderá servir de base para a criação da nova empresa ferroviária dos governos do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
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17/11/2009 - 18:45
Editoria
Os governadores do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que se reúnem nesta quarta-feira (18), em Campo Grande (MS), vão discutir a proposta de criação da Ferrosul, durante o encontro do Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul). A proposta será apresentada e defendida pela governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius. A nova empresa pública teria gestão compartilhada, a exemplo do BRDE, e seria criada para planejar, construir e operar ferrovias e sistemas logísticos nos quatro Estados, integrando-os entre si e com outras regiões do Brasil e de países fronteiriços que, em conjunto, compõem a maior fronteira agrícola do mundo, segundo o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, um dos participantes do encontro. “O projeto de uma operadora ferroviária pública no âmbito do Codesul é conseqüência dos planos de expansão da Ferroeste em direção aos Estados e países vizinhos e do forte movimento social que se criou em torno do projeto, que se tornou irreversível com a entrada do Rio Grande do Sul”, explicou Gomes. “A proposta é juridicamente viável devido à disposição do Governo do Paraná de colocar a Ferroeste, empresa de economia mista do Estado, como base para a criação da Ferrosul. A Ferroeste tem um capital subscrito e integralizado de R$ 388 milhões. É perfeitamente possível que, mediante leis autorizativas, os Estados passem a ser sócios da Ferroeste e, mediante acordo de acionistas, estabeleçamos governança compartilhada com os demais estados do Sul”, afirmou Samuel Gomes. “Os novos ramais da Ferroeste já foram objeto de moções de apoio pelos governadores da região sob a égide do Codesul. Agora, os governadores discutem uma medida mais ousada e estrategicamente consistente, de instituir uma empresa multifederativa para coordenar a integração ferroviária da região, a Ferrosul”, disse Gomes. Para ele, as forças produtivas, econômicas e políticas dos quatro Estados formam uma massa crítica que torna o projeto irreversível. A Ferrosul terá grande musculatura institucional e financeira”, continua Gomes. “Afinal, a Ferroeste é uma das maiores empresas do Sul do Brasil e a de menor endividamento. Nosso endividamento é zero, como aferiu a consultoria internacional PricewaterhouseCoopers, que nos concedeu premiação pelo segundo ano seguido. E, se reavaliarmos nossos ativos, chegaremos a algo em torno de R$ 800 milhões, sem considerar o valor do direito de concessão para construir novos ramais. Além de tudo isso, os novos ramais serão construídos na maior fronteira agrícola do mundo já definitivamente instalada”, diz Gomes. “Logo a Ferrosul será uma empresa extremamente lucrativa, mas que investirá seus lucros na redução do custo de transporte para gerar desenvolvimento econômico e social”, afirma. Durante o encontro dos governadores no Codesul será avaliada a criação de um grupo de trabalho para elaborar os estudos preliminares de viabilização da criação da Ferrosul. SECRETÁRIO - O secretário de Estado do Meio Ambiente, das Cidades, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia do Mato Grosso do Sul, Carlos Alberto Negreiros Said Menezes, disse nesta terça-feira (17), comentando a importância do modal ferroviário, que “acredita piamente que a saída para o transporte de carga brasileiro, principalmente no sentido de tornar mercadorias competitivas no mercado internacional, é a ferrovia”. Para o secretário sul-mato-grossense, “sem dúvída alguma a Ferroeste tem uma representação ímpar nesse processo”. Segundo ele, “a expectativa de que a Ferroeste seja estendida e de que interligue não apenas o Paraná e o Mato Grosso do Sul, mas os quatro Estados do Codesul é a melhor possível”. PARLASUL - O presidente da Ferroeste lembrou que as assembléias legislativas dos quatro Estados apóiam a proposta, através do Parlasul (Parlamento do Sul, que representa as quatro assembléias legislativas da Região). O presidente do Parlasul, deputado estadual Maurício Picarelli (PMDB/MS) entregará aos governadores a Carta de Florianópolis, apoiando a criação da Ferrosul. “Vamos entregar o documento para ajudar a viabilizar esse sonho de integração dos quatros estados por ferrovia”, disse o deputado. Segundo Picarelli, no último encontro do Parlasul, em Florianópolis, foi feita reunião extraordinária da entidade, a pedido da representação do Rio Grande do Sul, para a discussão da proposta de criação da Ferrosul. O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, foi convidado pelos parlamentares para apresentar a proposta de criação da Ferrosul. A partir desta reunião, os parlamentares dos quatro estados integrantes do Parlasul (PR, MS, SC e RS) decidiram elaborar a Carta de Florianópolis de apoio à empresa ferroviária e entregá-la aos governadores no Codesul. O deputado Ivar Pavan (PT), presidente da Assembléia Legislativa do RS, o primeiro gaúcho a assinar a Carta de Nonoai – “a certidão de nascimento da Ferrosul”, segundo Samuel Gomes –, vai participar do encontro dos governadores. A reunião do Parlasul, disse Pavan, trouxe “um compromisso mútuo de todos os presidentes de Assembléias” para “ajustar a posição de cada um e tirar uma posição para ser encaminhada aos governadores”. O deputado disse ainda que o Parlasul espera que “que a região Sul seja contemplada com esse projeto”. Também participam das atividades do Codesul em Campo Grande o deputado estadual Jerônimo Goergen (PP\RS), presidente da Comissão de Representação Externa para a criação da Ferrosul. Esta comissão é integrada pelos deputados Gilberto Capoani (PMDB/RS), Zilá Breitenbach (PSDB/RS), Adroaldo Loureiro (PDT/RS), Raul Carrion (PCdoB/RS) e Fabiano Pereira (PT/RS).