A ONU – Organização das Nações Unidas homologou o processo de reconhecimento do Complexo Energético do Rio Jordão – formado pelas usinas Santa Clara e Fundão – como “Mecanismo de Desenvolvimento Limpo”, ou seja, um empreendimento que evita o lançamento de poluentes e de gases responsáveis pelo aquecimento do planeta. Por produzirem eletricidade de maneira limpa e sustentável, as usinas do rio Jordão acumularão créditos que têm valor no mercado e poderão significar uma receita anual de R$ 10 milhões, ao longo de 21 anos.
“Este é o coroamento de um processo que evidencia os avanços e a correção da política de preservação ambiental implementada no Paraná pelo governador Roberto Requião”, avaliou Gilberto Griebeler, presidente da Elejor – Centrais Elétricas do Rio Jordão, empresa que detém a concessão do complexo e que é controlada pela Copel, em parceria com capitais privados.
“Sediar o primeiro empreendimento hidrelétrico brasileiro reconhecido e habilitado pela ONU para gerar créditos de carbono coloca o Paraná em situação de destaque nacional e na vanguarda da exploração responsável e sustentável dos recursos naturais”, disse Griebeler. Existem no Brasil, em operação, 148 usinas hidrelétricas – um terço delas com potência instalada superior a 50 MW (megawatts).
Griebeler observou que a certificação concedida pela ONU atesta que todo o processo de planejamento, estruturação, construção e produção das usinas do Jordão atendeu às determinações do Protocolo de Kyoto, o mais avançado e rigoroso conjunto de exigências contra as mudanças climáticas na Terra provocadas pela emissão de poluentes. “Recordo que as autoridades ambientais do Paraná consideraram as usinas do Jordão como novo parâmetro para as obras do gênero que viessem a ser construídas no Estado”, anotou. “Assim, respeitadas as diretrizes de sustentabilidade ambiental e social definidas por Requião como requisitos essenciais para o licenciamento de futuros empreendimentos, creio que em futuro próximo teremos mais hidrelétricas paranaenses habilitadas a negociar créditos de carbono”.
CRÉDITOS - O mecanismo dos créditos de carbono foi criado no final de 1997, quando foi aprovado o texto da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – mais conhecido como Protocolo de Kyoto. Esse documento estabelece metas aos países desenvolvidos para que reduzam gradativamente o volume de emissão de gases que provocam o efeito estufa. Os créditos de carbono surgiram como uma forma de quem não alcançar os níveis de redução pretendidos compensar sua falta comprando tais créditos, originados em países em desenvolvimento.
“Nos termos do Protocolo, os países desenvolvidos se comprometeram a, no prazo de 20 anos, reduzir suas emissões a patamares 5,6% abaixo dos índices globais medidos em 1990”, explica Gilberto Griebeler. “É uma meta ousada, sem dúvida, e irá requerer esforço, investimento e, acima de tudo, grande demonstração de consciência ecológica”, acrescenta.
Em razão do compromisso assumido com a adesão ao Protocolo de Kyoto, o passivo ambiental de países altamente industrializados e muito poluidores acaba resultando em receitas que irão ajudar a sustentar projetos ambientalmente corretos e sustentáveis implantados em países como o Brasil. Tais projetos geram créditos proporcionais à quantidade de poluentes que deixam de lançar na atmosfera e valem um bom dinheiro: em 2006, segundo aponta um relatório do Banco Mundial, o mercado de créditos de carbono movimentou o equivalente a 30 bilhões de dólares.
Para gerar créditos de carbono negociáveis no mercado, os projetos precisam ser auditados, certificados e aprovados pelos comitês da ONU – e foi isso o que acabou de acontecer com a Elejor. “Recebemos uma homologação atestando que as hidrelétricas do rio Jordão retirarão do ar o equivalente a 266 mil toneladas de carbono ao ano, uma quantidade de poluentes que hipoteticamente seria lançada na atmosfera por uma termelétrica para produzir quantidade de eletricidade semelhante”, comparou Gilberto Griebeler. “Outra analogia possível é imaginar que para tirar do ar todo o carbono seqüestrado pelas nossas usinas seria preciso plantar, a cada ano, nada menos que 53 mil árvores”, completou.
O Complexo Energético do Rio Jordão, localizado na região Centro-Sul do Estado, totaliza capacidade instalada de 246 MW e é integrado por duas hidrelétricas, ambas com 120 MW de potência: Santa Clara, inaugurada em agosto de 2005, e Fundão, que iniciou operação em junho de 2006. Incorporada às respectivas barragens, operam duas PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) que agregam 6 MW de potência ao conjunto. Para gerar energia, a Usina Santa Clara opera um reservatório com superfície de 25 km2, enquanto a de Fundão conta tem um reservatório de regularização com 2,5 km2 de área.
Os investimentos no empreendimento chegaram a R$ 500 milhões, incluindo a execução e implementação de 33 programas destinados a reduzir ou compensar impactos e promover a inserção social, ambiental e econômica do empreendimento na sua região de influência.
Créditos de carbono das Centrais Elétricas do Rio Jordão são reconhecidos pela ONU
Primeiro empreendimento hidrelétrico no Brasil a receber certificação para negociar créditos por seqüestro de carbono é do Paraná
Publicação
02/06/2008 - 16:38
02/06/2008 - 16:38
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