Copel vai testar sistema que permite telefone e internet por rede elétrica

Em breve, 300 domicílios experimentam conexão de computador, em banda extralarga, e telefone por fio de luz
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27/02/2008 - 17:10
Editoria
A Copel começa, nos próximos meses, instalação e teste de equipamentos que permitirão a um domicílio ter acesso, em banda extralarga, à internet e a serviços de telecomunicações, utilizando a fiação de energia elétrica como caminho. O objetivo é avaliar, em situação normal de uso, o comportamento e o desempenho de equipamentos de última geração na tecnologia PLC – iniciais de powerline communications, ou comunicação por linhas elétricas. Os testes serão conduzidos pela Superintendência de Telecomunicações da Copel, numa cidade paranaense ainda a ser definida, com a participação de 300 usuários de diferentes perfis (residências, estabelecimentos comerciais e de serviços), que durante um ano irão usar o PLC. Essa tecnologia transforma a rede elétrica do domicílio numa rede de dados, fazendo das tomadas de energia nas paredes portas de entrada para serviços como telefonia, conexão com internet e TV a cabo. O desempenho do sistema será monitorado e avaliado permanentemente pela Copel, que investirá R$ 1 milhão na compra dos equipamentos necessários. “Pretendemos abrir licitação para aquisição dos equipamentos até 10 de março”, adianta Orlando César de Oliveira, coordenador do projeto. “A idéia é testar em condições normais de uso a confiabilidade, qualidade, estabilidade e desempenho dessa tecnologia e, ao mesmo tempo, detectar e dimensionar as adaptações necessárias na rede elétrica existente para adequá-la da melhor maneira a essa nova aplicação.” APRIMORAMENTO – Segundo informações do coordenador, existem no mundo quase cem indústrias fabricantes de equipamentos com a tecnologia PLC para redes de acesso e de dados. “Há mais de 700 empresas envolvidas com o aprimoramento da tecnologia ou que já comercializam serviços de acesso via PLC, fazendo da fiação elétrica interna do domicílio e dos condutores que percorrem as ruas o meio físico para conexão de serviços de voz e dados”, observa Orlando Oliveira. Ele argumenta que o sistema PLC já é realidade em mais de 40 países e vem sendo explorado comercialmente em pelo menos 20 deles. “Nos Estados Unidos, os decodificadores que permitem conectar um domicílio ao mundo via PLC são vendidos até em supermercados e custam o equivalente a R$ 200, aproximadamente”, exemplifica. “Com o PLC, é possível transformar toda a rede elétrica interna de uma casa em rede telefônica ou de acesso à internet, sem necessidade de extensões e conexões”. PIONEIRISMO – Em 1998, a Copel tornou-se a primeira concessionária de energia do Brasil a obter autorização da Anatel para atuar também na área de telecomunicações. E desde o começo da década ela vem acompanhando a evolução tecnológica dos sistemas PLC: em 2001 a empresa testou pioneiramente no país as conexões por meio da rede elétrica num grupo de 50 domicílios de Curitiba, utilizando equipamentos cedidos mediante convênio de cooperação com uma empresa da Alemanha. Por seis meses, os usuários puderam experimentar acesso à internet por banda larga, telefonia, vigilância, segurança e automação das instalações elétricas internas – tudo pela rede de energia da Copel. Os testes, realizados para validar e avaliar o funcionamento do PLC dentro dos padrões construtivos de redes elétricas adotados no Brasil, concluíram pela viabilidade da tecnologia desde que ela pudesse ser aprimorada, de forma a poder competir com as alternativas existentes no mercado – notadamente conexões por linha telefônica dedicada (ADSL), cabos de sistemas fechados de TV e sinais de rádio. “Nessa experiência pioneira, os equipamentos utilizados eram de primeira geração e ofereciam capacidade de transmissão de apenas 2 MB (megabytes)”, relata Orlando Oliveira, que participou diretamente do projeto. “Agora podemos dizer que estamos na terceira geração da tecnologia, que permite atingir até 200 MB”. Para os experimentos que serão iniciados na segunda metade deste ano, a Copel adotará conexões com capacidade de até 100 MB. UNIVERSALIZAÇÃO – Esse teste será de extrema importância não apenas para a Copel mas para o país, pois poderá indicar a solução para um dos maiores obstáculos à universalização do acesso da população aos serviços de telefonia e à internet em banda larga, que é a chamada “última milha” – a extensão da rede de telecomunicações até a porta do cliente final. Caso os testes venham a comprovar que o PLC pode ser uma alternativa viável do ponto de vista técnico e econômico, a tecnologia poderá se constituir no meio através do qual a Copel – ou qualquer outra empresa de telecomunicações que não disponha de rede de acesso local – possa prestar serviços ao consumidor final, promovendo a concorrência no setor e garantindo, dessa maneira, serviços de melhor qualidade a preços módicos e justos. Uma vantagem adicional da tecnologia é que o PLC também permitirá monitorar e operar remotamente os equipamentos da rede elétrica, melhorando ainda mais a qualidade dos serviços tradicionalmente prestados pela Copel.